Verônica estava se preparando para sair para o almoço quando seu celular começou a tocar, era Paulo.
"Oi, Paulo." - Verônica atendeu. "Não, ainda não me ligaram." - respondeu. "O que aconteceu? Se acalme." - respirou fundo. "Certo, vou ver se consigo ir até lá e te aviso." - desligou.
Respirou fundo e caminhou até a sala de Anita, que estava como sempre ocupada, imersa em algo em seu computador.
"Oi, escrivã." - Anita disse, vendo Verônica adentrando sua sala, com o tom de voz autoritário que usava apenas para mostrar que era sua chefe.
"Preciso ir à escola do meu filho." - Verônica falou, e Anita arqueou a sobrancelha. "É sério, ele aprontou alguma coisa lá e eu preciso ir assinar a suspensão dele."
"E por que o seu maridão não vai?" - Anita debochou, rindo.
"Ex-maridão." - Verônica corrigiu. "Porque aquele lá é uma porta, apesar que uma porta tem mais serventia que ele." - Anita riu da forma como Verônica respondeu.
"Vá lá, escrivã." - Anita cedeu, sem argumentar. "Mas quando voltar, preciso de um favor." - pediu, e Verônica apenas sorriu, saindo da sala.
Verônica subiu em sua moto e saiu em alta velocidade rumo à escola de Rafael. Não tinha entendido completamente o que Paulo falara ao telefone, apenas que Rafael havia aprontado e a diretora estava esperando um dos pais ou responsáveis para assinar a suspensão do garoto.
NA ESCOLA
Chegando à recepção do colégio, foi conduzida até a sala da diretora, onde Rafael estava sentado cabisbaixo, enquanto uma senhora lia algo na mesa, segurando os óculos para enxergar melhor.
"Com licença." - Verônica falou na porta da sala, ganhando a atenção da diretora e de Rafael.
"Sente-se, por favor." - A diretora pediu, e Verônica o fez, sentando ao lado de Rafael.
"Então, o que aconteceu?" - Verônica perguntou, mantendo a postura séria.
"Bom, senhora Torres..." - A diretora começou. "Rafael já assinou 3 advertências por mau comportamento só neste mês, estava ciente de que mais uma irregularidade resultaria em suspensão de uma semana." - Verônica assentiu, embora não soubesse das advertências assinadas pelo filho. "Hoje, Rafael ultrapassou qualquer limite, algo inaceitável em nossa instituição. Ao ser repreendido pelo professor de matemática por conversar durante a aula, ele surtou e ameaçou o professor de morte."
Verônica apenas arregalou os olhos, surpresa.
"Peço desculpas pelo ocorrido, senhora diretora. Essa não é uma atitude condizente com a maneira como Rafael foi criado. Estou aqui para assinar a suspensão dele e terei uma conversa mais séria com ele em casa." - Verônica respondeu, com a indignação fervendo dentro de si.
A diretora passou o documento de suspensão para que Verônica assinasse, Rafael continuava cabisbaixo, embora nem um pouco arrependido. Saíram da escola, e o caminho até em casa foi de silêncio. Verônica nunca partia para a agressão como Paulo, sempre dava espaço para compreender o que levava os filhos a agirem daquela forma e, claro, colocava-os de castigo, tirando computadores, celulares e videogames.
"Me conta, o que aconteceu para você agir daquela forma com o professor, Rafael?" - Verônica sentou-se no sofá ao lado do garoto.
"Ele tava enchendo o saco." - Rafael se limitou na explicação.
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Consequências - Veronita
General FictionRafael Torres, 16 anos, diagnosticado com transtorno de conduta, cujos sintomas surgiram na infância. Seus comportamentos inquietos e a aparente frieza calculista geram preocupações tanto em sua família quanto nos profissionais de saúde mental. Apes...