Consequências - Veronita

Capítulo 35

"Hora do óbito 8:32 am." - O médico anunciou.

Na sala de espera do hospital estava a namorada de Paulo ao lado de Verônica em uma atmosfera densa, onde o tic-tac do relógio na parede ecoava como um lembrete constante do passar do tempo naquela manhã.

O médico, com expressão grave, saiu da sala de emergência, onde lutara incansavelmente para salvar a vida de Paulo. Seus olhos cansados carregavam a notícia que estava prestes a compartilhar.

Ele se aproximou de Verônica, cujo rosto pálido refletia a ansiedade e a preocupação. Ao lado dela, segurando sua mão com firmeza, estava a namorada de Paulo, cujos olhos estavam marejados de lágrimas, aguardando desesperadamente por qualquer sinal de esperança.

O médico respirou fundo antes de começar, escolhendo cada palavra com cautela, sabendo que sua mensagem seria devastadora. "Senhoritas, primeiro gostaria de expressar minha mais profunda empatia pela situação que estão enfrentando." - ele começou, sua voz calma e compassiva, mas carregada de tristeza. "Infelizmente, após todos os esforços e procedimentos realizados, não pudemos reverter os danos causados pelo ferimento na cabeça que Paulo sofreu."

Ele pausou por um momento, permitindo que suas palavras fossem absorvidas, antes de continuar com uma explicação mais técnica e detalhada. "O tiro que atingiu Paulo na cabeça causou danos irreversíveis ao cérebro. Ele sofreu um trauma craniano severo, que resultou em hemorragia intracraniana e lesões extensas nos tecidos cerebrais. Apesar de todos os recursos médicos disponíveis e dos esforços incansáveis da equipe, o comprometimento neurológico era tão grave que seu estado se deteriorou rapidamente."

Os olhos das duas mulheres se encheram de lágrimas, enquanto o médico continuava, oferecendo apoio e consolo da melhor maneira que podia. "Neste momento, Paulo se foi. Ele partiu em paz, sem dor, e queremos que saibam que tudo o que podíamos fazer foi feito para tentar salvá-lo."

Ele parou novamente, permitindo que a notícia fosse totalmente compreendida antes de oferecer sua presença e apoio em meio à dor. "Se precisarem de qualquer coisa, por favor, saibam que estamos aqui para ajudá-las em qualquer capacidade que pudermos. Sintam-se à vontade para me procurar se tiverem alguma dúvida ou precisarem de mais informações. Neste momento, é importante que se apoiem mutuamente e encontrem conforto na presença umas das outras."

Na casa dos Torres, Davi estava sentado ao lado da cama de Lila, finalmente viu os olhos da garota se fecharem em um sono profundo e tranquilo. Um suspiro de alívio escapou de seus lábios, sabendo que ela finalmente encontrara um pouco de descanso após uma noite tumultuada. A luz fraca do abajur iluminava o quarto, criando uma atmosfera serena e tranquila. O silêncio da manhã era interrompido apenas pelo suave som da respiração de Lila, que vinha em pequenos suspiros regulares.

A noite havia sido longa e cansativa para Davi. Lila não conseguira fechar os olhos desde que recebera a notícia do estado crítico de seu pai. Ele havia permanecido ao lado dela, oferecendo conforto e apoio da melhor maneira que podia, mesmo que suas próprias preocupações e temores estivessem presentes.

Foi nesse momento de relativa calma que o seu celular começou a tocar, quebrando a tranquilidade do quarto. Davi estremeceu ao ver o nome de Verônica na tela. Ele hesitou por um momento, sabendo que a ligação poderia ser tanto de boas ou más notícias, mas finalmente atendeu, afastando-se silenciosamente do quarto de Lila para não perturbá-la.

"Alô, Verô?" - ele disse, sua voz um sussurro tenso.

"Davi, Oi."" - veio a voz de Verônica do outro lado da linha, carregada de tristeza e pesar.

Davi apertou o telefone com força contra o ouvido, preparando-se para o que estava prestes a ouvir, seu coração apertando-se com antecipação.

"É sobre o Paulo..." - Verônica começou, sua voz vacilante com emoção contida. "Ele... ele se foi."