NO DIA SEGUINTE
Verônica chegou pontualmente às 9h da manhã no movimentado departamento policial. Ao se aproximar de sua mesa, deparou-se com uma montanha de processos, o triplo da carga usual. Antes de se assentar, lançou um olhar inquisitivo em direção à sala da delegada Anita, mas esta ainda não havia chegado.
Não demorou muito para a presença imponente de Anita ser anunciada no ambiente, acompanhada por Lima, um policial bajulador cujos olhares insistentes sugeriam uma atração mais além das obrigações profissionais. Anita cumprimentou os presentes com acenos breves de cabeça, mas ao passar pela mesa de Verônica, decidiu parar.
"Bom dia, Verônica." - Anita dirigiu um olhar mordaz para a escrivã e para a montanha de processos antes de seguir seu caminho, ostentando um sorriso debochado.
"Filha da puta." - Verônica sussurrou para si mesma, retomando suas tarefas com um ressentimento palpável.
"Toda sua revolta resultou nesse tanto de processo hoje?" - Nelson, comentou com uma risada maliciosa, Verônica o encarou com uma expressão furiosa. "Qual é, tá de mau humor hoje?"
"Dormi mal, apenas 3 horas, e briguei com Paulo por causa de uma bobagem." - Verônica desabafou, revelando a verdadeira razão por trás de sua irritação.
Nelson lançou um olhar preocupado na direção de Verônica, as sobrancelhas franzidas em uma expressão de genuína consternação. Com um tom de voz firme, porém carregado de preocupação, ele não hesitou em expressar seu conselho.
"Eu sinceramente não entendo por que você ainda não colocou um ponto final nesse casamento." - Nelson começou, seu semblante sério sublinhando a gravidade de suas palavras. "Verô, pense bem. Não é a primeira vez que você desabafa sobre as inúmeras discussões que vocês dois têm. E, sinceramente, se olharmos, o cara é totalmente incompatível com o que você busca e valoriza em alguém, além de ser, francamente, bastante insuportável." - Nelson finalizou.
Após o almoço, Verônica buscou o laboratório de Prata, ansiosa por compartilhar seus pensamentos com seu melhor amigo, encontrar consolo e uma perspectiva externa para as tensões recentes em seu relacionamento com Paulo.
"Talvez Paulo tenha razão, Verô." - Prata ponderou, após ouvir atentamente a explicação da escrivã sobre a discussão com o marido.
"Até você, Prata?" - Verônica questionou, um tom de desapontamento em sua voz. "O Rafael parou de frequentar a psiquiatra faz mais de um ano, a psicóloga diz que ele não demonstra mais aqueles traços..."
"Mas e se esse curso desencadear alguma coisa nele? Rafael é um menino de bem, eu sei bem disso, Verô, mas e se o transtorno de conduta voltar?" - Prata disse, com olhar compreensivo, embora sua expressão fosse séria deixou Verônica pensativa, ponderando sobre a possibilidade de desafios passados ressurgirem. "Eu só quero o melhor para vocês dois, Verô. Mas é preciso considerar todos os lados." - Prata acrescentou, oferecendo seu apoio sincero.
Enquanto Verônica retornava às atividades naquela tarde, afundada em mais uma pilha de processos inacabados, seu ritmo foi abruptamente interrompido pelo chamado de Anita. A delegada solicitou a presença da escrivã em sua sala, e Verônica, mesmo revirando os olhos e soltando um suspiro expressivo, prontamente se dirigiu ao chamado.
"Era só o que me faltava." - Verônica pensou.
Ao entrar na sala de Anita, ela encontrou a delegada concentrada em alguns documentos, indicando a Verônica para se sentar. A expressão de Anita revelava uma mistura de seriedade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Consequências - Veronita
Ficção GeralRafael Torres, 16 anos, diagnosticado com transtorno de conduta, cujos sintomas surgiram na infância. Seus comportamentos inquietos e a aparente frieza calculista geram preocupações tanto em sua família quanto nos profissionais de saúde mental. Apes...