Capítulo 8

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OI PESSOAL, COMO ESTÃO?

VAMOS COM MAIS UM CAPÍTULO?





QUINTA-FEIRA

Era quinta-feira, a atmosfera em casa já pulsava com a energia característica dos dias de semana. Verônica, com seu semblante sempre sereno mas decidido, virou-se para Rafael, que estava absorto jogando em seu celular, antes de iniciar mais um dia. "Rafael" - começou ela, com um tom de voz que misturava preocupação maternal e organização pragmática. "Você já sabe como vai ser hoje, né? Ida e volta do curso de Uber. Por favor, não esqueça de mandar a localização para eu poder te acompanhar." - Ela enfatizou suas palavras finais com um sorriso suave, enquanto deslizava seu próprio celular para dentro do bolso da calça.

Ainda no mesmo fôlego, ela se virou para Lila, que estava meticulosamente arrumando a mochila para o dia letivo. "E você, Lila, direto da escola para casa, tá bom? Sem paradas hoje. Assim que estiver vindo, me manda a localização, certo?" - Sua voz carregava a mesma mistura de firmeza e cuidado. Lila e Rafael, acostumados com o protocolo diário de segurança nos dias em que Paulo estava viajando, assentiram sem protestar, cada um absorvido em suas próprias rotinas matinais.

Com os assuntos de casa brevemente resolvidos, Verônica deu uma última olhada em seus filhos antes de atravessar a porta de entrada, marcando o início de mais um dia agitado. Assim que chegou ao departamento, seu passo apressado era um sinal claro de sua constante luta contra o relógio. No entanto, sua pressa foi interrompida por Nelson, que a esperava com um comentário que parecia carregar todo o alívio do mundo.

"Verô, hoje é quinta-feira..." - Nelson começou, com um sorriso malicioso se formando em seus lábios. Essas palavras serviram como um lembrete oportuno para Verônica de que, naquele dia específico, poderia se dar ao luxo de desacelerar um pouco. Anita, não estava no departamento, concedendo a todos uma rara pausa de sua presença asfixiante.   "É o dia em que todos trabalham até mais feliz dentro desse departamento. Dá para ver os sorrisos mais soltos, até o ar fica mais puro sem a presença da Bolsonara." - Nelson continuou, sua voz tingida de um humor que apenas eles compartilhavam, uma referência jocosa à maneira como Anita conduzia o departamento com mão de ferro. Sua comparação arrancou de Verônica uma risada espontânea; ela negou com a cabeça, divertida pela precisão da observação de Nelson, antes de seguir seu caminho para a mesa de trabalho, pronta para encarar o dia com um pouco mais de leveza, graças à ausência de Anita.

Naquela semana particularmente tumultuada, Verônica se via imersa em um mar de papeladas e telas de computador, todas demandando sua atenção ininterrupta. Estava dedicada a compilar relatórios detalhados sobre o progresso dos inquéritos e investigações, uma tarefa árdua solicitada por Carvana. A atmosfera ao redor dela estava carregada com a tensão típica de uma delegacia em plena atividade, mas uma tensão peculiar pairava no ar, especialmente quando seu pensamento se voltava para Anita. Desde aquele inesperado almoço pago pela delegada, a dinâmica entre as duas havia mudado; palavras eram trocadas esporadicamente, e embora Anita mantivesse seu costume de implicar com a escrivã, o distanciamento emergente parecia oferecer a Verônica um necessário espaço para reflexão sobre seus verdadeiros sentimentos.

Foi nesse contexto de introspecção e trabalho incessante que Prata se aproximou, interrompendo gentilmente a concentração de Verônica. 

"Vamos almoçar, menina?" - ele perguntou, parando ao lado de sua mesa com um sorriso acolhedor.

Verônica levantou os olhos, um brilho de gratidão aparecendo brevemente em seu olhar. 

"Oi Prata. Vamos sim!" - ela respondeu, um leve alívio em sua voz ao se permitir uma pausa. Começou a organizar rapidamente sua mesa, guardando a papelada e colocando o computador em standby, pronta para se distanciar, ainda que por um momento, da montanha de trabalho.

Consequências - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora