Capítulo 12

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Ao despertar na penumbra do quarto, Verônica observou Anita, adormecida e serena, espalhada na cama, mergulhada em um sono profundo e tranquilo. Levantou-se cuidadosamente, vestindo as mesmas roupas da noite anterior, e silenciosamente deixou o apartamento, iniciando sua caminhada solitária de volta para casa, cerca de trinta minutos dali.

Chegando em casa, Verônica colocou o celular para carregar e deparou-se com uma série de mensagens não lidas: Glória, Nelson, Prata, Rafael e até mesmo Paulo. Por ora, ela optou por ignorá-las e seguiu para o banho, deixando que a água quente lavasse as marcas da noite anterior. Após o banho revigorante, ela se deitou em sua cama e sucumbiu ao cansaço, mergulhando em um sono profundo até às três da tarde.


ENQUANTO ISSO...

Ao acordar e se deparar com o outro lado da cama vazio, Anita deduziu que Verônica ainda poderia estar no apartamento. No entanto, ao se levantar, percebeu que estava sozinha. Demorou um pouco para enviar uma mensagem à escrivã, sem saber ao certo o que escrever, limitando-se a perguntar o motivo de Verônica ter saído sem se despedir.



DE VOLTA A CASA DE VERÔNICA

Ao despertar, Verônica foi recebida pela dor latejante em sua cabeça, uma lembrança dolorosa de sua indulgência noturna. Prometeu a si mesma, mais uma vez, que nunca mais beberia, embora soubesse que essa promessa se desfaria na próxima ocasião. Suspirando, ela pegou o celular e começou a responder às mensagens acumuladas.

Glória preocupada com seu paradeiro, Nelson curioso sobre sua saída precoce do bar, Prata também questionando sobre Rafael, enquanto as mensagens do próprio Rafael eram um pedido urgente de socorro para ela buscá-lo na casa do pai. As mensagens do ex-marido eram apenas para informar que traria o filho de volta mais tarde naquele domingo.

Entre as mensagens, havia uma de Anita, a delegada, perguntando por que Verônica saiu sem se despedir. Verônica ficou encarando a tela por alguns momentos, refletindo sobre sua resposta antes de finalmente decidir o que dizer.

Nada respondeu.

O restante do dia se desenrolou lentamente para Verônica, apesar da dor latejante em sua cabeça. Mesmo necessitando de descanso, ela se dedicou a algumas tarefas domésticas, como colocar algumas peças de roupa para lavar e arrumar a casa. Enquanto adentrava o quarto de Rafael para recolher as roupas sujas, ficou impressionada com a quantidade de cuecas espalhadas pelo cesto de roupa, mas optou por ignorar o fato.

Contudo, algo chamou a atenção de Verônica: desenhos bizarros espalhados sobre a escrivaninha do garoto. Eram imagens de armas e palavras desconhecidas que a deixaram intrigada, mas ela decidiu não dar muita importância naquele momento.



ENQUANTO ISSO, NA ACADEMIA DE SEU PRÉDIO

Aproveitando o domingo, Anita decidiu à academia, apesar da enxaqueca persistente e das dores pelo corpo, resquícios da noite anterior. Com os fones de ouvido no último volume, ela se exercitava na academia do prédio, perdida em seus pensamentos sobre a experiência compartilhada com Verônica na noite anterior. Nunca imaginara que a escrivã pudesse ser ainda mais sensual e provocante, tanto dançando quanto agindo daquela forma.

Entretanto, recuperando a racionalidade e deixando as emoções daquela noite para trás, Anita começou a se questionar sobre como as coisas ficariam entre ela e Verônica após aquela experiência íntima. Embora já tivessem se beijado anteriormente, a relação entre elas permanecera a mesma, mesmo após o afastamento. No entanto, uma relação sexual poderia mudar tudo.

Anita estava preocupada com a possibilidade de Verônica interpretar mal o que aconteceu entre elas e criar expectativas que não seriam correspondidas. Com isso em mente, Anita se preparava para uma conversa franca com Verônica no dia seguinte.



DE VOLTA A CASA DE VERÔNICA

Era por volta das 19:30 da noite quando Rafael finalmente chegou em casa, deixado pelo pai no portão. O jovem adentrou a sala e se jogou no sofá, onde Verônica estava assistindo a um programa sobre viagens na televisão.

"E aí, me conta, como foi o seu final de semana?" - Verônica perguntou, desviando a atenção da TV e focando no filho.

"Um saco..." - Rafael respondeu, revirando os olhos, o que arrancou uma risada de Verônica.

"Ah, para com isso!" - Verônica insistiu, fazendo Rafael virar o rosto na direção dela. "Não teve nem um pouquinho de diversão?"

"Não, mãe." - Rafael respondeu de maneira direta. "É um saco ter que conviver com a Lila e com o Paulo."

"Por que você está chamando seu pai pelo nome?" - Verônica questionou, surpresa com o comportamento do filho.

"Porque ele parece considerar apenas a Lila como sua filha." - Rafael respondeu, mantendo o semblante fechado.

"Filho, seu pai ama vocês dois igualmente." - Verônica tentou acalmar.

"Nem você acredita nisso, mãe." - Rafael bufou. "E sabe de uma coisa? Eu nem ligo. Fiquei até feliz pela Lila ter ido morar com ele." - desabafou, levantando-se e indo para o quarto.

A conversa deixou Verônica reflexiva por alguns minutos. Antes, ela pensava que era apenas birra do garoto e fase da adolescência, mas percebeu que a falta de conexão de Rafael com o pai e a irmã ia além de comportamentos típicos da juventude.

Embora relutasse em admitir, Verônica sabia da preferência de Paulo por Lila. Desde sempre, ele deixara claro seu desejo por uma filha, e quando Lila nasceu, ele demonstrou um cuidado que nunca tivera com Rafael. Essa atenção exacerbada gerou ciúmes em Rafael, que começou a maltratar a irmã para chamar a atenção do pai.

Conforme Rafael crescia, suas atitudes pioravam, e as discussões com o pai se tornavam mais frequentes e intensas. Aos 16 anos, ele confrontava Paulo de igual para igual, mas as palavras duras do pai deixavam cicatrizes emocionais profundas.

Além disso, Rafael guardava ressentimento pelas vezes em que Paulo tentara agredir Verônica, mesmo que ela nunca baixasse a guarda. A separação dos pais foi um alívio para Rafael, que encontrou em Verônica seu porto seguro.

Enquanto isso, Lila vivia sua própria fase de rebeldia, onde Verônica era vista como a chata e Paulo como o herói. A decisão da menina em ir morar com o pai foi aceita sem discussões, refletindo as diferentes abordagens na criação dos filhos entre os pais.





NOTA DA AUTORA:

CAPÍTULO CURTINHO, MAS POSTAREI MAIS UM AINDA HOJE.

ATÉ MAIS TARDE, PESSOAL!

Consequências - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora