3 MESES DEPOIS
Três meses haviam se passado desde a morte de Paulo, e na casa de Verônica, a rotina aos poucos começava a se restabelecer. Apesar dos esforços incansáveis da polícia e das buscas incessantes de Verônica, o paradeiro de Rafael continuava envolto em mistério, tudo o que sabia-se era que a arma que ele usou naquela noite pertencia a Verônica e além do garoto estar com a arma estava com munição o suficiente para cometer mais crimes.
Após a perda devastadora de seu pai, Lila retornara para morar com a mãe e iniciara um acompanhamento psicológico para lidar não apenas com o luto, mas também com a dor de saber que foi Rafael quem tirou a vida de seu pai naquela fatídica noite. Embora recebesse o apoio amoroso de todos ao seu redor, era nos braços de Brandão Junior que ela encontrava seu refúgio, sua âncora em meio à tempestade. Desde a tragédia, ele fizera questão de estar presente em todos os momentos, oferecendo conforto e segurança a Lila.
Ao final da manhã, antes de Lila ir para a escola, Brandão Junior sempre encontrava um tempo para estar ao seu lado. Mas seus encontros eram breves, pois ao final da tarde, Anita passava para buscar Lila na escola, dificultando qualquer momento prolongado entre eles.
"Chegamos!" - anunciou Anita, adentrando a casa com sua habitual energia.
Verônica, recostada no sofá, virou-se para olhar por cima do ombro e sorriu, enquanto Lila correu ao encontro da mãe e se acomodou ao seu lado no sofá. Enquanto isso, Anita colocava sua bolsa sobre a mesa e, em seguida, dirigiu-se a Verônica, depositando um beijo suave em seus lábios.
"Acho que você deveria se mudar para cá" - sugeriu Verônica diretamente.
"Verônica Torres me convidando para morar junto?" - brincou Anita, com um sorriso brincalhão nos lábios.
"Eu acho uma ótima ideia" - concordou Lila. "Essa casa está tão vazia sem o Rafa, sem o papai..." - desabafou, deixando escapar um suspiro pesaroso.
Verônica e Anita se entreolharam, compartilhando um entendimento silencioso sobre o significado do "vazio" que Lila mencionara.
"Estou falando sério sobre você vir morar aqui" - reiterou Verônica, arqueando uma sobrancelha.
"É sério mesmo?" - questionou Anita, percebendo a seriedade na expressão de Verônica.
"Sim" - confirmou Verônica rapidamente. "Você passa mais tempo aqui, só vai para o seu apartamento buscar suas roupas e sapatos..." lembrou.
"E você sempre me busca no colégio" - acrescentou Lila. "Acho que já está na hora de você morar com a gente" - sugeriu, e Verônica assentiu em concordância.
"Vou pensar no seu caso, mocinha..." - respondeu Anita, fazendo cócegas em Lila, que se contorcia de tanto rir no sofá.
Verônica observava a interação entre Lila e Anita com um sorriso suave nos lábios, maravilhada com a forma como a delegada se tornara uma presença tão acolhedora e paciente na vida de sua filha. Era um contraste notável com sua postura profissional, mas Verônica estava profundamente grata por ver o amor e o cuidado que Anita dedicava a Lila.
E Lila, por sua vez, adorava Anita, sempre elogiando a atenção e o carinho que a delegada lhe oferecia. Enquanto Verônica observava as duas, sentia-se inundada por uma profunda gratidão e amor, sabendo que juntas, elas formavam um vínculo de apoio e afeto que sustentaria a família através dos momentos mais desafiadores.
"Que tal a gente fazer uma noite da pizza e assistirmos filme juntinhas?" - Verônica sugeriu, e Lila se animou.
"Eu topo!" - respondeu Lila com um sorriso radiante, empolgada com a perspectiva de passar uma noite descontraída e aconchegante ao lado da mãe e de Anita.
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Consequências - Veronita
Fiction généraleRafael Torres, 16 anos, diagnosticado com transtorno de conduta, cujos sintomas surgiram na infância. Seus comportamentos inquietos e a aparente frieza calculista geram preocupações tanto em sua família quanto nos profissionais de saúde mental. Apes...