De longe, Prata observava, confuso com a reação de Verônica, gesticulando enquanto perguntava: "O que foi? O que aconteceu?"
Verônica respirou fundo e, tomada pela frustração, lançou o celular em cima do sofá, soltando um grito inesperado.
"O que houve? Quem era?" - Prata se aproximou, tentando confortá-la.
"Foi o Rafael... Ele fugiu de novo." - Verônica respondeu com voz trêmula.
"De novo." - Prata repetiu junto com ela, como se já antecipasse o que estava acontecendo.
"Como se eu já não tivesse problemas suficientes!" - Verônica desabafou, visivelmente perdida. "Prata, o que eu faço? O que mais posso fazer?"
Prata a olhou, impressionado; nunca a tinha visto assim, tão abalada. Verônica, que sempre enfrentava os problemas de frente, agora parecia estar à beira do colapso.
"Vou avisar a Anita sobre isso." - Prata disse, virando-se para buscar o telefone na sala.
Nesse momento, Verônica viu uma chance. Sem perder tempo, pegou a chave da moto, abriu o portão e saiu antes que Prata pudesse impedi-la.
"Verônica?" - ele chamou ao voltar ao quarto. "Verô?" - Correu para a cozinha e viu a porta aberta. "Droga, Verônica!"
Ele rapidamente trancou a casa e saiu dirigindo sem rumo, tentando encontrá-la, enquanto ela, perdida em sua própria dor, parecia não ter ideia de onde queria ir.
Alguns quilômetros depois, Verônica parou a moto em uma rua deserta, tirou o capacete e começou a batê-lo no chão com fúria.
"AAAAAAAAAAAAAAH!" - seu grito ecoou pela rua silenciosa. "Como pude falhar com meus filhos... duas vezes?"
Verônica se ajoelhou no asfalto, respirando com dificuldade, enquanto segurava o capacete nas mãos trêmulas. A dor e a frustração eram avassaladoras. A sensação de estar impotente, de ter perdido o controle sobre tudo o que mais importava, corroía sua alma. Ela havia jurado proteger seus filhos, mas agora, parecia que o destino estava rindo dela.
As memórias da última briga com Rafael passaram como flashes em sua mente. Todas as tentativas de ajudá-lo, os conselhos ignorados, as discussões acaloradas que apenas afastavam o filho mais velho. E agora, Lila, a caçula, estava em perigo, e ela não sabia se teria forças para salvá-la.
Ainda de joelhos, ela fechou os olhos, tentando acalmar a respiração. "Preciso encontrar Lila, não posso falhar outra vez..." -murmurou para si mesma, sua voz embargada pela dor. A adrenalina a instigava a fazer algo, a não desistir, mesmo que o desespero insistisse em tomá-la.
A polícia finalmente chegava ao último local onde Claudio Brandão e seu filho, Brandão Júnior, mantinha Lila sob seu controle. A equipe avançava em silêncio absoluto; qualquer erro poderia custar a vida de Lila. Ao ver a garota amarrada e vulnerável, Anita sentiu o desespero apertar o peito.
"Mantenha a calma." - Nelson sussurrou com firmeza. "Um deslize, e Lila pode pagar o preço."
Anita respirou fundo, assentindo enquanto tentava manter o foco.
"Pegue!" - Brandão ordenou, estendendo a arma para o filho. "Dessa vez, você vai fazer o serviço."
"Mas pai..." - Brandão Júnior hesitou, visivelmente abalado.
"Vai amarelar?" - Claudio retrucou com desprezo. "Sabia que era um covarde igual à sua mãe."
"Não fale dela assim!" - Brandão Júnior gritou, a indignação evidente em sua voz.
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Consequências - Veronita
General FictionRafael Torres, 16 anos, diagnosticado com transtorno de conduta, cujos sintomas surgiram na infância. Seus comportamentos inquietos e a aparente frieza calculista geram preocupações tanto em sua família quanto nos profissionais de saúde mental. Apes...