O corredor do DHPP estava calmo quando Verônica abordou Anita, que se dirigia para sua sala.
"Podemos conversar?" - Verônica iniciou, tentando manter a voz firme enquanto caminhava ao lado da delegada.
"Sobre?" - Anita perguntou, sua expressão permanecendo impassível enquanto ela seguia em frente e Verônica a acompanhava.
"Você está há dias sem falar comigo desde o dia em que saiu lá de casa pela manhã. Me explica pelo menos o que aconteceu." - Verônica solicitou, fechando a porta da sala atrás dela quando entraram.
"Estou ocupada, escrivã, muito ocupada." - Anita respondeu friamente. "Talvez você saiba que estou responsável pelo caso do Jerônimo." - ela arqueou uma sobrancelha, revelando a seriedade do caso que ocupava sua mente.
O caso Jerônimo envolvia um criador de cavalos misterioso e sedutor que abusava e violava de mulheres em nome da preservação de uma raça pura. A pressão da mídia sobre o DHPP para resolver o caso era constante, e tanto Anita quanto Carvana estavam determinados a encerrá-lo o mais rápido possível.
"E isso é motivo para você sequer responder às minhas mensagens?" - Verônica questionou, apoiando as mãos na mesa e buscando uma explicação.
"Já que você quer tanto conversar, então vamos conversar, escrivã." - Anita começou, sua voz firme. "Eu não esperava me deparar com o seu filho naquela manhã, não mesmo. E me afastei justamente por isso, satisfeita?" - ela perguntou, com um semblante sério.
"Anita, o Rafa não é mais criança e embora ele tenha achado que você é minha namorada, não há nenhum problema em ele ter nos visto juntas. Sou solteira, você também, e não fizemos nada de errado." - Verônica explicou, tentando dissipar qualquer mal-entendido.
"Sério que ele achou que eu sou sua namorada mesmo você me apresentando só como Anita?" - Anita riu com deboche, revelando sua incredulidade.
"Você queria que eu tivesse te apresentado como namorada, delegada?" - Verônica arqueou a sobrancelha, encarando-a de perto.
"Tanto faz, Torres." - Anita respondeu, sua voz soando um tanto áspera.
"Porque se você quisesse que eu te apresentasse a ele como namorada não teria porque você ter saído cedo para não ser vista por ele." - Verônica foi direta, lançando uma observação crítica. "Sério mesmo que você não vai falar nada, sequer rebater?" - Verônica perguntou irritada, buscando alguma reação.
"O que você quer que eu diga?" - Anita levantou, ficando frente a frente com a escrivã, os olhos se encontrando em um confronto silencioso.
"Eu só quero saber o que se passa aqui." - Verônica apontou para a cabeça de Anita. "E principalmente aqui." - ela apontou para o coração da delegada.
"O que muda se eu disser o que se passa?" - Anita perguntou, desafiadora, enquanto mantinha o olhar firme em Verônica.
"Muda tudo, Berlinger, tudo." - Verônica declarou, seu tom carregado de significado. "Quando você souber e quiser falar sobre, sabe onde me procurar..." - ela deu de ombros, indicando que estava deixando a porta aberta para uma conversa futura, e saiu da sala.
Anita estava tomada por um turbilhão de emoções. Ela desejava desesperadamente expressar tudo o que estava sentindo para Verônica, mas as palavras pareciam prender-se em sua garganta, deixando a relação entre elas ainda mais abalada. Verônica, por sua vez, passou o restante do expediente focada em analisar minuciosamente todos os autos das investigações em andamento, tentando distrair-se do desconforto que pairava no ar.
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Consequências - Veronita
Ficción GeneralRafael Torres, 16 anos, diagnosticado com transtorno de conduta, cujos sintomas surgiram na infância. Seus comportamentos inquietos e a aparente frieza calculista geram preocupações tanto em sua família quanto nos profissionais de saúde mental. Apes...