Consequências - Veronita

Capítulo 37

Ó QUEM CHEGOU...

O sol poente tingia o horizonte com tons de laranja e rosa enquanto Anita, Verônica e Lila desfrutavam de um momento de tranquilidade na espaçosa cozinha da casa. Já havia algumas semanas desde que Anita havia tomado a decisão de vender seu luxuoso apartamento e se mudar para a casa de Verônica, onde agora viviam apenas as três.

Enquanto saboreavam uma xícara de chá, Anita compartilhou suas últimas descobertas com Verônica. "Carvana decidiu mesmo arquivar o caso do Rafael" - informou ela, sua expressão séria refletindo a gravidade da situação. "Não encontraram vestígios dele ou do Eric em lugar algum. Parece que simplesmente desapareceram."

Verônica suspirou, preocupada. "Eu ainda acredito que ele vai voltar, em algum momento" -  disse ela, sua voz carregada de esperança e incerteza. "Eu sei que ele cometeu um erro terrível, mas ainda há uma parte de mim que acredita que ele é capaz de se redimir."

Anita assentiu compreensivamente, respeitando os sentimentos de Verônica. "Eu entendo, Verônica. Você é a mãe dele, é natural que queira acreditar no melhor."

Enquanto isso, Brandão Junior continuava suas visitas regulares ao pai na cadeia. Durante uma dessas visitas, seu pai lançou um plano audacioso. "Você precisa se livrar do Rafael" - disse ele, sua voz baixa e conspiratória. "Ele só vai atrapalhar nossos planos. Se eu conseguir uma condicional, qualquer ligação sua com ele pode colocar tudo a perder."

Brandão Junior franziu o cenho, ponderando as palavras de seu pai. Ele sabia que precisava provar sua lealdade, mas não esperava o que viria em seguida.

"Eu tenho um trabalho para você" - continuou Brandão, sua voz carregada de malícia. "Eu quero que você sequestre a filha daquela escrivãzinha e a mantenha escondida em um local isolado na mata. Vai causar desespero em Verônica e mostrará nossa força."

Brandão Junior sentiu um calafrio percorrer sua espinha enquanto absorvia as palavras de seu pai. Ele sabia que era um passo perigoso, mas também sabia que não podia desafiar as ordens do homem que havia moldado seu destino desde o início. Com um nó apertado na garganta, ele concordou, sabendo que não havia mais volta.

Mais tarde, Brandão Junior sentou-se no sofá em sua kitnet, imerso em pensamentos sombrios e conflitantes. As palavras de seu pai ecoavam em sua mente, reforçando a pressão sobre seus ombros. Ele sabia que seu pai esperava dele um ato de lealdade, um gesto que mostrasse seu comprometimento com os planos que haviam traçado juntos. Mas a ideia de sequestrar Lila era demais para ele suportar.

O peso da culpa pesava em seu peito enquanto ele revisitava as lembranças dolorosas de suas interações com Lila. Ele se lembrava vividamente de como havia iludido a garota, alimentando suas esperanças e fazendo-a acreditar em um amor que nunca existiu. Ele se sentia envergonhado por ter brincado com os sentimentos dela, por ter traído sua confiança de forma tão cruel.

Enquanto lutava contra suas próprias angústias e dilemas morais, uma determinação silenciosa começou a crescer dentro dele. Ele não queria ser como seu pai, não queria se tornar um monstro que sacrificava a inocência das pessoas em nome de seus próprios interesses. Ele sabia que tinha que encontrar uma maneira de provar sua lealdade sem comprometer seus próprios princípios. Com um suspiro pesado, Brandão Junior tomou uma decisão. Ele enfrentaria seu pai e recusaria sua ordem. Ele sabia que isso colocaria sua própria vida em risco, mas ele estava disposto a correr esse risco para proteger Lila e manter sua própria integridade moral.

Determinado, ele levantou-se da cadeira e começou a traçar um plano para confrontar seu pai. Ele sabia que não seria fácil, mas estava determinado a seguir o caminho certo, mesmo que isso significasse enfrentar as consequências de sua própria escolha.