Capítulo V

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       Aquele dia estava longe de passar. Agora ela tinha certeza do que era e se perguntava o quanto isso poderia mudar em sua vida.

        Emma vestiu uma calça legging e um tênis além de uma camisa leve. Nathália iria perguntar quando a mesma respondeu:

        — Treinar. Precisa ter força para aguentar essa vida de inferno. Quer me seguir, me siga! Talvez aprenda algumas coisas. — Ela diz e Nathália, sem ter o que fazer, a seguiu.

        — Agora eu sei porque tenho facilidade de aprender qualquer instrumento musical ou entender qualquer livro. É graça a deusa...

        — Que é você. — Emma falou.

        — Eu fui diagnosticada com TDI. Isso é normal?

        — Por que você age como eu tivesse a resposta para tudo? — Emma quis saber.

        — Porque só estou nesse mundo faz uns dois dias. Você já está há alguns anos.

        — É justo. Mas não tenho as respostas que busca, Nathália. Não funciona assim. Você é uma das três e tem mais duas por aí. Achar as três é importante. O que entende de tudo até aqui?

        As duas chegaram até um saco de pancadas de boxe e Emma começou a socar o saco como uma pugilista.

        O que Nathália aprendeu? Estava rolando uma guerra e ela tava no meio. Era uma da trindade hindu feminina e a mais inteligente, mas não se sentia assim.

        — Eu não sei exatamente.

        — Então já sabe o básico. — Emma falou sem parar o seu treinamento. — A história que Ares te contou era só um mito do que ele sabe. A verdade é mais escondida ainda. Ouviu falar da rainha do mar? Asherah e seu sumiço do conselho de El pode ser só uma lenda já que o conceito de deusa suprema e deus supremo parece ser um arquétipo apenas. Já a ideia de um casal vivendo juntos pode não ser boa. Asherah então é removida para mostrar que o sagrado feminino foi retirado e agora os homens mandam sozinhos.

        Emma parou de bater no saco e olhou para Nathália com suor no rosto.

        — Os povos criam os mitos como códigos para os demais. Decifrar esses códigos é muito mais importante do que tentar saber quem tem o código mais bonito. No final pouco importa como ocorreu. Todos os mitos são importantes e necessários aqui.

        Emma foi até um lugar e pegou um bastão. Pediu para Nathália se afastar e começou uns movimentos de luta.

        Ela foi se sentar um pouco afastada e notou quando Ares chegou e pegou um bastão também.

        — Pronta para apanhar, criança? — Emma não esperou e atacou com raiva.

        Ambos iniciaram uma dança ritmada com os bastões batendo um no outro. Nathalia ainda queria entender tudo e fazia um esforço para isso. Onde ela se encaixava nesse assunto todo? Não sabia e achava que nunca iria saber.

        — Esses dois se gostam. — Carlos sentou ao lado de Nathália.

        — Por que parece que se odeiam?

        — É a energia de Ares e Emma sofre uma influência muito forte de Ares. É quase como pai e filha. Talvez ela tenha algo de guerra dentro dela.

        — Ela disse que o que Ares contou é só um mito e todos os mitos são importantes. O que isso quer dizer exatamente?

        — Mitos e mitos, não é? — Carlos falou. — Sabe, Nathália, o que aprendi todos esses anos com Ares? Não importa qual a tua crença sobre os deuses, no fim você nunca sabe nada. A melhor forma de entender é vivenciando. Você vai errar muito, mas vai aprender na mesma medida.

Conselho dos Deuses - A Maldição De Sísifo Onde histórias criam vida. Descubra agora