Capítulo II

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Acabei com tudo
Escapei com vida
Tive as roupas e os sonhos
Rasgados na minha saída
Mas saí ferido
Sufocando meu gemido
Fui o alvo perfeito
Muitas vezes no peito atingido
Animal arisco
Domesticado esquece o risco

Fera Ferida — Maria Betânia

Rio de Janeiro, Brasil, 5 anos depois.

        Uma mulher negra, careca, sem nenhum pêlo no corpo e usando roupas, jóias e outras coisas equivalente ao PIB do país, retira seu óculos escuros que deve ter custado um ano de salário do Neymar. Ela sai da sua Lamborghini Aventador.  Seu nome é Denise Ferreira.

        O lugar é um uma delegacia de polícia e a imprensa toda está no local atrás de uma faixa que tentava afastar a todos. Somente policiais e investigadores poderiam ultrapassar aquela barreira. Denise fingiu que não era nada e passou por baixo. Alguns policiais viram, mas fingem de cegos perante a mulher que caminhava como se fosse a pessoa mais importante e poderosa do lugar, afinal, ela era.

        — Denise Ferreira chegou aqui e se dirigiu até a delegacia onde houve o crime. Se ela está aqui, pode não ser a jurisdição da polícia comum. — Uma repórter fala enquanto a câmera filma a Denise de longe. — Se a situação chegou ao nível da Denise sair de sua casa, então podemos estar no meio de algo muito grande.

        Denise caminha tranquilamente e ignora todos os homens e mulheres que parecem estar com medo dela. É um sentimento que a mesma gosta de ver nas pessoas, mesmo que às vezes pareça chato.

        A delegacia não ficava no centro, mas em um bairro simples e em uma rua não muito movimentada. O local era até grande e tinha uma sala na entrada até muito espaçosa. Quando Denise entrou, viu corpos de polícias no chão e vários objetos jogados por todos os lados. Não precisava ser um gênio para descobrir o que aconteceu.

        Ela também carregava uma pasta grande na mão e tentava olhar cada mínimo detalhe do lugar antes de abrir sua pasta e tirar o que tinha ali dentro.

        — Olá! Sou o detetive Paulo! — Um homem cumprimentou. Ele estendeu a mão mas foi ignorado por Denise. Ele abaixou o braço sem mostrar estar ofendido — Realmente parecia ser uma das coisas que você investiga.

        — Vocês pegaram alguma coisa que estava além da capacidade de vocês, não é? — Denise que olhava o teto abaixou a cabeça para encarar o homem.

        — Ninguém acredita nessas coisas até elas aparecerem. — O detetive falou.

        Denise foi até um homem morto e o legista se afastou com medo. Ela se abaixou e foi olhando o corpo que tinha os olhos saltados para fora e orelhas sangrando por dentro.

        — O que dizem que foi? — Ela perguntou.

        — Som alto. Muito alto. Quase como uma turbina de avião. Na verdade não precisou de testemunhas, possuímos o vídeo que mostra exatamente como foi.

        — Homem ou mulher?

        — Tem importância?

        Denise olhou para o policial.

        — Nesse mundo tem. Ajudará a entender o que está acontecendo.

        — Uma mulher, na verdade uma menina. A garota tem uns 15 anos. Quem poderia imaginar...

        — Que era um monstro? — Denise se levantou e olhou o detetive. — Vocês humanos julgam muito pela aparência física. Às vezes dá pena!

Conselho dos Deuses - A Maldição De Sísifo Onde histórias criam vida. Descubra agora