Capítulo XVII

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Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo, mas acabou
Fazendo a guerra no Vietnã
Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra, e sim
Um instrumento que sempre dá
A mesma nota, ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas
Só gente morta caindo ao chão
Ao seu país não voltará
Pois está morto no Vietnã

Era Um Garoto Que Como Eu Amava Os Beatles e Os Rolling Stones dos Engenheiros do Hawaii

        Uma das coisas que se aprende desde o começo desse mundo de magias e avatares de deuses, é que existem certas habilidades que não podem ser desativadas.

        Nathália possuía uma super inteligência avançada, mesmo que tentasse se sabotar toda hora. Ela tinha a capacidade de criar planos de fuga tão rápido quanto possível para níveis divinos. Habilidade da sereia. Ver o movimento que a água seguia e saber o seu destino. Assim a Nathália poderia simplesmente mudar o seu caminho. 

        Já Emma tinha o poder da precognição. Ou em outras palavras, ver o futuro. Entretanto, o tempo não funcionava como se imagina e sim como uma dimensão com as suas várias realidades e linhas. Essa era apenas uma das inúmeras realidades e linhas do tempo. Então ao ter a suas visões, Emma poderia ver a sua história ou a história de alguma doppelgänger dela. Ou pior, vendo algo que aparentemente não tinha nada a ver com ela. 

        Infelizmente a deusa não mostrava coisas desnecessárias. Tudo que mostrava era para a salvação da deusa e não dá casca, afinal, a kitsune poderia ter uma casca nova em breve. Emma usava a Bijuu? Usava, mas os poderes eram limitados até mesmo com o ícone dela. 

        Falando nisso, o ícone ela nem entendeu no começo. Só tinha acordado cedo e caminhou pela casa da Denise e encontrou o lugar de treinamento. Ela viu a famosa espada que era o tesouro do império japonês e pegou para treinar. Quando as outras três viram ficaram em silêncio até perguntar como ela pegou, o que respondeu a verdade: só pegou. 

        Aparentemente a Kusanagi não gostava muito que tocasse nela. 

        Mesmo com a Kusanagi era difícil ter energia suficiente. Só era possível na casa da Denise por causa das espadas de São Miguel. Se não for...

        Naquela noite Emma tinha deitado como fez muitas vezes. Era algo comum e normal, até fechar os olhos. Segundos antes notou uma sensação diferente no corpo. Aquela maldita sensação que antecede seu maior medo.

        — Filha da p...

        Não finalizou a frase. De repente estava em um lugar totalmente diferente. Era o Rio de Janeiro, isso ela sabia. O mar batia com suas águas perto do piso de pedras portuguesas de Copacabana. Ao longe se situava o morro do Corcovado sem seu principal símbolo que era uma das sete maravilhas do mundo. Rio de Janeiro era a terra dos demônios e não era atoa. 

        O tempo estava encoberto por nuvens escuras e o frio incomodava um pouco. As estrelas não apareciam e ela não sabia se era de dia ou de noite. A tempestade se aproximava e não era algo bom. 

        Emma tentou ver algum rosto e ao longe notou a menina ruiva. Tinha que estar ali! Ela pensou indo em direção a Morte. 

        Azrael olhava em direção ao Corcovado ao longe e não parecia notar a presença de Emma. 

        — Eu sei que me ouve e me vê. — Emma falou. — Me diga em que realidade ou momento eu estou. 

        Por alguns segundos Azrael não disse nada. Emma já estava se perguntando se dessa vez a Morte não iria ver ela quando a ruiva abriu a boca sem tirar os olhos do horizonte. 

Conselho dos Deuses - A Maldição De Sísifo Onde histórias criam vida. Descubra agora