Conselho dos Deuses - A Maldição De Sísifo

Capítulo XX

É noite de sexta-feira e as luzes estão fracas
Procurando um lugar para ir
Onde eles tocam a música certa
Entrando no embalo
Você veio procurar por um rei

Dancing Queen do ABBA

       
        Ugarit, 220 milhões de anos atrás 

        A reunião estava tensa naquele dia. Pela primeira vez na história os deuses se reuniam para decidir as regras do novo mundo que estava prestes a se iniciar. Deuses de vários lugares estavam ali, incluindo os inimigos recentes, dos quais era o motivo daquele conselho. 

        O Ragnarok ocorreu pouco tempo atrás. Muito pouco para os padrões divinos e muito para os padrões humanos, mas todos ainda sentiam seus problemas. Odin, Thor e muitos outros deuses nórdicos estavam... bom, foram de Americanas.

        Já os deuses hindu, que eram chamados de gigantes e vilões pelos nórdicos, perderam muito da sua gente, mas os principais estavam lá. 

        Dos nórdicos tinha poucos e Baldur era o rei dos deuses nesse momento no lugar de seu pai, Odin. Então você diria que os nórdicos perderam para os hindus? O conceito de vitória aqui é muito relativo. O que não é relativo à inimizade que os do norte sentiam pelos do sul e vice-versa.

        As rivalidades entre deuses eram comuns, como vocês já sabem, e geralmente os humanos pagavam por isso. O conselho pretendia colocar um fim nessa rixa que ninguém mais sabia qual era o motivo e como começou. Ao contrário da crença comum, os deuses, na sua maioria, não eram eternos. E também eram condenados por mitos que nasciam entre eles que se refletia no que as pessoas comuns iriam acreditar.

        Quem dirigia a reunião era Baal. O deus vermelho é o mais poderoso da corte de El. Por sua vez, El era o Senhor de todos ali e o único que era eterno. Os judeus iriam o associar com seu Deus e iriam usar "El" como parte de nomes para se referir a Deus. Como Miguel (Quem é como Deus?), Rafael (Cura de Deus), Gabriel (mensageiro de Deus). 

        Os únicos que não estavam na reunião eram os orixás. Esses chegariam no nosso mundo algum tempo depois. Mesmo que muitos deles já estavam na Terra antes do início da guerra.

        Seja como for, a reunião estava tensa demais. Já tinham passado alguns dias, ou meses, ou anos e nada parecia ter um acordo.

        Irritado, El bate em seu trono e faz o silêncio reinar na reunião.

        — Até quando vocês irão agir assim? — El fala alto para que todos o ouçam — Vocês fazem do jeito que julgam certo mas quem perde é sempre os humanos que não possuem direito nenhum de vocês, apenas deveres. Dizem ser meus filhos e realmente são. Vocês todos são filhos de Deus, mas irão morrer como seres humanos. Iduna lhes fez o favor de criar uma forma de viverem praticamente para todo o sempre e ninguém aqui se lembra de agradecer a ela. Cadê Iduna? Não a vejo. Creio que nenhum de vocês a convidou, já que ela considerou a guerra que houve uma perda de tempo. Por isso creio que deve ter um limite de tempo para um deus e para isso vou criar duas forças para condenar vocês e os anjos se saírem das regras. Essas forças irão nascer como humanas e os julgarão como seres humanos. Pois são esses que vocês ignoraram durante o tempo todo.

        Após isso a gritaria dos deuses retornou. Prender deuses nas visões de seres humanos era visto como uma redução do que eram. Obviamente não foi muito bem recebido.

        — O que vamos fazer? Se os seres humanos podem nos julgar, como vamos sair inocentados? — Algum deus perguntou.

        — Simples — El falou — Cuidem do necessitado, dos injustiçados e de todos que clamam pelo que é justo. Essas duas, além de uma terceira que será necessária para manter a ordem, estarão presas na Samsara, que é o ciclo de nascimento e morte.