Três

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Victoria

— Vocês se conhecem? — minha mãe encara nós duas com um semblante confuso e posso ver a mulher com o rosto voltado na direção da minha mãe, mas os olhos em cima de mim.

— Não — digo seca, antes que qualquer um possa falar algo — É um prazer conhecer vocês — dou um sorriso amarelo e olho para mãe e filha que estão paradas na porta.

— Vamos lá, entrem — Nadine quase que ordena, e as pessoas fazem exatamente isso.

Minha mãe e meu pai seguem o meu irmão e sua namorada até o lado de dentro da casa e eu consigo ouvir dezenas de cumprimentos, mas não presto atenção em nenhum deles, eu dou passos lentos até o interior e sinto a minha pele arrepiar quando ouço a porta sendo fechada e Nadine roçando o braço no meu quando passa por mim.

Paro para prestar atenção na decoração da casa, o hall de entrada não é tão grande quanto eu esperava, em relação ao tamanho da casa, mas mesmo assim é lindo. Me sinto abraçada quando passo os olhos pelo resto da casa, ela parece ser tão aconchegante, principalmente a sala, onde vejo a minha família já sentada.

— Quer que eu pegue a sua bolsa? — Beatriz pergunta e eu assinto, sorrindo.

— Bom, alguém pode me ajudar na cozinha? — Nadine pergunta quando estamos todos desconfortáveis na sala de estar e eu posso ver o seu cabelo curto totalmente liso, diferente daquela noite, se mover.

Minha mãe começa a se levantar, mas sou mais rápida que ela. Fico em pé e sigo Nadine, que me observa calada.

— Ótimo — ela sorri e me guia até um cômodo um pouco mais distante da sala, a cozinha, é claro.

— Olha — começo, mas ela logo me interrompe.

— Pode pegar aquela travessa, por favor? — ela diz apontando pro balcão de mármore enorme e pra uma das travessas espalhadas por alí e se abaixando por detrás dele, onde eu acredito que seja o forno.

Faço o que ela manda e fico parada segurando o prato, um cheiro delicioso invade o meu olfato.

— Eu não como carne — digo sem jeito, quebrando o silêncio e Nadine ergue os olhos, me encarando — Desculpa por não ter avisado.

— Eu também não — ela levanta de onde estava agachada com outra travessa nas mãos e sorri — Mas fiz esse aqui pra quem come.

Fico surpresa, mas não falo nada, apenas observo seu vestido largo se movendo quando ela ergue os braços pra alcançar os pratos no armário.

— Qual é o seu nome mesmo? — ela pergunta quando coloca os pratos também no balcão e se volta pra mim, apoiando os cotovelos no mármore e ficando de frente pra mim com um sorriso de canto no rosto. Não consigo evitar que meus olhos desçam até a abertura frontal de seu vestido, subo o olhar rapidamente para o seu rosto com uma sensação de culpada. Posso sentir seu cheiro me inebriar.

Sinto meu rosto esquentar e encaro os seus olhos, que penetram os meus. Vejo seu olhar descer do meu, passar rapidamente pelo meu decote, braços e se fixar no meu pulso esquerdo, o com a tatuagem que ela viu na semana passada.

— As outras estão realmente escondidas, hein? Me pergunto onde — ela se levanta, pega a travessa em uma mão e os pratos em outra e vai em direção à outra sala, fazendo com que eu a sigo feito um animal de estimação.

Respiro fundo e coloco a vasilha no meio da mesa, ao lado das outras coisas, enquanto Nadine arruma os talheres e pratos.

— Você... — solto, quase que num sussurro.

Tic-Tac do Destino | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora