Oito

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Victoria

𝒮olto um gritinho sem perceber e me afasto em um pulo, conseguindo ouvir um risinho vindo de Nadine.

— Perdão — Sinto ela passando do meu lado, indo até algum lugar e as luzes voltam — Isso geralmente não acontece.

— O que? As luzes cairem ou uma garota na sua casa tentar te beijar? — me volto pra ela, que está parada perto da porta de entrada.

Ela se vira pra mim, põe as mãos na cintura e sorri convencida.

— As luzes.

Ergo as sobrancelhas e me aproximo novamente dela. — Vou pra casa.

Ela assente, dando passagem pra mim e abrindo a porta, pondo novamente a mão no meu braço.

— Você é muito bonita, sabe disso, não sabe? — Do nada? Ela está tentando me matar, eu juro.

Sinto meu rosto esquentar e sorrio pequeno pra ela enquanto sinto o ar frio do lado de fora me atingir. As gotas de chuva já batendo fracas contra a grama.

Me encosto no batente da porta e observo ela mudando o peso do corpo de um pé para o outro.

— Você ainda tá com o meu guarda-chuva, né? — Nadine pergunta.

— Eu tô! — faço biquinho — Prometo que na próxima eu devolvo.

Ela sorri.

— E vai ter uma próxima?

— Me convida pra jantar e vai — peço e ela inclina a cabeça.

— Quer jantar comigo amanhã? — Assinto — Fácil assim?

Olho para rua molhada e faço uma careta.

— Você preferiria que eu recusasse? Porque se for assim... — Ela balança a cabeça de forma engraçada, negando.

Saio da porta e paro no meio do jardim, sentindo gotas de água caírem da árvore acima de mim em mim.

— Você disse que vai ficar sozinha em casa na semana que vem? — Ela concorda e eu sorrio, a percebendo comprimir os olhos e me olhar desconfiada.

— Boa noite, Victoria — diz com um sorriso na voz, me observando caminhar antes de fechar a porta.

— Boa noite, Nadine.

Caminho até o carro e quando entro, eu troco a blusa molhada pelo meu celular, vejo o horário. Eu passei quase uma hora aqui? Impossível. Olho o aplicativo de mensagens; Matheus finalmente viu as minhas mensagens e as respondeu, dizendo que já está em casa. Nossa, muito obrigada por avisar.

Dirijo até em casa pensando se deveria ou não ter aceito o convite de ter ficado e sorrio. É claro que eu fiz o certo, só não o suficiente.

Chego no meu apartamento e dou de cara com Clara na cozinha, vestida em um conjuntinho de pijama.

— O que aconteceu? — Entro e coloco a blusa molhada na cadeira de balanço da sala.

— O que? — Ela se volta pra mim, segurando uma caneca recheada de bolo.

Aponto pra ela e pro relógio parecido com o da minha tatuagem na parede da cozinha.

— Essa hora você já tá jantando com os seus pais ou na segunda transa com o Paulindo — digo e Clara olha pra mim, forçando uma expressão de ofendida.

— Não chama ele assim — reclama, se jogando no sofá — Eu quase nem vivo direito. Decidi descansar um pouco.

Sorrio e aceno para ela.

Tic-Tac do Destino | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora