Vinte e três

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Victoria

𝒜cordo ao lado de Nadine encarando uma parede pouco iluminada. Fecho os olhos de novo e passo as mãos pelo cabelo, olho pro lado e vejo ela apoiada no cotovelo, me observando com um sorrisinho sereno no rosto, vestindo uma blusa de Star Trek.

— Oi — digo, piscando pra me situar.

— Bom dia.

Olho para o relógio digital em cima da mesinha de cabeceira e suspiro cobrindo o meu rosto e logo o descobrindo de novo.

— Acordou faz tempo? — pergunto, me virando de lado e apoiando o corpo no cotovelo.

— Tem um tempinho — ela sorri e leva uma mão até o pingente do meu colar, que cai pelo meu pescoço — Dormiu bem?

— Aham. E você?

— Quem sabe se você não roncasse — ela brinca, arrumando o tecido que cobre o meu corpo nu.

— Eu não ronco!

— Tem razão. Tô exagerando.

— Você com certeza tá exagerando.

— Será? — dizemos em uníssono e isso me faz sentir dentro de um filme de romance.

Ela desliza a mão pelo meu braço descoberto com os olhos fitando os meus. Solto o meu peso do meu cotovelo e deito no travesseiro, sorrindo.

— Acho que vou fazer um café pra gente — Nadine diz e faz menção de se levantar, mas seguro seu pulso de leve antes disso.

— Sobre isso... — começo, tentando ficar um pouco mais apresentável na cama — Se eu for continuar a dormir com você. Na sua casa... Eu preciso te contar uma coisa.

Ela arregala os olhos e volta o corpo totalmente para mim.

— Por favor, não me diga que você é masoquista ou alguma coisa do tipo. Eu não sei se conseguiria te machucar ou...

— Não! — exclamo quase rindo, encostando a cabeça na cabeceira — Eu só ia dizer que não sou uma grande fã da cultura da cafeína.

Ela sorri aliviada e volta para o lugar onde estava deitada. Eu também deslizo para baixo e de repente começo a rir baixinho.

— Tá tudo bem? — Nadine pergunta, também segurando um riso.

— Você falou tão assustada — digo, com um sorrisinho malicioso no rosto e uma sobrancelha erguida — Tem alguma experiência com isso, é?

Ela solta uma risada e passa a mão pelos cabelos.

— Uma vez eu sai com uma mulher que...

— Isso parece início de tweet — comento e ela me olha confusa — Esquece. Vai, me conta a história da masoquista.

Dessa vez Nadine gargalha e leva as duas mãos ao próprio rosto, enquanto eu apenas observo, encantada tal qual uma adolescente com uma queda por alguém.

— Te conto um outro dia — Ela murmura, voltando a si — Que horas você tem aula?

— Eu tenho que estar na faculdade antes das oito — faço uma careta.

— Ah, então a gente ainda tem tempo — ela se ajeita melhor na cama — Quer ficar aqui mais um pouquinho? — Assinto com a cabeça e Nadine abre um pouco os braços, como se estivesse me convidando pra me aproximar.

Eu deslizo pelo colchão até perto dela, cudando pra que o edredom não saia de cima de mim e me aconchego ao seu lado, mas pra minha surpresa seus braços me envolvem.

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