Dezessete

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Narrador

𝓝o lado de fora, o dia ainda está claro, mas o sol já começa a se pôr, já que já se passaram das sete da noite. Nadine, Beatriz e Pietra estão no sofá da sala. Pietra tem a cabeça no colo da irmã, enquanto os pezinhos descansam nas pernas já cobertas por um vestido da mãe.

— Acho que eu não vou — Nadine diz, fazendo coceguinhas nos pés da filha com mais intensidade.

Beatriz, mexendo no celular, olha para a mãe e levanta uma sobrancelha.

— Vai sim, mãe. Você precisa se divertir um pouco — Ela incentiva, com um sorriso — Vai que você encontra um filé por lá. — Bia pisca.

Nadine ri, balançando a cabeça.

— Nossa, Beatriz. E depois a velha sou eu — Ela responde, meio brincando — Quem tá te ensinando a falar assim, hein?

Pietra, confusa, levanta a cabeça do colo da irmã e olha para ela com olhos curiosos.

— Mas filé não é de bicho? A mamãe não come.

Beatriz ri, estendendo a mão para bagunçar levemente o cabelo da irmã.

— Não é desse filé que a gente tá falando, Pi — Ela explica.

Pietra ainda parece confusa, mas se deixa relaxar novamente no colo da irmã mais velha.

— Vai ser estranho, sabe — Nadine confessa, olhando para Beatriz — Faz tempo que não vou a uma festa, festa, com jovens e tudo mais.

— Vai ser bom pra você, mãe — Bia insiste — Além disso, você tá linda. Merece se divertir.

Nadine sorri. Ela dá um beijo nos pezinhos de Pietra, cobertos por um par de meias de bolinhas coloridas e olha para o relógio da TV mais uma vez.

— Talvez você tenha razão — admite, ainda um pouco hesitante — Mas se o seu pai não chegar logo, ai sim eu acabo desistindo.

— Ele vai chegar — Beatriz assegura, confiante — E nós vamos ficar bem. Vai lá, aproveita.

— Também acho que você tem que ir, mamãe — Pietra diz enquanto mexe os pés pedindo mais cócegas.

Nadine sorri, sentindo o coração aquecido e suspira, finalmente se permitindo relaxar um pouco.

— Tá bem, eu vou — Nadine decide, com um sorriso — Mas só porque vocês insistiram.

Beatriz e Pietra sorriem uma para a outra. As três continuam conversando e rindo, esperando a chegada do pai das meninas, enquanto Nadine começa a se preparar mentalmente para ir a um lugar com pessoas que não tem nada a ver com ela, com nenhum intuito.

Uma buzina toca do lado de fora, interrompendo a conversa. Pietra pula do colo da mãe e grita animada:

— É o papai!

Nadine sorri e repete:

— É o papai!

— Vou buscar um negócio no quarto. — Beatriz pula pra fora do sofá e sobe as escadas com passos rápidos.

Nadine veste um par de tênis nos pés da filha, pega a mochila da escola dela e as duas caminham de mãos dadas até o lado de fora, onde um carro cinza está estacionado.

— Oi, Samuca. — Nadine abre um sorriso.

Samuel, com seus cabelos grisalhos bem penteados, sorri de volta.

— Oi, Nadine. Oi, pequena! — Ele cumprimenta Pietra, que faz o mesmo enquanto entra do automóvel.

Nadine abre a porta de trás do carro e arruma Pietra na cadeirinha de elevação. A pequena está usando uma jardineira jeans com uma camisa listrada. Nadine dá um beijo na bochecha de Pietra, deixando uma marca vermelha de batom.

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