Nove

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Victoria

𝒯ermino de ajustar a minha sandália quando o interfone começa a tocar. Me olho no espelho de forma rápida, o meu cabelo solto e finalizado combinando perfeitamente com o vestido que eu escolhi, preto, longo e com um decote joia e uma fenda alta na perna esquerda.

Dou passos rápidos pra fora do quarto e atendo o aparelho, ouvindo a voz de seu Jerônimo.

— Boa noite — cumprimento ele com uma voz animada.

— Boa noite, Victoria. A sua amiga... — A linha fica em silêncio por alguns segundos — Nadine já está aqui na portaria.

— Entendido — Levo meu olhar até Clara no sofá com um pedaço de pizza, coisa que ela me mataria se eu fizesse — Obrigada por avisar, eu já estou descendo.

Volto pro meu quarto e borrifo novamente o meu perfume em mim, pego minha bolsa, que só tem um cartão, celular e as chaves de casa dentro e antes de sair, agarro o guarda-chuva parado ao lado da saída e a blusa de Nadine, já seca e dobrada de cima do móvel.

— Tchau — me despeço de Clara e fecho a porta antes que ela responda.

Entro no elevador já me analisando nos espelhos. Não me bajulando, mas eu realmente estou linda.

Passo a mão pelo cabelo e me lembro de tirar uma foto antes que eu chegue ao térreo. Tiro o celular da bolsa e faço uma careta pro espelho enquanto clico no botão.

O elevador me avisa que já estou quase chegando e eu guardo novamente o celular, me arrumando em frente às portas.

Saio do elevador e caminho pelo pequeno corredor que me leva até a portaria, cumprimento novamente seu Jerônimo e do lado de fora do prédio, vejo Nadine através das portas de vidro, apoiada em seu carro, com os braços cruzados e agindo como se também conseguisse me ver.

Atravesso a entrada e me aproximo dela, que sorri quando eu chego perto do carro e tira a blusa e o guarda chuva das minhas mãos.

— Boa noite, Victoria — A mulher diz enquanto abre a porta do passageiro pra mim como se fosse a minha motorista. Consigo ouvir o som das pulseiras, hoje douradas, em seu braço, batendo umas contra as outras.

— Boa noite, Nadine — respondo com um sorriso nos lábios, enquanto entro no carro e me sento no assento luxuoso, feito de um material elegante que parece abraçar o meu corpo.

Sinto o doce aroma de maça que parece sempre acompanhar Nadine ficar ainda mais forte quando ela também se senta no banco do motorista, enquanto joga as coisas que estava segurando no banco traseiro, ao lado do que eu posso ver que é a bolsa dela.

Sem trocar palavras, nossos olhares se encontram brevemente, e um sorriso surge entre nós. Então, Nadine assume o volante e delicadamente sai da vaga, eu sinto a adrenalina crescer quando o motor ronca baixo ao começar a acelerar.

Enquanto entramos na estrada, ela vira para mim com um sorriso radiante e consigo ver seu olhar descendo até as minhas mãos, que seguram a minha bolsa.

— Você está linda.

Quando ela fala, eu não posso deixar de notar o quão incrível ela está hoje. Nadine está vestindo uma calça de alfaiataria preta que valoriza sua silhueta, combinada com uma blusa fluida da mesma cor com um decote em V e uma elegante bota preta até o tornozelo, com um salto fino.

— A senhora também — Falo com um tom brincalhão e ela vira para mim com uma expressão de surpresa fingida, seus olhos se estreitam levemente, mas logo ela cede a um sorriso e volta o olhar pra estrada.

Tic-Tac do Destino | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora