Narrador
𝒜 primeira coisa que Nadine vê quando põe os pés em sua sala é a rosa vermelha, envolta em um embrulho transparente, descansando em sua mesa. Ela gira nos calcanhares e seus olhos imediatamente encontram os de Victoria. A estagiária está sentada à sua mesa, ligeiramente afastada, a olhando por cima do computador, com a ponta dos lábios se erguendo e brincando com a ponta do cabelo.
Nadine não consegue evitar um sorriso bobo. Ergue as sobrancelhas e encara a jovem, encolhendo os ombros como um gesto de agradecimento. Vic coloca a língua entre os dentes e apoia o queixo na mão direita, voltando a atenção ao monitor.
— Ai que bonitinha você — Renata comenta, fazendo a mulher perceber que não está sozinha.
Nadine finalmente entra. Ela tira o sorriso besta do seu rosto e fecha a porta com um baque de leve.
— Você é pior que assombração — diz, colocando a bolsa ao lado do sofá, próximo à colega.
— Anteontem um lírio, ontem uma margarida e hoje uma rosa. Eu sei que você tá gostando dessas flores — ri e retira mais uma folha de cima do montinho que está segurando. Ela levanta o olhar — Mas não achei que fosse tanto a ponto de te fazer sorrir feito uma adolescente apaixonada — Debocha.
A diretora atravessa a sala, passando a mão pelos cabelos e finalmente se escorando na escrivaninha.
— Não posso mais sorrir, é?
— Nesse lugar você é a pessoa mais séria que eu conheço, então ver você sorrir como uma doida apaixonada não é uma imagem muito comum pra mim.
Nadine pega a rosa com delicadeza, examinando cada pétala vermelha e sentindo o perfume doce que a invade. Ela solta uma risada suave e responde:
— Eu nunca sorrio como uma doida apaixonada.. — reclama.
— Você sabe que sim — retruca, sem tirar os olhos da pasta — E eu sei muito bem a razão disso, aliás — acrescenta.
— E qual seria a razão disso? — pergunta, tentando manter um ar de desinteresse enquanto dobra o celofane com a ponta dos dedos.
— Ai, por favor, Nadine — Renata resmunga, sorrindo maliciosamente — Só se eu fosse homem pra ser tão lerda assim, né? — ela solta uma risadinha zombeteira enquanto levanta os olhos dos papéis na mão e os leva para a direção da janela.
— Você é um pé no saco, sabia? — bufa alto, olhando fixamente para a mulher de tranças — Vai me obrigar a admitir com todas as letras que eu tô enrolada com ela?
— Não preciso te obrigar a nada. É só ver o jeito que a menina te come com os olhos — ela dá de ombros, com um sorrisinho brincalhão nos lábios — Mas eu quero a confirmação antes da fofoca se espalhar, viu?
Nadine arregala um pouco os olhos, fitando horrorizada as orbes escuras à sua frente.
— Por acaso as pessoas andam... Fofocando? — pergunta, com um pingo de nervosismo na voz.
— Ai, é claro que não — ela dá de ombros, se levantando do sofá e se aproximando da outra mulher — Mas vão começar se vocês continuarem a rir descontroladamente na copa.
— E a gente riu descontroladamente na copa quando?
Renata permanece em silêncio, balançando a cabeça ao mesmo tempo em que procura um documento em sua pasta, e quando finalmente o acha, o coloca na mesa.
— Foi você mesma quem indicou a empresa das câmeras que rodeiam a minha casa — fala brincando, indo em direção à porta da sala.
Nadine abre a boca, mas não diz nada. Ela franze o cenho, deixa a rosa na mesa e leva a mão à nuca, voltando a compor a figura de chefe inabalável. Ela se desencosta antes de falar:
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Tic-Tac do Destino | ⚢
RomanceVictoria conhece uma mulher em uma boate e, diga-se de passagem, fica caidinha por ela. Elas conversam, mas Vic acaba indo embora, achando que nunca mais a veria. Dias depois, o irmão de Victoria a convida para conhecer a família da namorada dele. A...