Trinta e sete

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Victoria

— Você está linda nos últimos dias — Nadine comenta, com os cotovelos apoiados no volante, ainda com um sorriso radiante nos lábios — Você fica ainda mais linda quando feliz.

— Ah, é? — pergunto, tentando soar debochada, mas falhando miseravelmente, enquanto desvio o olhar, sentindo as bochechas esquentarem igual elas ficaram no dia inteiro.

Ela dá um sorrisinho e coloca o rosto no punho, esticando o braço até o meu cabelo e brincando com uma mechinha.

— E você não faz ideia de como essa sua felicidade me deixa feliz.

— E eu fico mais feliz ainda sabendo que a minha felicidade te deixa feliz — murmuro, antes de inclinar-me para frente e imitar a sua posição com o porta-luvas.

Ela ri baixinho, e eu suspiro, deslizando a ponta dos dedos pelo dorso da sua mão. Ela parece ficar absorta, encarando enquanto desço para o pulso dela, chegando a metade do antebraço, antes de passar novamente para a mão.

Pego a sua esquerda e faço o mesmo, levantando a manga da camisa dela até o cotovelo. Ela permanece imóvel enquanto eu observo a sua pele, tão suave e macia, e tão gostosa de se tocar.

Nadine abre um pequenino sorrisinho, parecendo meio distraída, e me olha.

— O que é? — pergunta, com a doce.

— Nada, só... gosto de olhar pra você.

Ela solta um risinho, apoiando a cabeça no assento e virando-a para mim.

— Você sempre fala a mesma coisa — responde, com o olhar travado no meu.

— E vou continuar falando — digo, encostando no assento também, apoiando o braço nele e me aproximando um pouco mais dela — Todos os dias, se necessário.

— Isso vai ser necessário — Nadine murmura com um sorrisinho, antes de inclinar-se na minha direção e deixar um beijinho no canto dos meus lábios enquanto passa a mão de leve no meu pescoço.

— Será que eu vou conseguir fazer isso? O meu tempo já está acabando.

— Ai, Victoria, que horror! — Ela vira o rosto para o lado de fora do carro, perplexa — Não fala assim.

Ela olha para mim novamente, com uma expressão que é algo entre triste e incrédula.

— Estou falando sério! — insisto, apoiando a bochecha na mão enquanto levanto a sobrancelha — Tá acabando a mamata de me ver todos os dias no trabalho.

Nadine revira os olhos e passa a mão no cabelo, suspirando.

— Mas não é só isso — continuo e ela suspira novamente — Você não vai poder mais me beijar durante a hora de almoço.

— Claro que vou!

— Vai me pagar um almoço todos os dias?

— Pode acreditar que eu vou — diz, erguendo as sobrancelhas, parecendo determinada — E depois eu te arrasto pro prédio e te beijo na frente de todo mundo.

Dou risada e mordo o lábio, apoiando o braço no encosto do banco do carona enquanto a observo, quase maravilhada.

— Só Deus sabe como eu me segurei durante quase três meses pra não acabar invadindo a sua sala... — confesso, a minha voz soando mais baixinha.

— Ah, me poupe. Você mal conseguiu manter as mãos longe de mim, não vem me falar que se segurou três meses com muito mérito.

— Mas eu me segurei! — argumento, levantando as mãos enquanto me afasto, numa tentativa de parecer indignada.

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