Doze

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Victoria

𝒜cordo com os primeiros raios de sol invadindo o quarto. Cubro o rosto com as mãos e olho pro meu lado direito, agora vazio, mas arrumado.

Me levantei devagar e me sentei, me espreguiçando enquanto os pensamentos da noite anterior voltam à minha mente. Olho ao redor, confirmando que não foi apenas um sonho. Eu realmente dormi na mesma cama que Nadine.

Antes que eu possa me perder em devaneios, a porta do banheiro se abre e ela sai de dentro, deslumbrante como sempre, com o cabelo totalmente liso e alinhado, diferente de ontem e um sorriso radiante iluminando seu rosto. Ela está vestida em uma calça jeans de lavagem preta , uma blusa social branca e um mocassim preto nos pés.

— Bom dia, Victoria — disse ela, com aquela voz suave que parece sempre acariciar meus ouvidos. Seu sorriso se alarga quando percebe o meu olhar surpreso. — Te acordei?

— Não — Sacudo a cabeça — Só tô surpresa por você estar tão linda tão cedo.

Ela se aproxima, arrumando um brinco na orelha enquanto me estuda com um brilho travesso nos olhos.

— Tive que me levantar cedo para me certificar de que você não fugisse enquanto eu dormia.

Rio, sentindo uma leve pontada de nervosismo desaparecer.

— Não tinha como escapar mesmo que eu quisesse. Você é muito boa em me manter por perto.

Nadine dá de ombros com um sorrisinho e se afasta lentamente, mantendo seus olhos fixos nos meus, como se estivesse tentando decifrar meus pensamentos.

— Vou fazer um café — ela anuncia, desviando o olhar por um momento antes de voltar a me encarar — Você pode ficar aqui e se arrumar, se quiser.

Assinto.

— Nadine — digo, lembrando da existência do meu celular.

— Diga.

— Sabe onde eu deixei a minha bolsa? — Pergunto, começando a me levantar.

Nadine aponta com o olhar para o cabideiro perto da porta e sai corredor a fora. Me levanto e finalmente me espreguiço, massageando um músculo da minha coxa.

Caminho em direção ao cabideiro, onde avisto minha bolsa pendurada. Apanho meu celular de dentro dela e desbloqueio a tela para verificar a hora. São quase nove horas da manhã, mais tarde do que eu imaginava.

Guincho as minhas sandálias com os dedos e vou até o banheiro, lembrando que deixei ele dobrado sobre a privada. Abro a porta e vejo ele em um cabide de madeira ao lado da porta. Dou um sorriso ao ver que o tecido não está amassado e que alguém pensou nisso.

Tiro o pijama e visto o vestido, sentindo sua maciez contra minha pele. Dou uma olhada rápida no espelho, ajustando alguns detalhes antes de passar um pouco de água no rosto para despertar completamente.

Saio do banheiro e volto ao quarto, onde me sento na beira da cama para calçar minhas sandálias. Enquanto amarro as tiras, sinto uma sensação de expectativa borbulhando dentro de mim, mas balanço a cabeça afastando o pensamento. Nada de esteriótipo de lésbica emocionada aqui não, eu hein.

Com as sandálias finalmente nos pés, me levanto e ajusto o vestido uma última vez antes de arrumar a bagunça que eu fiz, deixando o conjunto de pijama dobrado nos pés da cama.

Saio do quarto e meu olhar percorre o corredor do andar de cima, iluminado pela luz suave que entra pelas janelas. Quadros alinhados nas paredes decoram o lugar.

Caminho pelo corredor, passando pelas portas de outros cômodos. Ao descer as escadas, sinto uma sensação de liberdade misturada com uma pitada de surpresa. Nadine me deu permissão para andar pela casa dela sozinha. Eu poderia roubar tudo e sair correndo. Quem sabe eu faça isso.

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