Vinte e um

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Victoria

𝒫ulo da cama antes mesmo do despertador tocar. Visto uma calça social e jogo um blazer roubado de Clara por cima. Penteio meu cabelo e faço um rabo de cavalo que eu sei que até a tarde vai estar horrível. Coloco a sapatilha de bico fino menos estravagante que tenho e saio do quarto.

Entro na cozinha e, como sempre, Clara está fazendo algo para comer. Virada de costas pra mim, me dá um "oi" e eu me jogo em uma das cadeiras. Puxo o celular e vejo as mensagens de não lidas do meu irmão e de bom dia da minha mãe, mas só isso, nenhuma outra notificação vinda de ninguém.

A porta da frente se abre e pra minha surpresa Ana passa por ela, carregando um buquê de rosas vermelhas e brancas nas mãos.

— Que lindas! Só recebendo flores pra você acordar cedo, né?

Ana ri com sarcasmo, fechando a porta e fazendo Clara comentar alguma coisa também.

— Não são minhas — diz, se aproximando e entregando o buquê nas minhas mãos, com um sorriso no rosto.

Levo a mão até a boca, percebendo que eu provavelmente estou rubecendo e Ana me dá um chute.

— Tem um bilhetinho aí.

Pego o buquê e puxo o bilhete cor de rosa, gravado com o nome "Pétalas de Amor". O abro e começo a ler as palavras digitalizadas.

"Bom dia, Victoria!
Espero que seu primeiro dia seja tão incrível quanto você é.
Boa sorte.
Com carinho,
Nadine"

Minhas pernas começam a se mover em uma ansiedade inconsciente, meu coração acelera e eu sinto vontade de enfiar o rosto nas flores, com um sorriso se espalhando pelo meu rosto. Releio e sinto minhas bochechas esquentarem ainda mais.

Clara se vira totalmente agora, trazendo a frigideira em uma mão e a espátula em outra. Com um sorriso ainda maior que o meu.

— São dela?

— São dela... — sinto o aroma que chega até a me lembrar do cheiro de Nadine.

Ana revira os olhos, se sentando ao meu lado e mordendo os lábios pra conter um sorriso.

— Eu tô começando a me apaixonar por ela ainda mais do que você. — diz Clara, voltando a se concentrar na omelete.

— Não acho que seja possível — murmuro, não desviando os olhos das rosas e pensando no que fazer com elas com um sorriso bobo no rosto.

𖦹

— Vai arrasar, Vi. — Luiz diz com um sorriso encorajador no rosto, enquanto nos aproximamos de um prédio com o nome "Frangbergen's" gravado em letras prateadas na fachada.

— Obrigada. — respondo, tentando parecer mais confiante do que me sinto. — Eu espero.

Ele para o carro em frente à entrada e eu saio, pegando minha bolsa. Antes de fechar a porta, ele me chama de volta.

— Ei, Vi! — diz ele. — Lembra que, qualquer coisa, eu tô só a uma ligação de distância.

— Sei disso. — digo, sorrindo. — Tchau.

Entro no prédio, minha ansiedade (eu, uma pessoa que sempre acreditou não ser ansiosa) crescendo a cada passo. A recepção é ampla e moderna, com paredes de vidro e um balcão elegante. Atrás dele, uma mulher mais velha, com o cabelo curto e bem penteado, sorri para mim.

— Bom dia! — ela diz, com uma simpatia em sua voz. — Em que posso ajudá-la?

— Bom dia. — respondo, tentando não parecer nervosa e tirando meus documentos da bolsa. — Meu nome é Victoria Costa, é meu primeiro dia aqui.

Tic-Tac do Destino | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora