𝟓

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    Konoha estava bastante movimentada naquele horário e era ainda mais bela sob a luz do sol. Os moradores estavam andando para lá e para cá, cuidando de suas vidas e trabalhando. No caminho, passamos por algumas construções em processo de conclusão e por várias mulheres grávidas, o que me fez pensar que muitas daquelas pessoas estavam sendo inteligentes o bastante para constituir suas próprias famílias após o período mais crítico da guerra, sob a proteção de uma nação e de um líder poderoso.

    Sem dúvidas, dentro de alguns meses, a aldeia estaria cheia de bebês que deixariam o Hokage com os cabelos em pé.

— Está com fome?

    A pergunta de Tobirama me fez notar sua presença. Admirar os detalhes da aldeia tinha me feito esquecer dele por um tempo, mas ele fazia questão de mostrar que estava ali.
    E eu não respondi.

— Até quando pretende me ignorar, Khione?

    Tobirama parou de andar e eu continuei até ser impedida. Ele apenas encostou no meu pulso e eu logo parei de caminhar, ficando imóvel diante dele. Bem no fundo, era o que eu queria fazer.

— Sei que está zangada porque pensa que eu agi de acordo com as minhas próprias vontades e que ignorei as suas, mas foi por um bom motivo e você sabe disso.

— Eu queria aceitar a sua ajuda, mas não estava pronta para isso naquele momento. Você não ignorou as minhas vontades, como também me tirou o direito de escolher!

— Mas você ainda pode escolher. Pode ir embora, se quiser. Por que não vai?

    Me senti desafiada.
   
— Eu não posso abandonar a chance de encontrar a minha família e reconheço que ter o auxílio do Hokage é uma vantagem enorme, mas isso não muda o fato de que estou chateada com você pelo que fez. Você me envenenou!

— Eu quero me redimir, mas preciso de uma abertura.

    Percebi que Tobirama ainda estava segurando o meu pulso e não tentei me soltar. Ele se aproximou, quase colando o corpo no meu, inclinou a cabeça e sussurrou bem perto do meu ouvido:

— Preciso de uma abertura para conseguir entrar.

    Meu rosto esquentou e eu recuei imediatamente, usando ambas as mãos para empurrar Tobirama para longe de mim. Olhei ao redor e fiquei ainda mais constrangida quando me dei conta de que estávamos no meio de uma rua bastante movimentada, mas ninguém que passava por ali ouviu aquelas palavras e isso me tranquilizou um tanto.

— Eu posso até me deixar levar pelo seu charme, mas as consequências disso não me farão mudar de ideia. Esse não é o jeito certo de se redimir.

    Tobirama estava rindo, se divertindo com as minhas reações às provocações dele. Eu arriscaria dizer que ele estava mais feliz agora do que quando nos encontrávamos escondidos na mata, mas não tinha certeza. Lá fora, era eu quem o provocava daquela maneira. E eu nunca recusava nada que ele me pedia.

— Nem se eu fizer você gritar por umas duas horas?

    Tobirama não estava mais sussurrando no meu ouvido, então aquelas palavras foram ditas em alto e bom som.
    Entrei em desespero.

— Pare... de falar! -vociferei, fechando os olhos na tentativa de esconder o constrangimento.

— Duas horas? Tudo isso? É o tempo do meu aquecimento.

    Quando ouvi o tom irônico vindo de uma voz conhecida, cogitei fugir dali. De todas as pessoas que passavam por nós, a única que ouviu aquelas palavras foi Madara. Justamente ele, dentre tantas outras opções.
    Qual seria o limite da minha falta de sorte?

𝐀𝐤𝐚𝐢 𝐈𝐭𝐨 • 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆 𝑼𝒄𝒉𝒊𝒉𝒂𝒔 𝒆 𝑺𝒆𝒏𝒋𝒖𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora