𝟏𝟏

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    Depois de preparar uma ótima refeição, lavei o tecido que cobria a almofada do fūton e o pendurei sob a luz do sol, no quintal. Aproveitei para dar uma olhada no jardim, lamentando pelas flores mortas que precisei arrancar dali. Decidi limpar tudo e preparar o solo para receber as novas mudas que eu plantaria em breve, pois minha mãe ficaria feliz ao chegar e encontrar um jardim saudável.

    Revirando a terra úmida na tentativa de me distrair, falhei. Ainda que eu me esforçasse muito, era impossível parar de pensar na declaração de Tobirama e em como eu havia sido covarde ao lidar com os sentimentos dele. Não era como se eu não sentisse o mesmo, mas seria necessário conversar com as minhas irmãs – principalmente com Kalliope – antes de tomar qualquer decisão.

    Me doía saber que os meus irmãos não faziam ideia de que eu estava emocionalmente envolvida com alguém e eu não seria capaz de me entregar sem consultar a minha família. Não me parecia certo. Nós sempre contávamos uns com os outros para tomar decisões e falar sobre os nossos próprios sentimentos, então por que somente eu teria que fazer isso sozinha?

    A verdade era que eu estava tão preocupada e ansiosa por conta da missão de busca e resgate que não era capaz de dar atenção às outras questões. Eu me importava com a declaração de Tobirama, por óbvio, e validava os seus sentimentos, mas não conseguia me preocupar com isso. Não em um momento tão delicado para mim.

    Além disso, o Senju demonstrara bastante maturidade ao lidar comigo. Quando terminamos o ato e eu cogitei fugir da minha própria casa somente para não falar sobre o assunto, ele me tranquilizou e garantiu que respeitaria o meu tempo.
    Agradeci aos deuses por isso.
   
Khione?

    Deixei os pensamentos de lado quando ouvi o meu nome ser chamado. Ergui o olhar e certamente empalideci por conta da surpresa. De todas as pessoas que poderiam me visitar, a noiva de Madara era a mais inesperada.

— Parece que viu um fantasma. -comentou ela, bem-humorada.

    Dei o meu sorriso mais receptivo e parei de revirar a terra, me colocando de pé. Azura era uma senhora simpática, apesar do noivo carrasco que tinha, e ser rude com ela estava fora de cogitação.

— Peço desculpas, eu não estava esperando pela sua visita. -respondi.

— Sou eu quem deve se desculpar por chegar assim, tão de repente. Descobri que somos vizinhas, então pensei que seria educado dar as boas-vindas e me apresentar. Sei que ficou preocupada naquele dia, mas saiba que minha saúde está ótima. Me chamo Azura e moro bem perto daqui, dentro do Distrito Uchiha.

    Ela era adorável e aquilo não podia ser fingimento.
    Minha intuição não estava completamente adormecida, apesar de estar sendo afetada pelos limitadores, então eu ainda era capaz de identificar uma aura pura e reconhecer suas boas intenções. Pessoas gentis não mereciam qualquer desrespeito.

— Sou Khione e é um prazer. -respondi enquanto limpava as mãos sujas de terra na barra da camisa. — Entre, por favor.

    A idosa hesitou, olhou por cima do ombro e por fim concordou. Tive a impressão de que ela estava receosa, talvez por desconfiar de mim ou por medo de que o noivo descobrisse que ela insistia em falar comigo. Não seria nenhuma surpresa se Madara impusesse restrições na relação de Azura comigo, mas ainda assim, priorizei a gentileza e não o medo que sentia dele.

— Eu aceito, muito obrigada.

    Sua resposta me surpreendeu.
    Azura se locomovia devagar, talvez por precaução, mas era enérgica e muito lúcida. Eu nunca tivera contato com idosos, então não sabia o jeito certo de tratá-la. Sendo assim, andei ao lado dela até o sofá e posicionei uma almofada macia na altura de suas costas. Depois disso, fui até a lareira.

𝐀𝐤𝐚𝐢 𝐈𝐭𝐨 • 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆 𝑼𝒄𝒉𝒊𝒉𝒂𝒔 𝒆 𝑺𝒆𝒏𝒋𝒖𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora