𝟏𝟔

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    Verena modificou o tratamento de Khione, que reagiu bem à nova dosagem e aos novos medicamentos. Dois dias depois da internação, a moça já estava pronta para ir embora e sua irmã, Kalliope, ajudou-na a levar os seus pertences de volta para a casa. Durante o percurso, as duas conversaram bastante:

— O novo tratamento me agrada. Na minha opinião, é menos agressivo. -comentou Kalliope.

— Torço para que as convulsões não voltem a ser um problema. Eu não lido com elas há um bom tempo e pretendo nunca encará-las novamente.

— Torcemos para que elas desapareçam.

    A única opção era torcer.
    E orar pela misericórdia dos deuses.

— O que aconteceu durante os meus dias de ausência? Alguma novidade?

— Nada referente à missão de Busca e Resgate, mas eu tenho sim uma novidade pessoal.

— O que você andou aprontando?

    Kalliope sorriu divertida e respondeu baixinho:

— Kagami Uchiha cedeu aos meus encantos.

    A caçula parou de andar, atônita.

Vocês…?

— Sim! Entretanto, eu não pretendo repetir a dose. Confesso que foi agradável e que me deixou satisfeita, mas não haverá uma segunda vez.

— Então por que você quis uma primeira?

— Eu sempre ouvi falar sobre o fogo que há no sangue dos Uchiha e fiquei curiosa a respeito disso. Os boatos são verdadeiros, de acordo com a experiência que tive. Ele foi enérgico e… quente, resumindo brevemente. Porém, era apenas curiosidade de minha parte.

    Khione não se importava com as atividades sexuais de Kalliope, mas tais relatos lhe trouxeram memórias antigas e ela decidiu falar sobre isso. Era interessante finalmente poder falar sobre a vida de outra pessoa além da sua própria.

— Lembro-me de ouvir as reclamações de Kaillani a respeito da sua libertinagem. Ela não gostaria de tomar ciência sobre tais relatos.

— Kaillani sabe ser insuportável quando quer, mas eu confesso que negava o óbvio. Sempre fui libertina e hoje reconheço isso.

    As duas riram da “confissão” de Kalliope.
    Após alguns minutos, quando recobraram a seriedade, Khione prosseguiu:

— Você pretende construir uma vida aqui, irmã? Pensa em algum dia ter filhos e um marido?

    A mais velha sorriu sem mostrar os dentes enquanto mirava os próprios pés, parecendo distante. Depois de pensar um pouco, ela respondeu:

— Acredito que nós duas nunca falamos sobre isso porque você era muito tímida e reservada. Eu meio que não queria corrompê-la ao relatar as minhas experiências, mas você amadureceu e já está vivenciando suas próprias. Sinto que agora, finalmente, posso ser sincera e transparente com você.

    Khione balançou a cabeça em concordância e Kalliope prosseguiu:

— Eu iniciei as minhas atividades sexuais com 12 anos e foi porque eu quis. Por muito tempo, somente eu e a mamãe soubemos disso. Ela me aconselhou e me medicou para evitar filhos e doenças do sexo, visto que isso era tudo o que ela podia fazer por mim. Controlar os meus impulsos sempre foi impossível e eu já perdi as contas de quantos homens me possuíram. Parei de contar aos 15 anos.

    A caçula entreabriu os lábios, mas não soube o que dizer e então se calou. A conversa teve uma pausa quando as duas chegaram em casa, mas Kalliope continuou falando assim que colocou as sacolas no chão da cozinha.

𝐀𝐤𝐚𝐢 𝐈𝐭𝐨 • 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆 𝑼𝒄𝒉𝒊𝒉𝒂𝒔 𝒆 𝑺𝒆𝒏𝒋𝒖𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora