𝟏𝟒

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— Irmã, que casa linda!

    Kalliope ficou boquiaberta ao conhecer a residência de Khione. Para ela, a humilde moradia era tão incrível quanto um castelo e foi necessário muito autocontrole para não cair em lágrimas de pura emoção.

— Parabéns pela conquista, Khiô!

    A mais velha cantarolou enquanto saltitava até a lareira.
    Khione observou tudo e pensou no quão boba Kalliope conseguia ser quando estava animada.

— Não é uma conquista. Eu ganhei a casa e tudo o que está dentro dela, inclusive as roupas.

— É uma conquista, sim. Você acha que eu ou Kaillani conseguiríamos conquistar a confiança de alguém ao ponto de ganharmos uma casa e roupas novas? Esse é um dom que somente você e Kallias têm. Pare de se diminuir!

    Kalliope não sabia verbalizar o quão orgulhosa estava, mas Khione era capaz de entender isso. Foi um alívio perceber que a conexão entre elas não diminuira ou enfraquecera mesmo depois de dois anos. Com isso em mente, a caçula sorriu.

    Depois de espiar cada canto da casa, Kalliope parou no meio do quarto e apoiou ambas as mãos na cintura.

— Eu preciso lavar o corpo.

    Khione riu.

— Nitidamente, precisa mesmo.

— Há! Engraçadinha. -a mais velha revirou os olhos. — O que acha de irmos até o rio? Tem um bem perto daqui, 3km além dos muros.

    A caçula recuou por costume.

— Não sei se é uma boa ideia. Tenho medo de me perder de você novamente.

— Precisamos viver, Khiô, mesmo com medo. Tomar banho de rio sempre esteve no topo da nossa lista de atividades favoritas. Além disso, é verão e a temperatura da água deve estar perfeita!

— E como estão os seus sensores?

— Eu alcanço até 5km e o rio fica há 3km dos muros. Se alguém se aproximar, voltamos bem rápido e informamos o Hokage. E devo acrescentar que nós não seremos pegas porque somos imperceptíveis, esqueceu?

   Kalliope e Khione foram as filhas que mais deram dor de cabeça aos pais, pois apreciavam os pequenos prazeres da vida e burlavam as regras somente para fazerem uso do simplório direito de viver. A doença não foi capaz de impedir as duas de agirem com imprudência, então as regras impostas pelo Hokage rapidamente deixaram de fazer sentido. Khione não precisava mais agir de acordo com a vontade de terceiros e Kalliope havia reencontrado a sua parceira, podendo finalmente voltar a se divertir.

    As irmãs chegaram no rio e deixaram as roupas limpas penduradas no galho mais baixo de uma árvore próxima. Nuas, elas mergulharam e se deliciaram com a sensação de liberdade que um simples banho podia lhes proporcionar. Khione teve certeza, naquele instante, de que era absolutamente incapaz de viver sem a sua querida irmã.

— Eu não estou sentindo nenhuma presença dentro de 5km, de nenhuma das direções. -informou Kalliope, apoiando os cotovelos na margem do rio. — Estamos seguras, então vamos conversar um pouco?

    A caçula relaxou na margem ao lado da irmã e balançou a cabeça, concordando.

— Temos muitos assuntos pendentes, não é? Sobre o que você quer falar primeiro?

— Estou bastante curiosa a respeito de Tobirama.

    Khione se encolheu, desconfortável, mas não demorou para se lembrar de que falar sobre ele não seria um problema. Pelo contrário, falar sobre ele era necessário.

𝐀𝐤𝐚𝐢 𝐈𝐭𝐨 • 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆 𝑼𝒄𝒉𝒊𝒉𝒂𝒔 𝒆 𝑺𝒆𝒏𝒋𝒖𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora