𝟏𝟑

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    Exausto e preocupado demais para ficar preso em sua própria casa, Hashirama decidiu trabalhar. Pouco a pouco, as pilhas de relatórios pendentes diminuíram até sobrar apenas uma. Satisfeito e finalmente pronto para descansar, o Hokage observou o céu noturno e se permitiu refletir sobre todas as questões que tiravam a sua paz. Afinal de contas, ignorar os problemas não os faria desaparecer.

    Apesar de ter fundado a aldeia com o intuito de viver uma vida pacífica, Hashirama raramente se via tranquilo. A maneira como os Uchiha eram vistos pelo povo e as atitudes grotescas de Tobirama a respeito disso, a união infeliz com Mito e as turbulências causadas pela chegada de Khione eram alguns tópicos importantes na sua lista de preocupações. Uma lista que crescia mais a cada dia.

    Entretanto, não havia nada tão ruim que não pudesse piorar.
    Enquanto refletia a respeito da própria vida e perdia mais uma noite de sono, Hashirama sentiu a aproximação de alguns dos seus homens e precisou se recompôr. Ele passou ambas as mãos pelo rosto, tomou assento em sua cadeira e aguardou pelas notícias que estavam prestes a chegar – torcendo para que fossem boas.

    Um dos homens bateu à porta com bastante sutileza.

— Entrem!

    Hashirama estava sorrindo com gentileza quando a equipe adentrou o escritório, mas o seu sorriso desapareceu imediatamente ao perceber que os shinobi não estavam sozinhos. Havia uma mulher entre eles. Uma mulher absolutamente imperceptível.

— Ela tentou seduzir um dos nossos guardas para obter informações sobre nós. Por sorte, conseguimos capturá-la.

    Hashirama se colocou de pé e se aproximou com cautela.
    A cabeça da moça estava abaixada, mas não havia qualquer dúvida. A julgar pela falta de chakra, só podia ser uma das irmãs de Khione.

— Qual guarda?

— Eu, senhor. -respondeu Kagami, dando um passo à frente. — É meu dever informar que essa moça não agiu com agressividade ou desrespeito. Ela fez perguntas sobre o sistema de segurança da aldeia e principalmente sobre os nossos hóspedes. Essa mulher está procurando pela família.

    O Hokage estalou os dedos para um dos Shinobi, sem tirar os olhos da moça. Depois de tantos problemas, finalmente, uma solução. O entusiasmo era tanto que Hashirama precisava se esforçar para não sorrir.

— Vá buscar a irmã dela, agora!

    O rapaz obedeceu de prontidão, saindo pela janela do escritório.
    Muito curioso a respeito da recém chegada, o Hokage se aproximou dela e tentou ser simpático – algo que ele sabia fazer muito bem.

— Você deve ser Kalliope.

   Pronunciar o nome dela foi o suficiente para convencê-la a erguer a cabeça e ver o rosto dela foi o suficiente para que Hashirama ficasse encantado e hipnotizado pelos olhos bicolores, muito mais selvagens do que os olhos de Khione. Identificar o traço mais bonito daquele rosto era impossível, visto que para o Hokage, todos os traços eram harmônicos e fascinantes. Por isso, ele recuou. Não lhe parecia certo se afeiçoar de repente por uma mulher desconhecida, pois acima de tudo, Hashirama já tinha uma noiva.

— Então é verdade? Minha irmã está aqui?

— Sim, está.

— A julgar pela ausência de um chakra familiar, suponho que estejam com Khione.

— Acertou.

— E ela está aqui como prisioneira?

— Não, como cidadã.

    O Hokage se viu frustrado e deu as costas para Kalliope. Ela estava suja, aparentemente exausta, desarrumada e mal cheirosa, mas era bonita e tinha consciência disso. Seus olhos bicolores não se desviaram do olhar de Hashirama nem por um segundo, mas ele não estava acostumado a lidar com aquela sensação e por isso deu as costas à ela.

𝐀𝐤𝐚𝐢 𝐈𝐭𝐨 • 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆 𝑼𝒄𝒉𝒊𝒉𝒂𝒔 𝒆 𝑺𝒆𝒏𝒋𝒖𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora