𝟕

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    A residência era pequena e aconchegante, localizada entre duas casas maiores onde moravam casais com filhos. O quintal também era pequeno, mas eu sabia que me distrairia bastante nele. Crescer em uma família nômade me dera muito conhecimento sobre ervas e flores. Eu poderia cultivar algumas ervas medicinais para o caso de necessidade.

— Como pode ver, sua casa fica bem longe do prédio do Hokage. -disse Tobirama enquanto abria a porta. — Porém, a residência do meu irmão fica aqui perto, assim como o Distrito Uchiha e a minha casa.

— Eu deveria me sentir bem por morar mais perto do Clã Uchiha do que do lugar onde vocês passam a maior parte do tempo?

    Ao ouvir minha ironia, Tobirama soltou um riso breve.

— Eu sei que é estranho ouvir isso vindo de mim, mas nem todos os Uchiha são cruéis. As exceções são poucas, mas um deles é meu aluno. Kagami.

    De fato, foi muito estranho ouvir aquelas palavras saindo da boca dele. Fiquei curiosa a respeito do rapaz em questão, mas sabia que o conheceria em breve.

   Assim que cruzamos a porta, já estávamos na cozinha e sala de estar, ambas no mesmo cômodo. Perto da porta, havia uma mesa de refeições. Alguns passos adiante, uma lareira pequena e uma bancada de madeira ao lado dela. Haviam panelas penduradas por ali também. E no fundo do cômodo, havia um sofá e duas janelas amplas.

Deuses...

— Você não gostou? Sei que é simplório, mas...

    Tobirama ia falar. Certamente se desculpar sem necessidade. Logo, eu o interrompi:

— Não sei como reagir à isso. É a casa mais aconchegante na qual eu já estive em toda a minha vida!

    Eu sabia que seria temporário, mas apesar de amar a vida que levava na barraca com minha família, estava emocionada por poder dormir em um lugar que permaneceria intacto mesmo com as mudanças climáticas.

— O quarto fica ali. -disse o Senju, apontando com o indicador para o cômodo cuja divisória era uma cortina de tecido. — Quer que eu a acompanhe até lá?

    A malícia no tom de voz dele era quase palpável, mas eu não estava pensando em recusar sua companhia. Balancei a cabeça positivamente e Tobirama me guiou pela mão até o cômodo.

    Passamos pela cortina e eu fiquei perplexa ao me deparar com um fūton. Além de ser um móvel caro, era enorme. A altura da almofada me impressionou, tanto que eu levei ambas as mãos à boca sem me dar conta disso.

— Estou me divertindo muito com as suas reações. -comentou o Senju, sorrindo.

— No acampamento, eu dividia uma pequena cama de madeira e palha com Kalliope. Quando me perdi dos meus pais, cheguei a dormir no topo de pedreiras e até mesmo atrás da queda d'água de uma cachoeira. -revelei, acariciando a superfície macia da almofada. — Isso aqui, para mim... significa muito.

— Se eu soubesse disso, teria comprado um fūton maior.

— Uma simples almofada para apoiar a cabeça já me faria igualmente feliz. Eu agradeço por isso. Por tudo isso.

    Sentei-me sobre o fūton e quase fui engolida pela almofada. Agindo por impulso, ignorei a presença de Tobirama e me deitei ali. Era muito macio, mais ainda do que a cama do hospital onde eu havia acordado naquela manhã. Meu sono seria colocado em dia agora, sem dúvidas.

— Fico feliz que tenha gostado, mas preciso trabalhar.

    Me apoiei sobre os cotovelos e observei Tobirama.
    Ele estava parado no mesmo lugar, ao lado da cortina, me observando como se não quisesse ir. E eu sabia que ele queria ficar; eu queria que ele ficasse.

𝐀𝐤𝐚𝐢 𝐈𝐭𝐨 • 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆 𝑼𝒄𝒉𝒊𝒉𝒂𝒔 𝒆 𝑺𝒆𝒏𝒋𝒖𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora