𝟏𝟗

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    No dia seguinte, Khione despertou com muitas dores no corpo. Ela dormira sentada em uma cadeira na sala de espera do hospital, ao lado de Kalliope e Yohan, que ainda dormiam. Após alongar o corpo dolorido, a caçula acordou os familiares adormecidos.

Deuses, que dor!

    Foi a primeira frase dita por Kalliope ao despertar.
    Ela se colocou de pé, ainda preguiçosa, e se alongou com dificuldade.

— Eu não dormia tão mal há meses!

    Duas reclamações em menos de um minuto, será um recorde?, Khione pensou. Ela sorriu com o próprio pensamento e deu um pouco de atenção ao pai:

— O senhor precisa lavar o corpo, descansar e vestir uma roupa melhor. Mito me contou que o senhor recusou tratamento durante a noite. É necessário fazer uma revisão geral da sua saúde e o senhor precisa colaborar conosco.

— Tive medo de não estar aqui quando eles trouxessem informações sobre Davina. 

    Consternada, Khione não respondeu.
    Kalliope, em contrapartida, foi rápida em seu raciocínio:

— Infelizmente não há nada que possamos fazer por ela agora, papai. Nada além de confiar na sabedoria e na capacidade dos médicos até que tenhamos notícias. Por ora, o melhor que o senhor pode fazer é colaborar e ir conosco, lavar o corpo, descansar e se recuperar. 

    Yohan era pacífico, calmo e frequentemente comandado pela esposa. Davina era bruta e dona de um gênio forte. Kalliope herdou a personalidade da mãe, e ainda que Khione não concordasse com o método escolhido pela irmã, era indiscutível que o pai delas funcionava melhor “sob pressão”.

— Tudo bem. -ele cedeu, se colocando de pé.

    Era óbvio que ele ia ceder., pensou Kalliope, em seguida rindo do próprio pensamento.

    As duas irmãs tentaram distrair o pai durante todo o caminho até a residência deles, apresentando os comércios e falando sobre os pontos mais relevantes da aldeia e da paisagem. Depois de algum tempo, Yohan estava bem habituado e até conseguindo se divertir um pouco. Ele se sentiu orgulhoso ao se dar conta de que, apesar de todas as dificuldades, Davina e ele conseguiram criar bons filhos que se amavam verdadeiramente.

    Chegando em seu destino, as duas irmãs se empolgaram enquanto apresentavam os poucos cômodos da casa ao pai. Kalliope mostrou os armários cheios de comida enquanto Khione mostrava as roupas que ganhara de presente, tudo enquanto falavam sobre como estavam sendo bem tratadas pelas pessoas mais influentes da aldeia. 

    Fascinado, Yohan sorriu e repousou uma das mãos no ombro da filha caçula. Ele não estava bem o bastante para conseguir externar o que sentia, mas optou pelo básico e falou o que lhe veio em mente:

— É uma ótima casa e eu estou orgulhoso de você. 

— Foram presentes, papai. Não há porquê se orgulhar. 

— Sempre modesta.

    Com um sorriso cansado no rosto, Yohan se sentou em um banco e respirou fundo enquanto olhava ao redor. Após alguns segundos, ele acrescentou:

— Seria ótimo viver aqui.

    Kalliope e Khione trocaram um olhar de cumplicidade e se sentaram no chão, ao lado do pai. A caçula ainda estava insegura a respeito do futuro e pensou que seria bom falar sobre isso.

— É o que o senhor deseja, papai? Viver aqui?

    Yohan mirou o rosto da filha e desejou dizer algumas palavras, mas estava emocionado demais e não queria estragar o terno momento. Ele jamais teria optado por ser nômade e a decisão de viver daquela maneira foi tomada em prol da segurança das filhas mais novas, que não possuíam chakra e eram mais vulneráveis. Porém, tais palavras fariam com que Khione se sentisse culpada e nada a convenceria de sua inocência. Já bastava o senso de responsabilidade que a caçula tinha sobre o futuro da própria família, então o pai decidiu ser o mais breve e direto possível:

𝐀𝐤𝐚𝐢 𝐈𝐭𝐨 • 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆 𝑼𝒄𝒉𝒊𝒉𝒂𝒔 𝒆 𝑺𝒆𝒏𝒋𝒖𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora