𝟗

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    Apresentei-me no escritório do Hokage poucos minutos depois de ter sido convocada. Pensei que seria uma reunião importante com alguns líderes, mas somente Mito e Hashirama estavam presentes ali.

— Aconteceu alguma coisa? -perguntei, preocupada.

— Sente-se, por favor.

    Aceitei o convite do Hokage, mas a tensão presente na sala era impossível de ignorar. Se eu continuasse sufocando os meus sentidos, minha vida em Konoha ficaria cada vez mais difícil. Entretanto, o medo de convulsionar até a morte era muito maior.

— Onde está o meu irmão?

    Hashirama parecia estar tão confuso quanto eu. Devolvi a pergunta:

— Ele não veio?

— Não, ele foi te buscar e não voltou.

    Por birra!, pensei.
    Entrelaçando os dedos das mãos para conter o nervosismo, respondi:

— Creio que ele virá em breve.

    Minha resposta não convenceu o casal completamente, mas ambos entenderam que eu não queria falar sobre isso e apenas deixaram de lado as perguntas sobre Tobirama.

— Ao anoitecer, três equipes partirão em busca da sua família.

    A informação me pegou desprevenida.
    Me coloquei de pé e comecei a andar de um lado para o outro, imaginando como seria o meu reencontro com eles e como eles reagiriam ao serem encontrados. Era uma mistura energizante de alegria e ansiedade.

— Preciso fazer as malas. -eu disse. — Preparar os mantimentos, remédios e...

— Você não vai.

    Mito me interrompeu.
    Parei de andar e olhei para o rosto dela, confusa.

— Como assim?

— Sei que quer ir, Khione, mas devemos ser racionais. -explicou o Hokage. — Temos inimigos lá fora e você é imperceptível.

— Eu não vou fugir.

— O quê? Não, não é isso!

    Cruzei os braços e olhei no fundo dos olhos de Hashirama, esperando por uma resposta mais convincente.

— Khione, a chance de sermos atacados por inimigos é muito alta. Você pode se perder do esquadrão e não conseguir retornar por conta dos limitadores, assim como ninguém conseguiria encontrá-la por conta da sua falta de chakra. -explicou Mito, paciente e racional. — Se nós não encontrarmos a sua família desta vez, prometemos que permitiremos a sua participação em uma próxima busca. Entretanto, torcemos para encontrá-los na primeira.

— "Nós"? -repeti, confusa. — Você vai com eles?

— Eu treinei ótimos médicos locais, mas temos poucos médicos combatentes. Por isso, deixei uma moça encarregada pelo hospital até o meu retorno. Partirei com o esquadrão de Tobirama, que cruzará a fronteira do país, onde é mais perigoso.

    A angústia tomou conta do meu peito.
    Se algo muito ruim acontecesse com aqueles esquadrões por minha causa, eu jamais me perdoaria. Além disso, a sensação de ser inútil era insuportável e eu reconhecia que não podia fazer nada a respeito disso.

— Mais alguma informação, Hokage? -perguntei.

    Eu não conseguia olhar para o rosto deles, por isso mantive os olhos fixos nos meus próprios pés. O escritório se tornou pequeno demais e eu resisti veementemente ao impulso de fugir correndo dali.
    Hashirama respondeu com tom de lamento:

𝐀𝐤𝐚𝐢 𝐈𝐭𝐨 • 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆 𝑼𝒄𝒉𝒊𝒉𝒂𝒔 𝒆 𝑺𝒆𝒏𝒋𝒖𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora