A distância

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Henry Castellani

    Malas prontas, já estamos a caminho do aeroporto, Gustavo está estranho, muito nervoso também pudera com seu pai a beira da morte. Aproveitei que tinha um tempo até o vôo sair e liguei para meu amigo Pedro, eu não falei nada para ele, apesar de que nessa altura do campeonato Ana já deve ter falado.

   — Oi meu amigo, estou ligando para me despedir.
   — E aí cara! Como assim? Do nada? Ana falou mas não soube me contar o que aconteceu.
   — o pai do Gustavo está internado, e eu vou para EUA para ajudar ele nesse momento. A mãe dele está arrasada. Eu não posso deixa-lo sozinho agora.
   — entendo cara, mas você tem certeza que vai deixar tudo para trás? Sua empresa, Ana, Jefferson...
   — caso precise eu posso voltar, mas acho que nesse momento é o melhor a se fazer, tudo e todos aqui já estão encaminhados.
   — e você e Jefferson?
   — esse é um assunto encerrado. Bom vou desligar já estamos no aeroporto.
   — ok, se precisar me liga.

   Desliguei o telefone e estava com um pressentimento ruim, Gustavo ainda estava muito calado e sério.

Jefferson

   Acordei mais cedo e fui para empresa sozinho, entrar naquele lugar e saber que Henry não estará lá me dói. Fui para nossa sala, que a partir de hoje é minha e de Ana, parei em frente a mesa de Henry, estava tudo como ele havia deixado, olhando para seu computador não pude deixar de dar um sorriso ao me lembra as carretas que ele fazia as vezes.
  
   Ainda me sentia culpado pela decisão que ele tomou, espero que tenha sido o melhor para todos e para empresa. O que me deixou triste pois Henry lutou tanto pela empresa e deixar tudo assim é meio irresponsável, e sei que Henry não é assim.

   O dia passou entre reuniões e ligações, tivemos que explicar a todos que eu e Ana estamos temporariamente a frente da empresa, ainda bem que a maioria dos clientes já nos conheciam.

   — Ana você já teve alguma notícia do Henry?
   — ainda não Jefferson, mas acho que ainda não deu tempo de chegar, vamos esperar até amanhã.
   — não sei te explicar Ana, mas estou com pressentimento ruim.
   —ah Jefferson, eu não queria dizer nada mas eu também. Até comentei com Pedro.
   — por falar nisso, você e Pedro estão juntos mesmo?
   — estamos nos conhecendo, mas confesso que estou gostando muito dele, ele é um homem extraordinário, amoroso.
   — fico feliz por vocês, formam um lindo casal.
   — e você e Brian? Sabe eu torcia muito para você se acertar com Henry, ele gostava muito de você.
    — você sabia dos sentimentos dele?—Olhei surpreso para Ana, não sabia que ela sabia disso.
   — sim, desde que Alex partiu eu e Henry nos aproximamos, ele é como um irmão.
   — ah sim...
   — o Henry sofreu muito com a partida do meu irmão, e quando ele te conheceu voltou a sorrir, falava de você o tempo todo, como você é esforçado, inteligente, bonito...fazia muito tempo que não via Henry tão bem, mesmo com toda a confusão com os diretores ele se manteve positivo graças a você. Fico triste por não ter dado certo com você, que Brian não me ouça — essa parte ela falou sussurrando.
   — Eu também fico triste Ana.

   Essa conversa com Ana me fez ficar ainda mais reflexivo com relação eu e Henry, como eu fui idiota. No final do expediente fui para casa, Ana chamou eu e Brian para irmos no bar do Pedro, mas eu estava muito cansado.

   Já era a tarde do dia seguinte, quando Ana chamou eu e Brian para uma reunião, era Henry iria fazer uma vídeo chamada.

   — Olá todos! — Henry surge no telão
   — Oi Henry querido, como foi a viagem? — Ana perguntou empolgada.
   — foi tudo ótimo, não se preocupem. Só liguei para avisar que estou bem, se precisarem falar comigo podem entrar em contato com Gustavo que ele me transmitirá o recado. Não vou poder falar muito agora. Tchau – Henry desligou a chamada.
    — Ué! Ele desligou assim do nada ou será que caiu?– Brian perguntou.
   — deve ter caído, estou tentando ligar novamente mas não completa – Ana respondeu.
   — gente vocês repararam como ele estava estranho? Não estou gostando nada disso.
   — verdade Jeff, mas deve ser por causa da viagem, fuso horário, essas coisas. – Brian respondeu.
   — pode ser, mas mesmo assim achei estranho. Ana tente falar com ele novamente.

   Ana tentou por mais algumas vezes e não conseguiu, então tentamos Gustavo, e nada. Todos estavam preocupados, Pedro foi a empresa buscar Ana para almoçar e contamos o que aconteceu, e que não sabíamos de certo o motivo da viagem, então Pedro nos explicou:

   — galera pelo que Henry me disse, ele foi dar apoio para Gustavo, pois o pai estava entre a vida e a morte, e a mãe estava sozinha nos EUA.
   — pera aí! Você disse o pai do Gustavo estava internado? Tem certeza?– Ana perguntou já com uma visível preocupação em seu semblante.
   — sim amorzinho, foi o que Henry me falou por telefone, ele disse quando estavam indo para o aeroporto. Porquê?
   — por que tenho a certeza de que Gustavo é órfã, até onde sei ele foi criado em um internato— Ana respondeu levando as mãos ao rosto.
   — como assim Ana? Você tem certeza disso?– eu perguntei, já visivelmente desesperado.
   — tenho Jefferson, lembro que ele reclamou muito de um trabalho da faculdade que precisava fazer a árvore genealógica. Ele me contou que cresceu em um internato e que nunca havia conhecido ninguém da família.
   — eu sabia que tinha alguma coisa errada nessa história – eu falava andando de um lado para outro na sala.
   — calma Jeff, deve ter havido um mal entendido, vai que ele encontrou os pais depois!? Ou sei lá, vamos ter que esperar contato deles novamente – Brian tentava me acalmar.
   — de qualquer forma vou tentar averiguar essa situação, enquanto isso continuem tentando contato com os dois.– disse Pedro.
   — Pedro eu quero ir no apartamento do Henry vê se consigo achar alguma coisa, você vai comigo? – Pedro concordou balançando a cabeça – Jefferson e Brian vocês fiquem aqui, caso alguém ligue, e por favor tomem conta de tudo.
   — Ana se souber de alguma coisa, qualquer coisa me avisa tá.

   Ana concorda e sai da sala com Pedro, eu fico com Brian que me olha preocupado. Ficamos a tarde toda no escritório sem nenhuma notícia nem de Ana nem de Henry, a culpa já me consumia, eu deixei Henry ir, agora ele está sabe deus onde, sabe deus com quem. Enquanto eu tentava resolver assuntos de trabalho, deixei Brian incumbido de vasculhar a vida de Gustavo. Já de noite Ana me manda uma mensagem:

"Jefferson , me encontre no
bar do Pedro urgente"

   Meu coração acelerou com essa mensagem, já estava prevendo que havia alguma coisa errada. Sem pensar muito chamei Brian e fomos imediatamente para bar. Chegando lá Ana estava a nossa espera.

   — Jefferson, graças a Deus você chegou. Eu fui no apartamento do Henry vê se encontrava alguma coisa lá né, chegando lá o apartamento estava intacto, todas as roupas, o relógio caríssimo que o Gustavo deu para Henry também estava lá, mas o que mais está né deixando preocupada é quê, o passaporte dele também estava lá.– Ana coloca o documento em cima do balcão – como Henry iria viajar sem passaporte? Aliás todos os documentos dele estavam lá.
   — eu descobri uma coisa, a história do internato era verdade, ele foi deixado lá ainda bebê, o mais curioso é que Henry também esteve nesse mesmo lugar.— Brian disse, mostrando em seu celular documentos que comprovam.
   — tá agora eu estou realmente preocupado galera, eu pedi a um amigo para rastrear o número que ele fez a ligação, o número é do exterior, mas a ligação foi feita daqui mesmo. Tentei rastrear o número do Henry, mas ainda sem sucesso. – Pedro disse.

   Eu estava ouvindo todos falarem e só conseguia chorar, eu sinto que Henry está em perigo e eu não posso ajuda-lo. De repente uma visão foi ficando turva, fui perdendo os sentimentos até que apaguei.

Me apaixonei pelo meu chefe Onde histórias criam vida. Descubra agora