𝑪𝒂𝒔𝒂𝒍 𝑩𝒆𝒎 𝑳𝒐𝒖𝒄𝒐-𝑴𝒊𝒏𝒔𝒖𝒏𝒈

Capítulo-01

𝗠𝗮𝗶𝘀 𝘂𝗺 𝗱𝗶𝗮 𝗻𝗼𝗿𝗺𝗮𝗹

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O despertador toca pontualmente às 6h da manhã, acordando o jovem de seu belo sono. Não era, de fato, um bom dia, pois estava sendo obrigado a ir à escola, ou como ele a chamava brincando, o "hospício". Finalmente era seu último ano, mas também estava um pouco preocupado com o que fazer quando terminasse a escola.

Depois de alguns minutos encarando o teto pensando se faltava ou não, finalmente criou coragem e se levantou para pegar suas roupas no guarda-roupa. O local era totalmente organizado. Ele era gay assumido, mas não gostava de sair com roupas muito femininas com medo dos julgamentos, então apenas as usava em casa. Assim, pegou uma calça Wide Leg jeans com rasgos no joelho, um cropped branco com um desenho aleatório como estampa, e nos pés um All Star preto.

Após estar devidamente vestido, ele se posicionou em frente ao espelho com seu secador em mãos para tentar arrumar as madeixas loiras. Logo depois, pegou sua mochila e celular e desceu para a cozinha, encontrando seus pais.

- Bom dia, Sung - sorriu gentilmente para o mais novo.

- Bom dia, mãe e pai - abriu a geladeira e colocou um pouco de suco de laranja em um copo de vidro.

- Não vai comer? - perguntou o mais velho sem tirar a atenção do celular em mãos.

- Vocês sabem que eu acordo enjoado e não como quase nada - aquilo já era normal todas as manhãs.

- Mas come na escola, mocinho.

O garoto concordou e se aproximou da mesa, pegando uma colher cheia de ovo frito e levando até a boca.

- Bom, eu tenho que ir - lavou as mãos rapidamente na pia.

- Hyunjin não vem buscar você hoje? - a mãe se sentou à mesa ao lado do marido.

- Na verdade, hoje eu vou andando, para exercitar um pouco as pernas.

Han se despediu dos pais, pegou suas coisas e saiu de casa. O clima estava agradável; o sol não estava tão quente naquela hora da manhã, e ouvir o som dos pássaros e sentir a brisa boa era ótimo. O percurso a pé até a escola durava apenas 15 minutos.

Hwang Hyunjin era o melhor amigo de Jisung; eles se conheciam desde o ensino fundamental. Como Jisung morava na Malásia e teve que se mudar para o Brasil, foi meio difícil para ele. Então, Hyunjin o ajudou bastante. Apesar de ter ascendência americana, Hwang é praticamente um brasileiro.

Era costume para Hyunjin passar em sua casa quase todas as manhãs para buscá-lo, já que era caminho, mas Jisung não sabia onde diabos o Hwang havia se enfiado. Ele não respondia suas mensagens, nem atendia suas ligações. Às vezes, Jisung ficava preocupado, pois Hyunjin frequentava várias festas cheias de bebidas e drogas, além de andar naquela moto como se fosse imortal. Han sempre lhe dava umas broncas para tomar cuidado.

Assim que ultrapassou os portões da escola, Jisung começou a brincar com a capinha do celular. Ele não era muito sociável e se sentia estranho ao entrar naquela enorme escola sozinho. Rolou os olhos pelo pátio e conseguiu ver Hyunjin sentado em um batente próximo à entrada da escola. Han semicerrou os olhos e caminhou até o amigo furioso.

- Qual é o seu problema? Onde você se meteu? Por que não respondeu minhas mensagens? - o encheu de perguntas.

- Bom dia, Sung - levantou a cabeça tentando enxergar o garoto já que o sol estava atrapalhando sua visão.

- Bom dia uma porra, onde você se meteu? - cruzou os braços.

- Eu fui a uma festa ontem, tá? Bebi demais, tô cheio de ressaca e meu celular tava no silencioso - passou as mãos pelos cabelos.

- Pensei que você tinha ido de arrasto pra cima, seu idiota - chutou a canela do mesmo de leve. - Fiquei preocupado.

- Ai, meu Deus, que fofo - se levantou apenas para bagunçar o cabelo do loiro. - Eu tava em boas mãos, saí com o Felix ontem e a gente acabou bebendo demais.

Lee Felix era um garoto australiano que tinha vindo morar no Brasil fazia pouco tempo. Ele era da mesma escola e também da mesma sala. Quando ele chegou, Hyunjin não perdeu a oportunidade. Fazia bastante tempo que estavam ficando e saindo juntos.

Faltando apenas cinco minutos para o toque do sinal, a dupla caminhou lado a lado até a entrada da escola. No meio do caminho, Hyunjin puxou Jisung para poder trocar algumas palavras com seu amigo Lee Minho. Jisung podia ser o melhor amigo de Hyunjin, mas Minho era seu parceiro em todas as loucuras. Eles tinham praticamente os mesmos gostos, frequentavam as mesmas festas e Lee tinha uma grande paixão por sua moto. Jisung não trocava muitas palavras com ele, mas o via com frequência, já que sempre que Hwang precisava falar com Minho, ele o arrastava junto.

- Mano, não são nem 7h da manhã e você já está fumando? - cumprimentou o amigo com um toque de mão.

- É para me manter acordado, ainda estou de ressaca da festa de ontem. - soltou uma risada segurando o cigarro entre os dedos.

Uma coisa que chamava bastante a atenção de Jisung em relação a Minho era as tatuagens que ele tinha no braço direito e no pescoço, além do fato de ele ser um completo Deus grego.

Jisung também tinha tatuagens, mas era algo mais escondido. Era uma borboleta na clavícula e uma cobra abaixo do peito esquerdo. As tatuagens eram recentes, feitas quando ele completou 17 anos.

- Não sei por que veio para a escola, poderia muito bem ficar em casa.

- Eu sei, cara, mas tenho que me esforçar na escola. Tenho que melhorar minhas notas, não posso repetir no meu último ano. - jogou no gramado do pátio o pedaço pequeno do cigarro.

Uma das poucas coisas que Jisung sabia sobre Minho era que ele morava sozinho em uma casa deixada de herança pelos pais. E o que aconteceu com eles? Ninguém sabe, eles apenas sumiram do mapa e Minho aprendeu a se virar sozinho desde cedo.

- Nesse final de semana a gente podia marcar um noturno -  falou animado.

- Noturno pra eu ficar segurando vela, né Hwang? - ergueu uma sobrancelha.

- Que isso, cara, é com você mesmo, coisa de amigo - bateu de leve no ombro do mesmo.

- Ah, me poupa irmão, eu lá quero fazer noturno com tu, e eu sei que tu quer levar o Felix.

Jisung não entendia muito bem o assunto sobre o qual eles falavam, mas queria saber a sensação de sair com um cara para um noturno, apenas andar por aí de moto sem rumo e conversar sobre coisas aleatórias.

A conversa foi interrompida quando o sinal tocou e todos os alunos começaram a entrar em suas salas, dando início a mais um dia no "hospício".