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Karol

Enquanto me arrumo para a gira de malandro, sinto uma mistura de emoções que me envolvem. Coloco minha saia rodada branca, minha blusa branca e amarro um lenço colorido no cabelo. Cada peça escolhida com cuidado para honrar meus guias e trazer proteção para a jornada que está por vir.

Abro minha bolsa e começo a colocar os acessórios da minha malandra e do meu malandro. Sinto a energia pulsante que eles emanam e sei que esses objetos são mais do que meros adornos. São símbolos de nossa conexão e devoção mútua, carregados de significado e poder.

Enquanto arrumo os acessórios na bolsa, sinto a presença reconfortante de minha malandra ao meu lado. Ela me olha com ternura e me pede para reconsiderar minhas desconfianças em relação ao meu marido. Ela me assegura que ele não traiu nossa família e que a confiança é essencial para a harmonia em nosso lar.

Eu respiro fundo e percebo a sinceridade nas palavras de minha malandra. Ela sempre esteve ao meu lado, guiando-me e protegendo-me. Se ela confia no meu marido, quem sou eu para não lhe dar uma chance de provar sua lealdade?

Com um sorriso nos lábios, termino de arrumar os acessórios na bolsa e me preparo para seguir para o barracão. Sinto-me fortalecida pela presença e apoio de minha malandra, sabendo que juntas somos mais fortes e que a confiança e a união são a essência de nossa família espiritual.

Com passos firmes e o coração cheio de esperança, eu parto para a gira de malandro, pronta para honrar meus guias, fortalecer os laços com meus malandros e renovar a harmonia. Afinal, a confiança e a união são a base de todo caminho na jornada espiritual.

Assim que chego no barracão, peço a bênção de meu pai e minha mãe de santo e vou ajudar os irmãos a organizar o barracão para a gira.

Autora narrando:

A gira começou, todos cantavam animadamente. Na cabeça de Karol, seu malandro, seu Zé pilantra, não viria hoje, então ela estava cantando e batendo palmas.

Seu Zé do pai de santo dela, chegou perto e a abraçou, em questão de segundos seu Zé chega sambando. A cambone logo vai entregando a ele seus acessórios, um chapéu branco com fitas vermelhas, uma bengala que intercalava as cores vermelha e branca, com uma imagem de seu Zé no topo.

Ele estava com uma camisa com sua imagem, calça branca, guia vermelha e branca e sua bengala dançando e cantando.

Seu Zé: fia- chama a cambone-  pega meu marafo - pede e a cambone entrega o marafo já aceso.

Cambone: quer falar alguma coisa para o cavalo? - pergunta.

Seu Zé: quero sim fia, diz para a minha menina confiar mais nos seus santos. Eu já conversei com ela sobre isso, mas ela é cabeça dura, igual aquela outra lá - ele se refere a Maria Navalha - e o perna de calça dela, é igual a mim quando estava vivo, só tem olhos para uma mulher - fala e volta a sambar.

Ogan: MAS NA LAPA SE CRIOU, NA JUREMA FOI BATIZADO - o ogan puxa um ponto- É DOUTOR CATIMBOZEIRO, MAS QUANDO QUER ELE É PIOR DO QUE O DIABO - seu Zé dança balançando a cabeça e sorrindo.

Ele aproveitou muito, bebeu, dançou, fumou, mas infelizmente chegou a hora de subir.

Ele chega perto dos ogãs e canta:

Seu Zé: É meu último cigarro, último gole e já vou me embora. Pela alta madrugada, já que o dono da casa diz que é hora, é hora é hora, é hora é hora, pela alta madrugada Zé Pilintra vai embora - canta sambando e coloca o chapéu em seu rosto.

Em seguida, Karol cai no chão, e a cambone ajuda ela a sentar em um banco e lhe dá água.

Depois de um tempo descansando, Karol sentiu que a Maria Navalha queria vir, então ela se levantou e foi colocar a roupa que a navalha disse que queria que ela usasse.

Karol se veste e se prepara para incorporar.

As pessoas que não estavam incorporadas se aproximaram dela e começaram a bater palmas.

Ogan:  ELA É MARIA, MARIAH - o ogan canta com o atabaque no talo.

A energia deste lugar era maravilhosa.

Maria Navalha chegou, cambaleando de um lado para o outro, sorrindo. Ela levantou a saia até a altura da cintura, sorrindo, levou a ponta da saia até a cabeça, abaixou-se e voltou à sua postura correta, cantando. A cambone se aproximou e elas se abraçaram, Navalha colocou sua guia e seu chapéu, tampando os olhos.

Maria segurou sua saia novamente e começou a dançar na frente dos atabaques.

Ela foi até a cambone e pediu seu cigarro e sua taça com cerveja, com sua taça na mão, ela saiu abraçando todo mundo.

Maria navalha: Fala logo, porra - disse para a cambone que a seguia.

Cambone: Com licença - pediu se aproximando - tem algo para falar para a menina?

Maria navalha: Tenho. Diga para aquela rapariga  confiar mais em mim, e que o perna de calça dela não fez nada. E se ele fizer, vai conhecer a força de Maria Navalha - falou sorrindo - Não se mexe com a mulher de Maria Navalha. SALVE A CALUNGA PEQUENA, EU SOU MELHOR QUE QUALQUER HOMEM - cantou tirando seu chapéu colocando no peito e se curvando para trás.

 SALVE A CALUNGA PEQUENA, EU SOU MELHOR QUE QUALQUER HOMEM - cantou tirando seu chapéu colocando no peito e se curvando para trás

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Recomeço - Filipe RetOnde histórias criam vida. Descubra agora