— Espera — Elídio pediu no último segundo, gentilmente se afastando, embora todo o seu corpo gritasse pelo extremo oposto.
— Lico, eu… — Anderson começou a falar baixinho, confuso, mas triste, pelo amigo ter interrompido o que poderia ter sido um beijo incrível. Um beijo em que finalmente os dois sabiam o que estavam fazendo, desejado mutuamente por ambos.
Anderson não entendia. Tinham construído o clima perfeito, estavam tão próximos e, porra, ele finalmente criou coragem para tomar uma atitude!
Elídio, entretanto, sorriu. A mão de Bizzocchi permanecia em seu rosto, fria como a água que os envolvia, mas um tépido lembrete do que eles poderiam ter feito ali.
— Eu preciso saber se você está pronto mesmo, Andy — contou ele, indo contra seu real desejo, o de beijar Anderson desesperadamente, com todo o calor pulsante em sua alma. Entretanto, não era só ele quem precisava sentir isso — Não quero que você se obrigue a me beijar por saber dos meus sentimentos, por sentir que deve isso a mim. Quero que seja completamente real.
— É claro que é real, Elídio! — exclamou Anderson, sua mão se afastando do rosto do outro naquele mesmo segundo. No íntimo, estava ofendido pelo outro ter duvidado da veracidade dos seus sentimentos e desejos.
— Desculpa, eu… só não… — tentou se justificar desesperadamente, com medo da reação do outro apenas piorar. Perdeu-se nas próprias palavras.
Teve a certeza de que Andy entendeu errado, e isso desesperou a Sanna.
Elídio estava com medo de sair machucado, hesitante em que o outro só estivesse indo na sua onda e não sentisse realmente o mesmo que ele. Afinal, Anderson mesmo tinha dito, pouco tempo atrás, que não sabia nomear seus sentimentos. Isso bagunçou sua mente, e agora tinha certeza de realmente ter estragado tudo.
— Vamos pra margem, acho que precisamos conversar — sugeriu Anderson, notando imediatamente os lábios tremendo, a hesitação e a confusão na hora de falar vindas da parte de Elídio. Bizzocchi conhecia bem o melhor amigo para saber o que isso significava, era o medo de ter feito algo errado.
Eles se sentaram sobre as pedras lisas da margem, ainda com as pernas imersas na água. Anderson viu os olhos úmidos de Elídio, e sabia que isso nada tinha a ver com a água do rio. Seu primeiro reflexo foi abraçá-lo, sentindo o calor da pele em contraste com as gotículas d’água que ainda permaneciam brilhantes sob a tez.
— Eu entendi o que você quis dizer, Lico, não fica assim. Sei que reagi mal, me ofendi um pouquinho, mas está tudo bem — disse baixinho, a voz abafada contra a curvatura do pescoço de Sanna, onde Anderson tinha apoiado o rosto (involuntariamente, Elídio se sentiu arrepiando por isso) — Você tem medo de sair machucado, não é?
— É… — concordou baixo, seus braços envolvendo Anderson como se fosse um reflexo natural ao ter sido abraçado.
— Tudo bem, Lico — sussurrou, como uma prece. Uma promessa ancorada aos seus sentimentos — Não vou machucar você, eu juro.
Ali, juntinhos, a natureza como única testemunha, conseguiam sentir que pertenciam um ao outro. Foi o suficiente.
— Você ferrou todo o clima bonitinho que tínhamos construído ali — Anderson comentou depois de um tempo perdido naquele abraço confortável, soltando um riso abafado.
— Ah, é, desculpa por isso — Elídio riu de volta, fazendo uma carícia leve nas costas do outro — Quer tentar de novo?
— Se me interromper outra vez, eu afogo você.
— Tão romântico, Anderson — brincou Elídio — Agora, cale a boca e me beije.
Eles se afastaram do abraço, não sem antes soltar uma risada compartilhada por culpa da última frase de Elídio.
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- Unwanted love <3 (barbixas • anidio)
FanfictionQuando uma cena que rumou para caminhos inesperados traz de volta para Elídio sentimentos sobre seu amigo Anderson, sentimentos esses que ele tinha certeza que já estavam enterrados há muito tempo, tudo começa a mudar entre eles.