12- Gradual, torturante e bonito

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— Espera — Elídio pediu no último segundo, gentilmente se afastando, embora todo o seu corpo gritasse pelo extremo oposto.

— Lico, eu… — Anderson começou a falar baixinho, confuso, mas triste, pelo amigo ter interrompido o que poderia ter sido um beijo incrível. Um beijo em que finalmente os dois sabiam o que estavam fazendo, desejado mutuamente por ambos.

Anderson não entendia. Tinham construído o clima perfeito, estavam tão próximos e, porra, ele finalmente criou coragem para tomar uma atitude!

Elídio, entretanto, sorriu. A mão de Bizzocchi permanecia em seu rosto, fria como a água que os envolvia, mas um tépido lembrete do que eles poderiam ter feito ali.

— Eu preciso saber se você está pronto mesmo, Andy — contou ele, indo contra seu real desejo, o de beijar Anderson desesperadamente, com todo o calor pulsante em sua alma. Entretanto, não era só ele quem precisava sentir isso — Não quero que você se obrigue a me beijar por saber dos meus sentimentos, por sentir que deve isso a mim. Quero que seja completamente real.

— É claro que é real, Elídio! — exclamou Anderson, sua mão se afastando do rosto do outro naquele mesmo segundo. No íntimo, estava ofendido pelo outro ter duvidado da veracidade dos seus sentimentos e desejos.

— Desculpa, eu… só não… — tentou se justificar desesperadamente, com medo da reação do outro apenas piorar. Perdeu-se nas próprias palavras.

Teve a certeza de que Andy entendeu errado, e isso desesperou a Sanna.

Elídio estava com medo de sair machucado, hesitante em que o outro só estivesse indo na sua onda e não sentisse realmente o mesmo que ele. Afinal, Anderson mesmo tinha dito, pouco tempo atrás, que não sabia nomear seus sentimentos. Isso bagunçou sua mente, e agora tinha certeza de realmente ter estragado tudo.

— Vamos pra margem, acho que precisamos conversar — sugeriu Anderson, notando imediatamente os lábios tremendo, a hesitação e a confusão na hora de falar vindas da parte de Elídio. Bizzocchi conhecia bem o melhor amigo para saber o que isso significava, era o medo de ter feito algo errado.

Eles se sentaram sobre as pedras lisas da margem, ainda com as pernas imersas na água. Anderson viu os olhos úmidos de Elídio, e sabia que isso nada tinha a ver com a água do rio. Seu primeiro reflexo foi abraçá-lo, sentindo o calor da pele em contraste com as gotículas d’água que ainda permaneciam brilhantes sob a tez.

— Eu entendi o que você quis dizer, Lico, não fica assim. Sei que reagi mal, me ofendi um pouquinho, mas está tudo bem — disse baixinho, a voz abafada contra a curvatura do pescoço de Sanna, onde Anderson tinha apoiado o rosto (involuntariamente, Elídio se sentiu arrepiando por isso) — Você tem medo de sair machucado, não é?

— É… — concordou baixo, seus braços envolvendo Anderson como se fosse um reflexo natural ao ter sido abraçado.

— Tudo bem, Lico — sussurrou, como uma prece. Uma promessa ancorada aos seus sentimentos — Não vou machucar você, eu juro.

Ali, juntinhos, a natureza como única testemunha, conseguiam sentir que pertenciam um ao outro. Foi o suficiente.

— Você ferrou todo o clima bonitinho que tínhamos construído ali — Anderson comentou depois de um tempo perdido naquele abraço confortável, soltando um riso abafado.

— Ah, é, desculpa por isso — Elídio riu de volta, fazendo uma carícia leve nas costas do outro — Quer tentar de novo?

— Se me interromper outra vez, eu afogo você.

— Tão romântico, Anderson — brincou Elídio — Agora, cale a boca e me beije.

Eles se afastaram do abraço, não sem antes soltar uma risada compartilhada por culpa da última frase de Elídio.

- Unwanted love <3 (barbixas • anidio)Onde histórias criam vida. Descubra agora