4- Um bêbado no tapete

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Boa leitura, docinhos ♥️

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Daniel não estava nada surpreendido com o fato dos seus amigos ainda não terem acordado, mesmo já tendo passado do horário do almoço.

Tinha os trazido até sua casa, o que foi realmente difícil, já que eles dormiram no carro e mal acordaram para andarem até dentro de casa. Escorados e aos tropeços, não chegaram nem ao quarto de visitas, capotando completamente nos sofás da sala de estar. Em algum momento da madrugada, Elídio tinha ido parar no tapete com travesseiro e tudo, e não acordou para sair do chão.

Anderson foi o primeiro a acordar. Os olhos protestaram com a claridade repentina e foi tomado pela confusão antes de identificar onde estava, até dar um boa olhada no cômodo e perceber ser a casa de Daniel.

Quando levantou, tropeçou em um Elídio largado no chão, que acordou assustado.

- 'Tá fazendo o que aí? - reclamou Andy.

- E eu sei lá? - resmungou de volta. Sentia uma dor de cabeça irritante. Fechou os olhos de novo, como se isso fosse afastar o desconforto.

- Quer uma água?

- Por favor.

Meio andando, meio se arrastando, Andy foi em direção a cozinha. Não se surpreendeu ao encontrar Karina, esposa de Dani, ali.

- Bom dia, Ka - disse, meio sem jeito.

- Boa tarde - ela riu de volta - Dormiram bastante, hein.

- Desculpa por "alugar" sua sala de estar - pediu, levemente envergonhado. Não que fosse a primeira vez, mas ainda assim era um pouco desconfortável para ele acordar tarde assim na casa dela e do amigo em tal situação.

- Sem problemas, Andy. Aqui - entregou um copo d'água e um comprimido para ajudar na ressaca - Elídio já acordou?

- Depois que eu tropecei nele, sim - disse, fazendo Karina rir. Aceitou a água e o comprimido de bom grado, a garganta seca agradecendo pelo líquido fresco.

- Leva um pra ele também - disse ela, entregando mais um comprimido para Anderson - Fiz um pouco de almoço a mais hoje, para vocês. Vou esquentar a comida daqui a pouco, ok?

- Não precisava disso Ka, eu planejava ir pra casa logo.

- Claro que precisa, Andy - disse docemente - Vai lá e leva isso pro Elídio - apontou para o comprimido, ainda na mão de Anderson.

- Às ordens! - brincou ele, indo de volta à sala de estar.

Elídio tinha pegado no sono outra vez, nem tendo feito menção de levantar do chão. Anderson o acordou com outro chute, dessa vez proposital, fazendo o mais novo protestar de dor.

- Caralho, Anderson - resmungou, massageando as costas.

- Levanta daí - mandou, se sentando no sofá. Assim que Sanna levantou, entregou a ele a água e o comprimido.

- Tô com as costas toda travada de ter dormido no chão - comentou Elídio, largando o copo agora vazio em cima da mesinha de centro. Se acomodou ao lado de Andy no sofá, sentindo todos seus músculos protestarem. Seu cabelo, meio solto, meio preso, estava o mais puro caos e as pálpebras pesadas imploravam para que fossem fechadas e ele voltasse a dormir.

- Queria entender por que você estava no chão, em primeiro lugar - Anderson respondeu com um riso - Embora você tenha fama de dormir como uma pedra em qualquer canto, o tapete já é um pouco demais.

- Se eu soubesse como cheguei ali, te contaria.

Ficaram em silêncio por um momento. Elídio tinha uma sensação estranha percorrendo seu corpo, e não era só a ressaca e o sono. Parecia que ele estava esquecendo de alguma coisa importante, e isso o perturbava. Mas o quê?

Anderson percebeu a estranheza repentina do amigo, e decidiu quebrar o silêncio.

- A Karina fez almoço pra gente. Eu disse que não precisava, mas sabe como ela é.

- Uhum.

- Ei, você tá esquisito. Que foi?

- Nada de importante, eu acho. Só uma sensação esquisita, sinto que estou esquecendo de alguma coisa - ele parou pra refletir por alguns segundos - Lembra de eu ter feito algo estranho ontem, talvez?

Anderson tentou lembrar. A noite passada parecia um borrão. Se recordava do ótimo espetáculo que fizeram e do começo da festa, uma conversa estranha sobre guaraná e que Daniel os trouxe para a casa dele. Sentiu que faltava algo, tinha alguma peça que não encaixava.

- Não. Mas se fizemos alguma merda ontem, o Dani vai saber.

Nenhum dos dois lembrava do beijo. Não lembravam de terem trocado aquelas palavras, nem mesmo Elídio se recordava de sua declaração. Anderson não lembrava do sentimento conflitante que o tomou quando Lico roubou um beijo tão singelo seu, praticamente um selinho, mas que mexeu consigo.

Para eles, agora, era como se nada tivesse acontecido.

- Acho que ele se diverte muito sabendo das idiotices que a gente faz quando bebe, mas finge que não - brincou Elídio, rindo consigo mesmo.

- E ele sempre tira uma com a nossa cara por ser o único que está bem no dia seguinte - Andy emendou, notando a expressão cansada do amigo mesmo por trás da risada. Os cabelos bagunçados e levemente embaraçados, as olheiras suaves combinadas ao olhar baixo. Sorriu - Aliás, embora você esteja uma fofura assim, recomendo procurar um espelho e uma escova de cabelo.

Elídio deslizou uma mão nos próprios cabelos, fazendo uma expressão engraçada ao perceber o caos em que os fios estavam. E Andy estava vendo ele nessa situação deplorável o tempo todo, que vergonha!

- Muito obrigado por avisar antes, idiota - ironizou, usando o ombro para empurrar o outro levemente, que riu. Puxou uma almofada para bater no amigo, mas se interrompeu ao ouvir o barulho da porta da frente, parando em uma pose idiota e engraçada.

Dani chegava carregado de sacolas de compras.

- Bom dia, belas adormecidas - comentou ele, não evitando um sorriso ao vê-los tão próximos. Talvez no fundo, torcesse para que Anderson correspondesse a Elídio, e desejava que fossem felizes juntos. Pensar nisso inevitavelmente o fazia lembrar da cena que presenciou durante a madrugada, e estava curioso para saber como os amigos estavam lidando com aquilo, mas não tinha certeza se deveria tocar naquele assunto - Já comeram?

- Ainda não, acordamos tem uns dez minutos só - respondeu Bizzocchi - Dá para notar pelo cabelo do Elídio.

- Ei! - o outro fingiu incredulidade - E você tá bonitão, né? Já se olhou no espelho hoje?

Daniel estranhou um pouco a naturalidade em que estavam conversando. Pensou que haveria alguma estranheza depois do beijo, afinal aquele não tinha sido atuação para nenhum dos dois. Sabia como Elídio se culpava pelos seus sentimentos por medo de estragar a amizade e causar problemas ao trio Barbixas, e tinha quase certeza que Andy não correspondia o amigo. Então não evitou um franzir de sobrancelhas sútil, pensando consigo mesmo sobre as possibilidades.

- Daniel, você que sempre fica sóbrio, lembra se eu fiz alguma besteira ontem? - Elídio perguntou de repente, para o terror de Nascimento - Sinto que estou esquecendo alguma coisa.

Ah, porra. Então ambos tinham esquecido? Daniel não sabia se aquilo era bom ou horrível, como ele ia explicar aos dois? Não sabia se deveria falar algo ou mostrar o vídeo e deixar que eles se entendessem.

No fim, decidiu omitir aquilo por um tempo e pedir ajuda de Cíntia naquela situação, já que ela era a outra e única pessoa que sabia que aquele beijo tinha acontecido.

- Não fez nada de novo, o máximo que aconteceu foi você ter pegado implicância com meu guaraná - mentiu.

Voltamos à estaca zero, pensou Daniel.

Esperava encontrar uma solução milagrosa para aquela situação, ou que Cíntia a tivesse.

- Unwanted love <3 (barbixas • anidio)Onde histórias criam vida. Descubra agora