Capítulo 2| Entre a escuridão

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                 .⋆꙳・Aleksander・꙳⋆.

   O cheiro metálico do sangue pairava no ar, impregnando o depósito abandonado com uma intensidade quase tangível. A luz fria e pálida das lâmpadas fluorescentes projetava sombras longas e inquietantes nas paredes, como se o próprio ambiente estivesse a conspirar para intensificar o horror do momento. O homem diante de mim, a contorcer-se de agonia, tinha os olhos repletos de dor e medo, e por um breve instante, senti uma pontada de satisfação. Ele ousou tocar na minha irmã, e isso, claro, exigia uma lição... uma que ele jamais esqueceria.

— Acho que já é o suficiente, Alek. — A voz do Blake, sempre serena e firme, cortou o silêncio. Ele estava à minha direita, a observar a cena com a mesma calma calculada que sempre mantinha.

Blake. Um dos poucos que se atrevia a chamar-me assim. Um dos ainda mais raros em quem confio. Ele, Anthony e, claro, Madison — minha irmã. Nossos laços foram forjados em risos, momentos que agora parecem de outra vida. Mas o incidente mudou tudo. Não tenho saudade do rapaz que fui. A escuridão moldou-me, transformando-me no homem que sou hoje.

Aleksander Ivanov. CEO da Ivanov Security, uma empresa que construí com sangue, suor e, bem... lágrimas. Oferecemos proteção, mas apenas para aqueles dispostos a pagar o preço certo. Celebridades, políticos, magnatas — escolho os meus clientes com cuidado, sem espaço para arrependimentos.

Este homem, contudo, foi um erro. Ele cometeu um ato impensável contra a minha irmã, e não me arrependo de tê-lo punido. Depois do incidente, somos apenas eu e ela. O resto, inclusive o pai que praticamente nos abandonou, não importam.

— Manda limpar esta sujeira. — A minha voz saiu fria, quase desinteressada, ao dar a ordem para Blake.

— É para já. — ele respondeu, sem questionar, como sempre.

— E a Madison? — A minha voz quase tremeu, uma fração de preocupação a escapar, uma fração que só Blake testemunhou.

— No quarto. Está melhor agora. — A tranquilidade na resposta dele era um alívio, embora eu não deixasse isso transparecer.

Sem mais delongas, deixei o depósito, dirigindo-me à mansão com uma urgência que só a minha irmã conseguia despertar em mim. Tomei um banho rápido, livrando-me do sangue, mas não das manchas invisíveis que a escuridão deixou na minha alma. Depois, mais apresentável, bati na porta do quarto dela.

— Entre. — A voz dela soou abafada, frágil.

Entrei e a encontrei deitada, pequena e vulnerável. Sem uma palavra, a envolvi nos meus braços, absorvendo a calma que só a sua presença me proporciona. Ela retribuiu o abraço sem hesitar, buscando em mim a segurança que sempre prometi oferecer.

Madison era o oposto de mim. Pequena, com olhos azuis acinzentados e cabelos loiros, enquanto eu era alto, com cabelo escuro como a noite. A única semelhança eram os olhos — os meus, um cinza mais profundo, herança da nossa mãe. Pensar nela ainda doía, então afastei rapidamente esse pensamento para o canto mais escuro e afastado da minha mente. No entanto, apesar das nossas diferenças, eu e Madison éramos muito unidos, ligados por um passado que queimava como brasa.

— Alek... ele quase... — Ela começou, mas eu não a deixei continuar.

— Não fale dele. Ele não vai mais tocar-te. Nunca mais. — A minha voz era uma promessa, um juramento feito no sangue.

Conversamos até ela acalmar-se, garantindo-me que estava bem. Só então eu saí do quarto, deixando-a descansar em paz.

De volta ao meu próprio quarto, peguei o telefone e liguei para Anthony. A confiança que tinha nele era inabalável.

— Estou, Alek? — Ele atendeu prontamente.

— Cancela o contrato com o verme de hoje. E garante que nenhuma outra empresa de segurança aceite trabalhar com ele. — A minha voz era gelada, carregada de uma ameaça velada. — Não me importa se ele ou a família sofrerem um atentado no evento daqui a duas semanas. Na verdade, duvido que ele consiga estar presente, considerando o estado em que o deixei.

Anthony acatou sem hesitação. Perderíamos uma grande quantia de dinheiro, mas a minha conta bancária continuaria robusta. E a minha posição e os meus homens garantiriam que ele não tivesse coragem de denunciar.

Deitei-me na cama, procurando descanso, mas tudo o que encontrei foi uma raiva latente. Confiei naquele homem, e ele revelou-se uma serpente. Mas ninguém, absolutamente ninguém, ameaça aqueles que amo e sai impune. Farei o que for preciso para protegê-los, mesmo que isso signifique mergulhar ainda mais na escuridão.

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O que acharam do Alek?

Esta é a primeira história que escrevo. Se estiverem a gostar, por favor, dêem-me forças!

Obrigada por lerem,
que as estrelas ouçam e realizem os vossos pedidos

A Estrela do VilãoOnde histórias criam vida. Descubra agora