Capítulo 3| Preocupação substitui a alegria

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               .⋆꙳✶・Evangeline・✶꙳⋆.

   Acordei com o som melodioso dos pássaros, quase como se alguém tivesse deixado uma playlist relaxante a tocar ao lado da minha cama. Eu estava mais que disposta a continuar deitada ali, só a aproveitar a tranquilidade e a luz dourada que o sol matinal projetava pelo quarto, como se ele também estivesse com vontade de prolongar este momento mágico. Sério, tudo parecia tão... perfeito. Fiz uma espreguiçada preguiçosa, daquele tipo que te faz sentir um gato a esticar-se depois de uma longa soneca, e fui até á janela, abrindo-a devagar.

Sentei-me no parapeito, deixando a brisa suave brincar com o meu cabelo, enquanto o perfume das flores do jardim envolvia-me. Era como se o universo estivesse a tentar dar-me um abraço carinhoso, e eu só conseguia pensar: Por favor, mais cinco minutos disto!. Com os olhos fechados, inspirei fundo, enchendo os meus pulmões com toda aquela calma e serenidade. Ah, o doce e simples prazer de uma manhã tranquila.

Mas o que realmente fez o meu coração dar um pequeno salto de alegria foi ouvir a animação lá embaixo. As risadas e vozes familiares que vinham da cozinha eram como um cobertor quentinho, e por um momento, fiquei ali, a absorver tudo. A troca de roupa foi rápida, mas eu já conseguia sentir o cheiro das panquecas da mamã a invadir o ar. E o café? Parecia que só o aroma dele já tinha me dado um "bom dia" especial.

Cheguei à cozinha com um sorriso no rosto, pronta para mergulhar naquele mar de calor familiar. Lá estava a mamã, com o seu sorriso radiante, e o papá e a Olivia, já sentados à mesa, ambos com sorrisos que só podiam ser descritos como "contagiosos". Sério, era impossível não sorrir de volta.

— Bom dia, Evie! — Liv praticamente saltou da cadeira ao me ver, seus olhos a brilhar com aquela alegria matinal que só ela tem.

— Bom dia a todos! — Respondi, tentando igualar o entusiasmo dela, e não conseguindo evitar que o meu sorriso se alargasse ainda mais.

— Bom dia. — disseram os meus pais em uníssono, e se isso não é amor sincronizado, não sei o que é.

Sentei-me à mesa, servindo-me das delícias que estavam ali. As panquecas da mamã eram uma verdadeira obra de arte culinária, e logo o café da manhã virou uma alegre troca de histórias e risadas. O meu coração parecia transbordar de gratidão, como se ele não soubesse mais onde guardar tanto amor.

Mas... as coisas começaram a mudar com o passar do dia. O clima leve da manhã começou a ser substituído por uma tensão que foi-se acumulando aos poucos á tarde. Foi só quando a mamã chamou-me para a sala, com uma expressão tão séria que poderia transformar um arco-íris numa tempestade, que percebi que algo estava muito errado.

— Evangeline, podes vir até à sala? Temos um assunto urgente para discutir. — disse ela, e a sua voz, que normalmente era como mel, agora parecia pesada, carregada de preocupação.

O meu estômago deu um nó instantâneo, e segui a minha mãe até à sala, sentindo como se estivesse prestes a entrar num campo minado. O ambiente acolhedor de sempre estava diferente, agora parecia sufocante, cheio de uma incerteza que eu não sabia como lidar. Sentei ao lado de Olivia, e a ansiedade começou a acumular-se no meu peito.

— Meninas, sinto muito em ter que dar esta notícia de repente, mas é algo que precisamos discutir. Não podemos mais esconder isto de vocês — começou o meu pai, com a sua voz grave e cheia de pesar, o que só fez meu coração bater mais rápido.

A mamã continuou, visivelmente emocionada, e a cada palavra dela, eu sentia o meu mundo começar a desmoronar.

— Há algum tempo, eu e o vosso pai encomendamos umas jóias muito preciosas para um pedido de um cliente... — Ela hesitou — ...a empresa com quem negociamos parecia confiável, mas... era uma fraude. Eles enganaram todos os seus clientes e fugiram com o dinheiro. E nós... nós estamos entre os prejudicados. Gastamos muito dinheiro nos materiais, a pensar que depois de fazer os acessórios, íamos ganhar ainda mais. Mas o destino resolveu ser cruel e... estamos endividados com os fornecedores e clientes. A polícia está atrás dos responsáveis, mas, honestamente, não sei se isto vai ser resolvido rápido. Estamos a tentar arranjar um jeito de continuar a produção e manter a loja.

Cada palavra parecia uma pedra a ser colocada sobre os meus ombros, e a minha mente estava a girar, tentando processar tudo. Como assim? A loja que é o coração da nossa família, que os meus pais tanto amavam, estava em risco? Eu sentia-me impotente, uma sensação que eu odiava com todas as minhas forças.

— Tem algo que eu possa fazer para ajudar? — perguntei, a tentar manter a calma, embora por dentro eu estivesse à beira de um colapso.

— O teu pai já conseguiu mais um emprego, e eu estou a tentar gerir tudo. Acabaste de voltar da universidade, esforçaste-te muito, por agora deves descansar. — respondeu a minha mãe, tentando tranquilizar-me, mas eu sabia que isso não ia ser suficiente.

Eu simplesmente não podia ficar parada, sabendo que a minha família estava em apuros. Isso não era uma opção para mim.

— Amanhã mesmo vou procurar um emprego e ajudar no que puder — declarei, a minha voz firme e cheia de determinação. Eu estava decidida, e os meus pais sabiam que não adiantava tentar me convencer do contrário.

Olivia também tentou oferecer ajuda, mas os nossos pais recusaram, preocupados com os seus estudos. A conversa terminou, mas o peso dela ficou comigo, apertando o meu coração.

Mais tarde, quando finalmente escapei para o meu quarto, comecei a procurar ofertas de emprego. Eu tinha de ajudar a minha família, tinha que retribuir por tudo o que já fizeram por mim. Quando terminei a lista de possíveis oportunidades, percebi que o quarto estava escuro, iluminado apenas pelo brilho da tela do computador.

Antes, eu teria medo desta escuridão, medo do que ela escondia. Mas agora, eu sabia que, se não fosse por ela, as estrelas não seriam visíveis. Então, como todas as noites, olhei para o céu e fiz um pedido: que tudo melhorasse, e que eu conseguisse ajudar a resolver o problema.

As estrelas pareceram responder, brilhando com mais intensidade, e uma pequena chama de esperança acendeu-se dentro de mim. Mesmo com todos os desafios à frente, eu sabia que, com o amor e apoio da minha família, eu conseguiria enfrentar o que viesse.

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