Capítulo 12| O peso do silêncio

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.⋆꙳✶・Evangeline・✶꙳⋆.

O Sr. Ivanov insistiu em encerrar a noite por aqui, aparentemente preocupado com o meu estado. E, sinceramente, eu não poderia estar mais aliviada.

Na verdade, eu mal lembro-me de como chegamos até cá fora. O ar frio da noite recebeu-me como um balde de água gelada, e só então percebi que estávamos ao ar livre.

Estremeci involuntariamente. Enquanto lá dentro o ambiente era aconchegante, com o ar condicionado ligado e uma vibe que só faltava o Pai Natal aparecer com um chocolate quente, aqui fora parecia que tínhamos sido transportados direto para um iceberg flutuante no Polo Norte.

Que delícia. Só que não.

Antes que eu pudesse afundar-me ainda mais nos meus pensamentos sobre gelo, senti algo quente sobre os meus ombros.
Olhei surpresa e deparei-me com o Sr. Ivanov a desviar o olhar, como se os meus olhos fossem capazes de lançar raios laser que ele preferia evitar.

— Obrigada! — A palavra saiu meio tímida, embalada por uma emoção inesperada. Gentileza? Vinda do meu chefe? Isto era algo novo e, admito, um pouco reconfortante.

Ele afastou-se, indo até o carro para conversar com o motorista, e eu aproveitei o momento para envolver-me totalmente no casaco que ele havia colocado sobre os meus ombros.

Aquilo era um fato ou uma tenda de circo? As mangas eram tão longas que eu mal conseguia ver as minhas mãos e parecia que o casaco tinha engolido os meus ombros.

Levei as mangas enormes até ao nariz, inspirando profundamente aquele aroma familiar. Cedro e sândalo... Um cheiro que gritava força e estabilidade, mas com um toque sofisticado, como se dissesse: "Sim, sou poderoso, mas também sou cheiroso."

Antes que eu pudesse perder-me no mundo do cheiro amadeirado do Sr. Ivanov, vi que ele estava a voltar. Desviei o olhar rapidamente, envergonhada por quase ter sido pega num momento de... apreciação olfativa? Vamos fingir que isso é normal.

Foi então que eu vi o carro a afastar-se. Espera... Por que o carro estava a ir embora sem nós?

Olhei para o Sr. Ivanov, com os meus olhos a alargar-se em confusão, e ele não demorou em dar-me a resposta:

— Andar ajuda a desestressar. E junto com o ar fresco, achei que podia fazer-te bem... Evangeline. — Ele murmurou o meu nome, quase como se estivesse com medo de dizê-lo em voz alta. Percebi então que ele nunca me tinha chamado pelo meu nome — Não vai ser o caminho todo, claro. Só nesta rua, o motorista espera-nos mais à frente.

— Oh... Sim, claro. Tudo bem. — respondi, tentando não parecer tão surpresa quanto me sentia.

E assim começamos a caminhar, lado a lado.

Alguns passos depois, desisti dos saltos. Os meus pés já protestavam há algum tempo, e eu não estava com paciência para as bolhas. Não me importei em andar descalça na rua, com pedras pontiagudas a tentar transformar-me num sushi humano.

Eu estava tão concentrada em evitar as pedras que quase derrubei o Sr. Ivanov, já que ele estava... O que? Por que ele estava assim, abaixado à minha frente?

— O que está a fazer? — Perguntei, piscando para ele, genuinamente confusa.

— De que estás à espera, Monroe? Sobe. — ele disse, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

A Estrela do VilãoOnde histórias criam vida. Descubra agora