Capítulo 8| Acidentes convenientes

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.⋆꙳✶・Evangeline・✶꙳⋆.

( música na mídia)
— Yeah, I brought the heat back
It feels like burning, hotter, hotter
Rough madness
It's getting stronger, stronger
No, it ain't my fault, ain't my fault
Ain't my fault, it's because of you
It's weird, I hate it
But I'm overwhelmed with jealousy
(Yeah, yeah, yeah)
(Yeah, yeah, yeah)

Eu e a Mad cantávamos no carro, transformando a estrada num palco de show. Quer dizer, "cantar" seria um elogio generoso. Estávamos mais para um par de gatos a discutir por um pedaço de peixe.

Era no refrão que surgia o auge performático do nosso show particular (e quem sabe para os pobres coitados que estivessem por perto). Mas era isso que acontecia quando duas amigas obcecadas pelo seu grupo favorito encontravam-se - o mundo lá fora deixava de existir. O nosso mundinho de fangirls era inviolável.

O carro balançava enquanto tentávamos dançar o máximo que o sinto de segurança permitia, e eu perguntei-me se algum dia seríamos dignas de uma plateia. Claro que não. Mas ali, naquele momento, éramos super estrelas num palco móvel. Toda a viagem foi um karaokê rolante, até que, de repente, percebi que estávamos a ir numa direção um tanto... suspeita.

— Mad? Tens a certeza que este é o caminho certo? Não quero tornar-me notícia de jornal por invasão. — perguntei, ao olhar para o portão de um condomínio privado, onde só os ultra-mega-hiper-ricos colocam os pés - ou os pneus, no nosso caso.

— Acho que conheço o caminho para casa, Evie. — respondeu. Ela estava com um sorrisinho que indicava que estava a divertir-se muito com o meu choque.

Deixem-me explicar: em todos estes meses de amizade, a Madison já tinha ido várias vezes à minha casa. Ela era praticamente parte da mobília a esta altura. A minha família adorava-a — praticamente a adotaram. (Inclusive, até hoje, eles agradecem-lhe por ela ter me ajudado a conseguir o meu emprego, mesmo que ela sempre insista que não fez nada além de indicar-me para a entrevista). Já eu? Nunca pisei na casa dela, nem conheci ninguém da sua família. Ela tinha falado uma vez ou outra sobre eles, mencionando o irmão com frequência, e raramente a mãe, que infelizmente faleceu quando ela era pequena. O pai era um verdadeiro enigma, algo que ela nunca mencionava. E eu, para não querer ser intrusiva, nunca fiz grandes perguntas.

— Chegamos. — A sua voz interrompeu os meus devaneios, e eu finalmente registrei onde estávamos.

Olhei em volta, tentando segurar o meu queixo que teimava em querer cair ao chão.

— Uau...— foi tudo o que consegui dizer quando o portão majestoso de uma casa abriu, revelando o que só poderia ser descrito como... a nova casa dos meus sonhos. Não, espera, "casa" é muito modesto. Aquilo era uma mansão com M maiúsculo. Parecia saída de um conto de fadas moderno, com colunas elegantes, arcos graciosos, janelas incríveis, e um jardim que faria qualquer paisagista chorar de emoção. No meio da relva impecável tinha uma fonte que parecia saída de uma novela, e cada pedacinho do jardim era cuidadosamente adornado com flores deslumbrantes, e, espera aí... tulipas?!  As minhas flores prediletas, ali, bem na minha frente! Já sabia que precisaria roubar... digo, pedir gentilmente algumas para eu plantar em casa. Não tinha daquela cor, elas eram tão fofas, pequeninas e uma mistura de branco com um rosa pastel.

— Vai entrar uma mosca na tua boca. — A Mad comentou, a rir, depois de parar o carro na entrada.

— E como esperavas que eu reagisse depois de descobrir que a minha irmã neuronal mora num palácio? — repliquei, ainda meio zonza com a revelação.

— Não é para tanto, e a maior parte disto é graças ao meu irmão.

Ah, o misterioso, quase mitológico, irmão.

A Estrela do VilãoOnde histórias criam vida. Descubra agora