Capítulo 1| Lar doce lar

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     .⋆꙳✶・Evangeline・✶꙳⋆.

   O aeroporto estava um caos, como se todos os habitantes da Terra tivessem decidido viajar no mesmo dia. Vozes ecoavam de todos os lados, misturadas ao som das rodinhas das malas a deslizar freneticamente pelo chão, enquanto as pessoas corriam como se estivessem a competir numa maratona invisível. O aroma de café, na tentativa desesperada de manter todo mundo acordado, misturava-se com o cheiro doce de perfumes exóticos, criando uma experiência sensorial que só um aeroporto internacional poderia proporcionar. Se é que "experiência sensorial" é a melhor maneira de descrever isso.

  E lá estava eu, Evangeline, em pleno estado de torpor pós-viagem, com o corpo a dizer "só mais cinco minutinhos", quando uma voz doce, que eu reconheceria em qualquer canto do mundo, cortou o tumulto como uma faca afiada:

  — EVIE!

  A minha cabeça girou tão rápido na direção da voz que poderia ter causado um pequeno tornado. E lá estava ela, a estrela da minha vida, minha irmãzinha Olívia. Os seus cabelos levemente ruivos estavam a esvoaçar ao vento, e os seus olhos verdes brilhavam como se fossem feitos de esmeraldas. Ela era como uma versão mais nova de mim, cheia de energia e alegria. Um sorriso gigante espalhou-se pelo meu rosto antes que eu percebesse, e as minhas pernas dispararam sozinhas, levando-me até ela. Adeus cansaço, adeus preocupações!

  Quando os nossos braços entrelaçaram-se num abraço que parecia tentar compensar três anos de saudades, o meu coração ficou tão leve que quase achei que poderia flutuar. "Espera aí, mas eu estava cansada um segundo atrás, não é?" pensei, mas logo fui engolida pela felicidade do momento.

  — Liv!! Eu senti tanto, mas tanto a tua falta! Como estão a mamã e o papá? — perguntei, tentando não soar como uma bola de emoções prestes a explodir.

Olívia, com aquele jeito de quem sempre quer resolver tudo, deu uma piscadela meio preocupada:

  — Eles ficaram presos num problema na loja e mandaram-me vir sozinha. Estão super chateados por não poderem buscar-te depois de tanto tempo.

  — Ah, Liv, não te preocupes! Eu entendo. A loja é a vida deles. — Respondi, tentando afastar qualquer nuvem de preocupação que estivesse a pairar no ar. — Mas olha só pra ti! Crescida e ainda mais linda! — disse, apertando as suas bochechas como se fosse a minha missão torná-la ainda mais adorável.

  — E tu continuas a mesma, velhota — provocou ela, com aquele sorriso travesso que só ela sabe dar.

  — Velha?! Eu tenho 23 anos! Cinco anos de diferença, senhorita! — Fiz um bico que teria dado inveja a qualquer criança de cinco anos, mas logo explodimos em risadas.

  — Vamos, Evie, antes que as pessoas ao redor comecem a achar que somos malucas. O pai e a mãe devem estar preocupados com a demora — sugeriu Olívia, já movendo-se em direção ao estacionamento.

  — Nem me fales em demora! O meu avião atrasou uma hora inteira! Achei que nunca mais iria chegar, foi um desespero! — falei, fazendo a minha melhor cara de drama queen.

  Assim que entramos no carro, fiz uma prece silenciosa para que a viagem até casa fosse rápida. A ansiedade para ver os meus pais estava a deixar-me com uma espécie de formigamento interno. Era oficial: eu estava finalmente a voltar para casa, e nada mais no mundo tinha importância.

  Após o que pareceu uma eternidade (ok, talvez eu esteja a exagerar um pouco), chegamos. Já era noite, e quando entrei em casa, fui recebida com abraços tão calorosos que, por um momento, achei que ia derreter ali mesmo.

  — Finalmente, a minha Evie está de volta! — exclamou a minha mãe, com os olhos a brilhar mais que uma árvore de Natal. — Estou tão feliz por te ter de volta ao nosso lar.

  — Obrigada, mãe. — murmurei, tentando não chorar como um bebê, sentindo-me mais acolhida e amada do que jamais me senti.

  O meu pai, o homem mais gentil do mundo e com um sorriso que podia derreter até o gelo mais teimoso, não segurou as lágrimas ao me abraçar.

  Depois de tanto carinho e palavras doces, seguimos para o jantar. A comida tinha aquele sabor que só a comida da mamã consegue ter, e as histórias e risadas fluíram tão naturalmente que por um momento, esqueci-me que tinha passado os últimos anos longe.

  Mas, quando o cansaço da viagem finalmente deu as caras novamente, pedi licença e retirei-me para o meu quarto.

  Assim que entrei, fui envolvida por uma onda de nostalgia. O quarto estava exatamente como eu me lembrava, com todos os detalhes que faziam dele o meu santuário. Desfiz as malas no ritmo de uma tartaruga sonolenta, e, finalmente, deitei-me na cama, a olhar para a janela. O céu estava claro, estrelado, e uma paz indescritível tomou conta de mim.

  Fechei os olhos, pronta para mergulhar nos sonhos mais tranquilos que já tive. Estava em casa, e nada poderia estragar este momento.

  Ou pelo menos era isso que eu pensava, sem saber que uma notícia perturbadora estava prestes a bater na minha porta.

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Desculpem por qualquer erro, passa sempre algum despercebido.
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A Estrela do VilãoOnde histórias criam vida. Descubra agora