Capítulo 5| Secretária do Vilão?

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.⋆꙳✶・Evangeline・✶꙳⋆.

  É absolutamente fascinante como podes conhecer uma pessoa há apenas seis dias e já sentires como se fossem almas gémeas neuronais. Sério, é tipo aquelas amizades instantâneas que só acontecem em filmes, mas sem o slow-motion e a música dramática de fundo.

  A Madison entrou na minha vida de repente, e parecia que já sabíamos tudo uma sobre a outra. Bem, quase tudo...

A nossa amizade avançou a passos largos, a ponto de já nos considerarmos aquelas amigas que podes ligar às três da manhã só pra reclamar da pizza que veio com os ingredientes errados.

  Mas, às vezes, a Mad ficava meio... desligada. Sabem quando alguém está presente fisicamente, mas a cabeça está em outro planeta? Ela ficava com um olhar sombrio, como se estivesse a reviver alguma memória triste. Não sei quem ousou atormentar a minha xuxu, mas se eu descobrir, juro que dou uma bela lição nessa criatura!

  Teve momentos nestes últimos dias que até consegui esquecer todos os problemas da minha família (e consequentemente meus). Tipo magia. Mas, infelizmente, já passei da idade de acreditar na Fada Madrinha da Cinderela. E então, as preocupações voltavam.

  Fiz um monte de entrevistas e, honestamente, parecia que as empresas estavam a ignorar-me mais do que eu ignoro os alarmes de "acordar cedo". Será que demora tanto tempo assim para revisar um currículo e decidir se eu sou a contratada? Bem, de duas eu já recebi a resposta, mas foi só para informar que não iam contratar uma recém-formada sem experiência. Ah, claro! E eu vou ganhar experiência como, se ninguém dá-me a chance de começar? Calma, Evangeline, respira fundo e pensa em cãezinhos a correr num prado calmo e florido...

  Foi a voz da Madison que arrancou-me deste looping mental de cães fofinhos.

  – E aí, conseguiste alguma vaga? – perguntou ela, com um tom esperançoso que fez-me sentir quase culpada por estar tão pessimista. Quase.

  – Argh, nem me lembres disso! – soltei, exasperada. – Viemos ao parque no fim de semana pra fofocar sobre a vida alheia e relaxar. Não quero pensar em trabalho, só quero umas horas de paz.

  Ela olhou-me com uma mistura de pena e indignação que eu até apreciei, mas, sinceramente, não queria que ninguém sentisse pena de mim. E, como sempre, a Mad foi pura energia em defesa da minha honra:

  – Esses trogloditas! Uns são preguiçosos demais para pegar no telefone, e outros rejeitam as pessoas só porque não têm "experiência". Queres saber? Tu livraste-te, não ia ser feliz a trabalhar naquela empresa chata de qualquer forma. Cheia de esnobes, riquinhos amentes de dinheiro e desprovidos de senso comum.

  – Ah, Mad, ainda bem que te tenho a ti pra me confortares com esses discursos anti-corporação! – falei, fingindo limpar uma lágrima imaginária. – Mas tenho de continuar a tentar até encontrar uma empresa que me aceite.

  Ela ficou em silêncio por um momento, como se estivesse a decidir se ia contar-me algum grande segredo.

  – Então... – começou ela, meio hesitante. – Sabes que eu trabalho numa empresa de segurança, não é? A secretária do chefe foi demitida recentemente, e ele vai fazer entrevistas na segunda-feira. A tua área de formação serve perfeitamente, e tens notas excelentes. Se estiveres interessada, posso mandar-te o local e o horário. Ah, e posso falar bem de ti para o chefe. – concluiu num sussurro conspiratório, como se fôssemos duas espiãs numa missão secreta.

  Olá, esperança, minha velha amiga! É bom ver-te de novo!

  – Deuses, sim! Quanto mais entrevistas eu fizer, mais chances tenho de conseguir um emprego. E, claro, vou adorar trabalhar no mesmo lugar que tu! – respondi, já toda animada e a montar mentalmente uma nova história onde trabalho no mesmo local que a minha amiga.

  – Mas tenho que te avisar... – disse ela, com um olhar preocupado. – O chefe pode ser meio... intimidador. Mas, conhecendo-te como conheço, acho que ele é quem vai ficar incomodado com o teu bom humor. Alguém devia levá-lo a um show de comediantes, porque eu raramente vi aquele homem sorrir. Acho que ele é alérgico à alegria.

  Claro que caí na gargalhada.

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  Mas agora, neste exato momento, segunda-feira, ás 16:41h, à espera para ser entrevistada, não estava a rir...

...Na verdade, eu estava a sufocar com um gole mal dado de água, porque os meus nervos estão em alta para esta entrevista!Tão nervosa que nem sei se estou a conseguir esconder direito.

  Como a Mad prometeu, enviou-me todas as informações direitinho. E agora cá estou eu, no covil da fera.

  Parte do meu nervosismo talvez tenha vindo de uma mexerico que ouvi por acidente (ok, eu meio que estava a esconder-me atrás de uma planta para ouvir, mas quem liga para detalhes?). Ouvi duas funcionárias da empresa a comentar sobre como a última secretária foi demitida de forma pública e humilhante. O chefe organizou uma "reunião surpresa" e levou-a a acreditar que seria promovida, em vez de elogiá-la, ele mandou-a embora na frente de todos. Uau, que príncipe encantado! Mas vamos lá saber, não é? Talvez ela tenha feito algo realmente terrível... Ou não.

  – Evangeline Monroe! – quase dei um salto quando ouvi o meu nome a ser chamado. Agora é minha vez de brilhar... ou tropeçar e cair de cara no chão.
Deus, nunca te pedi nada (ok, é mentira), mas que tudo corra bem!

  Levantei-me, ajeitei as roupas e dirigi-me à sala que, honestamente, parecia a porta para o inferno particular do chefe.

  Assim que entrei, fui recebida por uma decoração em tons escuros e neutros, com um toque minimalista e caro. Um ambiente bem... frio. Mas, quem sou eu para julgar gostos.

  Foi então que ouvi alguém pigarrear, trazendo-me de volta à realidade. Finalmente, olhei para o homem sentado na grande cadeira de couro. E, meu Deus. Aquele era o chefe? Ok, se eu for contratada, vou passar os meus dias a admirar este espécime de homem. Ele era alto e musculoso, do jeito que faz uma camisa social preta parecer a peça mais sexy do planeta. O cabelo era negro como uma noite sem estrelas e os olhos de um cinza intenso que podiam muito bem ser feitos de puro gelo.

  Definitivamente, ele era lindo. E a aura... Ah, como descrever? Sério, frio, com uma vibe de "já passei por muita coisa e continuo de pé". Olhei para a placa na mesa dele, que parecia custar tanto quanto as jóias mais caras da loja dos meus pais, e lá estava: "CEO, Aleksander Ivanov". Um nome poderoso que combinava perfeitamente com ele.

  Será que está a sair baba da minha boca?

  Mas toda a admiração evaporou no momento em que ele abriu a boca.

  – Se a senhorita veio aqui apenas para ficar a olhar para mim, pode sair pelo mesmo caminho que entrou. – falou com uma voz firme e levemente rouca, que provavelmente faria sucesso em audiolivros de suspense. Ah, o que eu não daria para que ele sussurrasse o meu nome... Ok, para, Evangeline, ele acabou de ser um idiota contigo.

  – Não, senhor Ivanov, estava apenas a observar o ambiente ao meu redor. Desculpe se distraí-me. – respondi quando finalmente encontrei a minha voz.

  Ele analisou-me por alguns segundos, e a minha mão automaticamente empurrou um fio de cabelo rebelde para trás da orelha. Parecia que ele ia dizer algo, mas conteve-se e olhou para a cadeira à minha frente, num claro sinal de "sente-se". E, claro, eu obedeci.

  – Bem, vamos começar a sua entrevista. – ele disse assim que me acomodei.

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