Capítulo 9| Um abraço quase real

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.⋆꙳・Aleksander・꙳⋆.

Eu podia sentir todo o peso do seu corpo sobre mim, e, contra a minha vontade, o meu corpo (o traidor) deleitou-se com a sensação de tê-la nos meus braços.

Por mais que tenha sido um acidente — um acidente muito conveniente, se me permitem acrescentar — não pude evitar apreciar a sensação de tê-la nos meus braços, o que era perturbadoramente agradável. A fragrância doce de framboesa da Evangeline parecia estar ainda mais intensa, preenchendo o ar ao nosso redor.

Ela olhou para mim, e por um momento fiquei completamente hipnotizado. O rosto dela estava tão perto que consegui notar detalhes que nunca tinha percebido antes. Pequenas sardas, quase imperceptíveis, adornavam parte das suas bochechas e nariz como constelações secretas.

A Evangeline, a corar como um tomate maduro por ter caído em cima de mim, parecia a personificação do embaraço, e eu? Bem, eu achei isto tudo hilário, é claro.

Foi a Madison que, entre risadinhas, teve que ajudá-la a levantar-se, já que a Evangeline parecia ter se transformado numa estátua, ou talvez numa lesma, incapaz de mover-se por conta própria.

E então, o frio voltou.

— Sua cabrita! — ouvi-a sussurrar para a minha irmã enquanto eu recompunha-me.

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Nós os três estávamos agora sentados na sala de estar principal. Eu e a Madison num sofá, enquanto a Evangeline esparramava-se no outro á nossa frente, enfrentando as explicações da minha irmã com uma atenção de dar inveja a qualquer estudante modelo.

— Evie, antes de mais nada, eu sinto muito. — começou a Mad, com a voz carregada de um pesar genuíno — Sei que devia ter contado antes, e não prolongar este segredo. Tu confiaste tantas coisas para mim, e eu deixei-te no escuro. A verdade é que... — ela fez uma pausa, e o seu tom mudou para algo mais apreensivo — já fui enganada e traída muitas vezes antes. E, honestamente, ainda sou uma pessoa que confia fácil nas pessoas.

A Evangeline ouvia tudo atentamente, mas o seu rosto era um mistério impenetrável. A Madison, no entanto, continuou:

— Só queria uma amizade verdadeira, onde não importasse o prestígio da minha família ou o quanto eu tenho na conta bancária. Não tens ideia de quantas vezes o Alek teve que alertar-me. Claro que eu sei que não és assim, Evie. És a melhor amiga que alguém poderia desejar. Trouxeste luz aos meus dias depois de uma grande tempestade. — fez uma pausa, esfregando os olhos para evitar as lágrimas — Finalmente, depois destes meses, eu senti-me pronta para mostrar-te quem eu sou realmente, a minha família, e de onde venho. Não aconteceu como eu planejava... mas pelo menos agora sabes. Eu, Madison Ivanov, peço sinceramente pelo teu perdão.

Enquanto a Mad lutava contra as lágrimas, olhei para a Evangeline e, para a minha surpresa, ela não fazia o menor esforço para conter as suas. Elas deslizavam pelo seu rosto com uma velocidade alarmante, e o seu nariz estava adoravelmente corado. Espera, eu, a achar algo adorável? Permiti-me observá-la por mais alguns segundos... Sim, ela era bela até quando chorava.

Uma vontade súbita de abraçá-la e confortá-la tentou apoderar-se de mim, mas eu controlei-me. Malditos instintos.

Foi então que ela levantou-se de repente e correu na minha direção, com os braços abertos. E os meus estavam prontos para recebê-la.

Por um breve momento, achei que ela queria, e ia, realmente abraçar-me — o que, claro, deixou-me num estado de pânico controlado. Mas não, eu devia estar a delirar, porque quando voltei a mim, ela estava abraçada à Madison, praticamente em cima dela no sofá.
Baixei os meus braços levemente erguidos.

Ok, isto foi constrangedor...

Depois do mar de drama e das promessas feitas entre as duas de jamais esconderem coisas importantes uma da outra, a Evangeline finalmente pareceu lembrar da minha existência.

Agora ela estava sentada entre mim e a Mad, a tentar, desesperadamente, subornar-me para perdoá-la pelo incidente no corredor.

— Já te desculpaste três vezes, Monroe. E nas três vezes eu disse que estava tudo bem.

— Então... não me vai castigar no trabalho? Ou atribuir-me tarefas ridículas? Ou... espalhar boatos sobre mim? — perguntou, com a voz tingida de receio genuíno.

— Céus, Monroe, não vou fazer nada disso. Além disso, não estamos no escritório ou horário de trabalho, então tecnicamente eu não posso culpá-la nem puni-la pelo acidente. — falei, tentando soar razoável.— Espera, é isso que todos pensam de mim? Que sou um chefe vilão? — Ok... Claro que é isso que pensam. Afinal, é exatamente o que eu sou.

— Bem... sim, é o que todos pensam. — ela soltou sem pensar, e a Mad soltou uma risadinha de quem não ia ajudar.

Tentando disfarçar, a Evangeline rapidamente disse:

— Então... fora do escritório, posso chamá-lo de Aleksander? Só para sentir-me mais à vontade, sabe? Ficar a chamar-lhe de Sr. Ivanov o tempo todo é exaustivo. E esse profissionalismo lembra-me do trabalho... — ela terminou com o mini beicinho.

Fiquei surpreso com a pergunta, mas, ao mesmo tempo, algo em mim vibrou quando ela pronunciou o meu nome. Arrepios... Mas de um tipo diferente.

— Parece que vamos ser obrigados a conviver fora do trabalho. — falei, desviando o olhar para a Madison, que parecia mais esperançosa do que deveria. — Então sim, Monroe, podes chamar-me pelo primeiro nome. Porém no escritório, exijo profissionalismo.

Quem eu queria enganar? É claro que eu desejava que ela se sentisse confortável perto de mim. Algo que nunca desejei para ninguém, jamais.

— Ótimo! Então, Aleksander, sente-te à vontade para chamar-me de Evangeline, ou até Evie. — ela disse com um sorriso tão grande e caloroso que quase a confundi com um anjo ou fada. Quase.

Eu não consegui responder, não enquanto ela olhava-me fixamente com aqueles olhos... e que olhos. Quase perdi-me naquele olhar alegre e gentil. Mas então, lembrei-me dos meus pensamentos mais frequentes: ela não estaria segura comigo.

Não com o meu pai por aí, não com todos os inimigos que, inevitavelmente, adquiri ao longo dos anos.

Foi a Mad que falou primeiro, pondo fim ao silêncio constrangedor.

— Já que todos nos resolvemos, vamos conviver bem! Somos todos amigos agora, certo? — ela perguntou, desconfiada, a olhar para mim.

— Sim. — eu e Monroe falamos ao mesmo tempo, mas enquanto a voz dela soava animada, a minha parecia mais... aborrecida.

— Então... um cinema em casa einh? — a Evangeline sugeriu, cheia de esperança, e ela e a Mad trocaram olhares cúmplices.

Lá se vai o meu sossego...



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Não fiquei muito satisfeita com este capítulo, mas espero que vocês tenham gostado.
Desculpem se deixei passar algum erro despercebido.
Votem e comentem, não sejam leitores fantasmas 👻

A Estrela do VilãoOnde histórias criam vida. Descubra agora