Capítulo 14: Luz na escuridão

57 6 2
                                    



.⋆꙳・Aleksander・꙳⋆.

Estava a caminho da cozinha, para beber um copo de água antes de voltar ao trabalho no meu quarto, quando a avistei.

A Monroe, com a sua aura vibrante e contagiante, estava na pequena varanda do corredor dos quartos. Pelo silêncio envolvente e a hora avançada, era seguro presumir que a Mad já estava entregue ao mundo dos sonhos. Mas a Evangeline, sempre uma alma inquieta, permanecia acordada, encostada ao muro da varanda e a olhar para o céu estrelado, totalmente alheia à minha presença.

Eu deveria ter seguido em frente, mas algo prendeu-me. Algo nela, naquele momento, fez-me parar e simplesmente observar. Ela usava um pijama de cetim, um conjunto de calções e uma camisola, ambos decorados com pequenas estrelas bordadas. O pijama  não era muito provocante, mas vê-la assim mexia comigo de uma forma que eu mal podia controlar.

Finalmente, ela pareceu sentir a minha presença, voltando-se para encarar-me com um sorriso suave que desarmou-me por completo. Sem resistir, caminhei até ela, parando à sua beira, com um sorriso a surgir nos meus lábios antes que pudesse conter-me.

— As estrelas são verdadeiramente deslumbrantes, não concorda? — ela disse, pondo fim ao silêncio com aquela voz melodiosa que sempre parecia carregar uma pitada de alegria. — Elas encantam-me. São capazes de iluminar até as noites mais escuras.

Concordei com um aceno de cabeça, mas, enquanto ela voltava a contemplar o céu, os meus olhos continuavam fixos nela.

— Soube que aquele homem foi demitido e proibido de participar em qualquer tipo de evento ou festa para sempre. — a Evie voltou a falar, a voz tranquila, mas carregada de um subentendido que eu conhecia bem. — Ouvi dizer que ele também acabou no hospital, gravemente ferido. Não precisavas ter sido tão... drástico. Mas obrigada, Aleksander.

— Não me agradeças por isso, estrelinha — respondi, com um tom que soava quase sério demais. — Ainda sinto o sangue dele nas minhas mãos. Deverias ter medo e receio de estar perto de mim.

Mas a Evie, sendo quem era, ignorou qualquer sombra de perigo. Ela simplesmente segurou as minhas mãos, sem importar-se com as marcas que a vida deixou nelas, as cicatrizes que obti ao longo dos anos, ou o sangue que nelas já esteve.

— Sei que fez isso para proteger o meu orgulho, para vingar-se por mim. — disse ela, o calor na sua voz fazendo o meu coração bater mais rápido. — E não importa o que aconteça com ele, ou outros como ele, eu nunca vou gostar menos de ti por isso.

Então, de repente, ela envolveu-me num abraço, como se estivesse a tentar, por aquele gesto, garantir que eu entendesse o quanto ela estava a falar a sério. Sob o manto das estrelas, senti-me vulnerável como nunca antes.

E foi então, neste instante, que eu cheguei a uma conclusão espontânea, tão completamente trágica que a minha mente tentou rejeitar as palavras. Mas elas estavam ali, tão claramente que era quase cómico.

Estou apaixonado por ela.

De todas as decisões questionáveis e atos imprudentes que cometi na minha vida, apaixonar-me pela Evangeline era, sem dúvida, o mais terrível e, ao mesmo tempo, o mais inevitável.

Mas amo-a. Não é uma constatação nova, não de verdade. Eu já sabia, não sabia?
Sabia desde o momento em que ela literalmente caiu em cima mim na primeira vez que veio aqui a casa. Ou quando, num dia exaustivo de trabalho, ela cobriu-me com um cobertor enquanto eu dormia no sofá, achando que não percebi. Ou quando ela entrou no meu escritório com um carrinho cheio de comida, decidida a colorir o meu escritório cinza com a sua alegria contagiante.

Era como se uma corda invisível estivesse a ligar-nos, enredando-se cada vez mais em torno do meu coração, permitindo que ela puxe e afrouxe como quiser.

Evangeline Flory Monroe estava entrelaçada em cada parte de mim; no piscar dos meus olhos, no sorriso que eu raramente mostrava ao mundo, na risada enferrujada que ela, de alguma forma, conseguia arrancar de mim...

Desde o primeiro instante, vi-a como o sol: brilhante, intocável. Mas agora percebi o quão errado estava. Ela não era apenas luz, era todas as cores, dançando de maneira vibrante e sobrenatural diante dos meus olhos indignos. Um arco-íris que não surgia após a tempestade, mas no meio dela, trazendo vida e calor onde antes só haviam sombras.

Ela era tudo o que eu jamais mereceria, mas sempre desejei.

Eu estava irremediavelmente arruinado.

Mas, apesar de tudo, amava-a.

E talvez, apenas talvez, ela sentisse o mesmo. Havia algo na forma como ela reagia, na maneira como olhava para mim... Mas eu não podia encorajar isso. Não podia, em sã consciência, deixá-la acreditar que havia algum futuro para nós os dois. Pelo menos, não juntos.

O meu futuro estava traçado em linhas sombrias, provavelmente terminando dois metros abaixo da terra, assassinado ou vítima das próprias escolhas que fiz como chefe de segurança. E eu jamais a arrastaria comigo.

Por agora, no entanto, permiti-me, apenas por um momento, inclinar a cabeça e repousar no espaço delicado entre o seu ombro e o pescoço. Fiz uma promessa silenciosa... uma que nunca lhe revelaria.

Não porque eu não quisesse finalmente ser feliz ao seu lado. Era tudo o que eu mais queria. Mas a ideia de perdê-la, de vê-la sofrer, era insuportável.

Qualquer um que se envolva comigo acaba ferido de alguma forma, caindo nas garras de inimigos que colecionei ao longo da vida. Para protegê-la, tenho que aceitar o fato de que a Evie é apenas a minha secretária e a melhor amiga da Madison.

Mesmo que isso me destrua por dentro.






──── ・ 。゚☆: *.☽ .* :☆゚. ────

Confesso que fiquei emocionada ao escrever este capítulo 🥲

Desculpem se deixei passar algum erro despercebido.
Votem e comentem, não sejam leitores fantasmas 👻

A Estrela do VilãoOnde histórias criam vida. Descubra agora