Capítulo 10| Cinderela a caminho do Castelo do Massacre

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.⋆꙳✶・Evangeline・✶꙳⋆.

Eu estava a sentir-me exatamente como a Cinderela depois do "Bibidi Bobidi Boo", só que, ao invés de uma fada madrinha, eu tinha duas: a Liv e a Mad, as minhas heroínas particulares na missão "transformar a Evangeline Monroe em algo digno de um conto de fadas". E, sinceramente, eu não poderia estar mais grata pelas horas que gastaram comigo.

Nos últimos três dias, eu fui uma bola de nervos ambulante. Tudo culpa do Sr. Ivanov, que, com a sua usual delicadeza, informou-me de última hora que eu seria a sua acompanhante num evento beneficente super importante para a empresa, já que estariam presentes alguns investidores. Três dias! Não podia ter me avisado com mais antecedência? Tipo, uma semana, um mês, ou quem sabe, uma vida?

Faz exatamente duas semanas desde que descobri que ele e a Madison são irmãos. Acreditem se quiserem, a nossa dinâmica não mudou muito. Ok, talvez um pouco. Temo-nos trombado um no outro com mais frequência - e não só no trabalho.

Acho que agora estamos mais próximos, especialmente depois que estabelecemos a sagrada rotina dos lanches juntos. Tudo começou quando eu descobri que o Sr. Ivanov tem um desejo secreto por café gelado de pêssego. Agora, sempre que o trago às escondidas, ele parece esquecer o mundo por alguns minutos. E então, entre um gole e outro, lá começo eu, a falar durante minutos sobre mim, sobre coisas parvas ou alguma notícia curiosa que li por aí. E, para a minha surpresa, ele ouve atentamente. Como se realmente estivesse interessado.

Então por que, pelo amor de tudo que é mais sagrado, ele não avisou-me antes sobre o evento? Bem, pelo menos consegui preparar tudo a tempo. Obrigada, universo!

Depois de uma maratona de compras durante uma tarde inteira, encontrei o vestido perfeito. Foi amor à primeira vista. É longo e deslumbrante cheio de pequenos detalhes, com um busto em forma de coração e mangas bufantes caídas, super delicadas, deixando á vista os meus ombros. Mas o que realmente conquistou-me foi a cor. De longe, parecia branco, mas quando a luz batia, revelava um tule verde-esmeralda quase invisível, uma magia bem ao estilo "sou especial e tu nem sabias".

Os acessórios eram de tirar o fôlego. Todos da Monshine, a joalheria dos meus pais. Os brincos pareciam uma cascata de pequenas estrelas e flores, o colar que fazia-lhe conjunto, e os anéis e as pulseiras eram igualmente encantadores. Eu mesma desenhei estes modelos há três anos, antes de ir para a faculdade. Nunca pensei que a minha mãe transformaria-os em realidade, mas aqui estão eles, a brilhar e a deixar-me sentir como a designer mais sortuda do mundo. E os sapatos? Por insistência da Mad, estes foram um presente dela - lindos saltos brancos com detalhes que pareciam saídos de um conto de fadas.

Mas, mesmo com todo este glamour, o que mais se destacava era o meu cabelo e os meus olhos. Metade do meu ruivo estava solto em cachos que desciam pelas costas, enquanto a outra metade estava presa num coque adornado por tranças. A maquiagem leve complementava o vestido, e parecia que os meus olhos verdes estavam ainda mais brilhantes. Eu sentia-me... bem, como uma versão mais glamourosa de mim mesma. E estava a adorar cada segundo disto.

— Muito obrigada, meninas, sem vocês eu estaria perdida! — disse, cheia de gratidão e com um sorriso que quase não cabia no meu rosto.

— Que nada, foi um prazer ajudar. — respondeu a Mad, a sorrir. — Além disso, eu diverti-me horrores e ainda comi o lanche divino da tua mãe. O teu futuro marido vai ter muita sorte com a sogra que tem. — piscou para mim de um jeito travesso.

A Madison ganhou esta mania estranha de insinuar que eu e o irmão dela temos uma química secreta, que nos completamos, essas coisas. Eu costumava rir dessas ideias malucas, mas confesso que, de uns tempos para cá, esses comentários ficaram a ecoar na minha cabeça. Às vezes, quando estou com o Sr. Ivanov, fico a pensar no que ela disse e começo a imaginar nós dois como um casal. E... bem, não vou mentir, gosto do que vejo. Mas sempre acabo por ser pega por ele no meio desse devaneio, e então, faz-me querer esconder debaixo de qualquer coisa.

Fui tirada dos meus pensamentos pela voz da Liv:

— Claro que estarias perdida. Provavelmente colocarias a cabeça no lugar das mangas ou tropeçarias antes mesmo de vestir o vestido. — ela provocou, como sempre.

— Se tu não fosses minha irmã, já terias sido arremessada pela janela, Olívia. — respondi, a rir. A Liv sabia que eu nunca faria isso, então apenas gargalhou.

A nossa relação é assim, uma mistura de Tom e Jerry com um toque de carinho e amor. Coisa de irmãos, não é?

— Prepara-te para a sessão de fotos que a mamã vai fazer. É melhor descer agora, ou vai durar uma hora e vais atrasar-te. — alertou a Liv.

— Tens razão. — e com isso, comecei a descer, a  preparar-me mentalmente para a tempestade de flashes e comentários que viriam.

Acabei por tirar fotos em todos os cantos da casa, com todos os ângulos possíveis. A Madison estava a divertir-se com a confusão de risos, não estava acostumada com este tipo de agitação.

Dim-dum.

Finalmente, a campainha! A minha salvação!

Corri para a porta como se estivesse a fugir de um sequestro, e quando abri, mal pude acreditar no que vi.

Como o Sr. Ivanov conseguia ficar tão incrivelmente irresistível num terno preto? Mas este, em especial, tinha detalhes bordados em prata nas mangas e na fileira dos botões. Feito sob medida, claro. Ele estava simplesmente... perfeito.

E eu não fui a única a ficar em transe. Ele olhou-me como se estivesse a ver algo que não conseguia decifrar. Os seus olhos tinham um brilho estranho e o seu rosto estava ainda mais enigmático do que o normal.

Então, depois de uma eternidade, ele finalmente falou:

— Boa noite, Monroe. Tu estás... — uma pausa — ...decente.

Decente? Sério? Era só isso que ele tinha a dizer?

— O Sr. também não está nada mal. — respondi, tentando disfarçar a irritação na minha voz.

Ele então ofereceu-me o braço, como se nada tivesse acontecido, e lá fui eu, acompanhada até ao carro chique que nos levaria ao evento. Mas, assim que toquei nele, senti-o enrijecer, e pensei no quanto a Madison parecia estar errada sobre o interesse dele por mim.

Olhei para ele, e apesar de tentar esconder, reparei que as suas orelhas estavam levemente rosadas. Estreitei os olhos, intrigada.

Mas então virei-me para despedir-me da minha família e da Mad, respondendo às suas despedidas e desejos de boa sorte.

Só que, assim que entrei no carro, a sorte pareceu fugir de mim. Os nervos voltaram com força total. Eu sabia que o Sr. Ivanov precisava que a sua secretária e assistente fizesse um bom trabalho. E, como se trabalhar num sábado à noite não fosse o suficiente, estes eventos sempre pareciam uma batalha social entre ricos esnobes que acham que o mundo gira ao redor deles.

E então, a carruagem de abóbora começou a mover-se em direção ao castelo. Será que a Cinderela também estava assim tão nervosa?





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A Estrela do VilãoOnde histórias criam vida. Descubra agora