Capítulo 36- Flashback

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Em um canto mais calmo e sombrio da Mansão Black, Regulus sentava-se sozinho, permitindo que suas memórias o levassem para longe dos sombrios deveres que agora pesavam sobre seus ombros. Seus pensamentos derivaram para um dia mais simples, um momento de pura espontaneidade e felicidade que compartilhara com Lívia.

Flashback 

Era um dia chuvoso de outono. As folhas das árvores tinham cores vivas de laranja e vermelho, mas a maior parte delas já repousava no chão encharcado, formando um tapete colorido. Regulus e Lívia tinham se aventurado para fora, apesar do clima, decididos a aproveitar uma tarde livre dos olhares vigilantes de Hogwarts.

Eles caminhavam sob um guarda-chuva compartilhado, rindo das poças que inevitavelmente os deixavam molhados até os ossos. A conversa girava em torno de livros e sonhos, de um futuro que ambos desejavam longe das sombras que começavam a cobrir o mundo mágico.

- Você já pensou em como seria a vida sem todo esse conflito?- Lívia perguntou, sua voz mal audível sobre o som da chuva batendo no tecido do guarda-chuva.

- Às vezes. Mas então eu me lembro que é real e que precisamos enfrentar isso, não apenas sonhar.- Regulus deu de ombros, um sorriso triste tingindo suas feições normalmente reservadas.

- E se, por um momento, esquecermos tudo isso? Se apenas... vivermos?- Lívia parou, puxando Regulus para fora do caminho de uma poça particularmente grande.

Antes que Regulus pudesse responder, Lívia o puxou para fora do abrigo do guarda-chuva, deixando a chuva encharcá-los. Eles riram, a liberdade do momento os envolvendo. A chuva misturava-se com os sorrisos, e os olhos de Lívia brilhavam com uma luz que Regulus nunca tinha visto antes.

Talvez fosse a adrenalina do momento, ou talvez a verdadeira conexão que sentiam um pelo outro, mas Regulus encontrou-se incapaz de resistir àquele olhar. Ele se inclinou, suas mãos tremendo ligeiramente enquanto tocavam o rosto dela, e a beijou. Foi um beijo suave, quase hesitante no início, mas rapidamente se aprofundou, movido pela emoção bruta e genuína.

Quando finalmente se separaram, ambos estavam sem fôlego, os rostos molhados não apenas pela chuva, mas pelas lágrimas misturadas de alegria e algo mais profundo.

Esse beijo permaneceu na memória de Regulus, um farol de luz e calor em tempos cada vez mais sombrios. Era um lembrete de que, apesar de tudo, havia momentos de pura beleza e conexão humana, e esses momentos valiam a pena lutar.

Regulus foi abruptamente retirado de suas doces memórias pelo som estridente das vozes de seus pais. Ele levantou-se, enfrentando o olhar fulminante de sua mãe, que mal conseguia conter a fúria em seu tom enquanto falava.

- Você tem noção do perigo que colocou sobre esta família, Regulus?- Walburga Black exclamava, cada palavra tingida com desdém e raiva. -O Lorde das Trevas foi generoso em perdoá-lo desta vez, mas não pense que haverá outra oportunidade!

- Você é um Black. Não esqueça o nosso lema, a nossa linhagem. Deveríamos estar na vanguarda desta guerra, não ajudando traidores e sangue-ruins a escapar.- Orion Black, o patriarca, estava atrás dela, sua expressão dura e impiedosa.

Regulus sentiu um nó em sua garganta, a dissonância entre o amor que sentira por Lívia naquela memória e o dever para com sua família o sufocando. Ele engoliu em seco, olhando fixamente para seus pais. 

- Eu fiz o que achei correto no momento.- ele disse com uma voz firme, apesar da incerteza que sentia por dentro. -Não posso virar as costas para aqueles que... que considero meus amigos.

- Não confunda lealdade com fraqueza, Regulus. Você tem responsabilidades maiores do que seus sentimentos juvenis. Espero que entenda isso antes que seja tarde demais.- Walburga deu um passo à frente, sua mão levantada como se quisesse repreendê-lo fisicamente, mas parou, seu olhar penetrante fixo no filho.

Com essas palavras finais, seus pais deixaram Regulus sozinho com seus pensamentos conflituosos. A memória do beijo, embora doce, agora era um lembrete do abismo cada vez maior entre ele e o mundo ao qual ele, por nascimento, pertencia.

***

Quando Lívia chegou à sala de Dumbledore, o diretor estava atrás de sua escrivaninha, cercado por pilhas de livros e pergaminhos, uma expressão pensativa no rosto. Ele a cumprimentou com um aceno gentil e um sorriso caloroso que sempre parecia saber mais do que dizia.

- Lívia, minha querida, estou feliz que você veio!-  Dumbledore começou, indicando para ela se sentar em uma das cadeiras confortáveis em frente à sua mesa. - Recebi sua carta e imagino que temos muito o que discutir.

- Professor, há coisas que eu acho que você já sabe, mas preciso confirmar... e outras que talvez você não saiba.- Lívia assentiu, tomando um momento para organizar seus pensamentos. 

Dumbledore manteve seu semblante calmo, mesmo diante da preocupação expressa por Lívia. -Sim, já suspeitava de sua origem no tempo, mas a informação nas mãos de Bartolomeu e, consequentemente, do Lorde Voldemort, complica significativamente nossa situação.-  ele admitiu com seriedade. - Agora, mais do que nunca, precisamos ser cautelosos e deliberados em nossas ações. Você fez bem em vir falar comigo.

- O que devemos fazer agora, professor? Estou pronta para ajudar no que for necessário para proteger todos.- Lívia respirou fundo, sentindo a gravidade da situação, mas também aliviada por compartilhar seu fardo com Dumbledore.

- Primeiro, devemos garantir sua segurança e a de todos aqueles próximos a você. Faremos ajustes nas proteções ao redor da escola e, especialmente, nas casas de todos os envolvidos.- Dumbledore assentiu, seus olhos azuis brilhando com uma mistura de determinação e preocupação.

- Em segundo lugar...-continuou.-  A Ordem da Fênix deve estar totalmente informada e preparada para se mobilizar. Vou organizar uma reunião o mais rapidamente possível. A colaboração e unidade de todos os membros será crucial nos próximos dias.- Dumbledore acenou positivamente com a cabeça.

Ele então puxou uma pequena agenda de seu bolso e começou a marcar uma data. "Considerando a urgência, a reunião deve ocorrer nos próximos dias. Usaremos a sala habitual para garantir privacidade e segurança."

- Professor, eu... Eu sinto muito por trazer todo esse perigo.- Lívia sentiu uma pontada de responsabilidade ao pensar nos riscos que todos estavam correndo por causa de sua presença ali.

- Lívia, você não escolheu as circunstâncias de sua chegada, e os riscos seriam altos com ou sem sua presença. Além disso, você traz consigo conhecimentos e experiências valiosas que podem ser decisivos na luta que temos à frente. Sua chegada pode muito bem ser um fator que nos ajudará a triunfar.- Dumbledore levantou a mão em um gesto tranquilizador.

- Obrigada, professor. Farei o meu melhor.- Reconfortada, mas ainda ponderada, Lívia assentiu.

- Eu sei que sim. -disse Dumbledore com um sorriso. - Agora, vá descansar um pouco. Teremos muito trabalho em breve, e precisaremos de você em sua melhor forma.

Com essas palavras, Lívia se levantou, sentindo o peso do mundo sobre seus ombros, mas também a força dos que estavam ao seu lado. A luta seria difícil, mas ela não estava sozinha.







Juro Solenemente Volta Para CasaOnde histórias criam vida. Descubra agora