0.17 | Teimosia

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Música: Somewhere Only we Know — Keane.

Sentimentos são como combustíveis, a as pessoas são o fósforo prestes a atiça-los.

O problema é quando invés delas trazerem a brasa da adrenalina, elas nos queimam por completo. Nos fazem sentir numa intensidade avassaladora para depois, permanecerem só as cinzas.

Cinzas que com o passar do tempo só vão se dissipando, deixando somente o cheiro forte daquele combustível. Ou, mais facilmente, a saudade.

Ninguém está pronto pra conhecer a pessoa de sua vida de uma forma tão intensa, tão proibida, tão desprecavida. E pior, ninguém está pronto para perdê-la.

Eu já mencionei aqui uma vez, somos um só. Lidar com nossos próprios sentimentos, dúvidas e certezas já é algo incontrolável, irredutível, mas termos que saber como lidar da melhor forma com os de outra pessoa, se torna um trabalho desafiador.

Voltando ao início, Wilson e Farmiga não identificavam se ainda havia chamas, cinzas ou se até elas haviam sumido.

Haveria salvação?
Haveria perdão?
Haveria uma terceira chance?

(...)

— Vocês entenderam? — perguntou o diretor, enquanto Vera e Patrick estavam sentados em sofás diferentes. Wilson ouvindo atentamente, enquanto Farmiga se encontrava em outra realidade — Vera!

A mulher se asssuta, dando um leve pulinho no sofá o encarando em dúvida.

— Perdão, James. Eu.. — balançou a cabeça, como se espantasse os pensamentos — Desculpa, pode continuar.

— Quer que eu repita? — ofereceu.

— Não, não. Vai atrasar os outros. Eu dou conta, pode continuar — sorriu fraco.

James a encarou preocupado. Ela estava dez vezes pior que nas últimas gravações. Parecia cansada, desgastada.

Ele não era cego, Patrick estava igual, mas disfarçava mais, a diferença é que enquanto Vera estava mais recuada, o homem demonstrava certa raiva.

— Eu já acabei — ele suspira — Vera, me acompanhe — o diretor pede. Farmiga o encara em dúvida, Patrick curioso, mas agia com desdém.

A mulher levanta de supetão, sentindo uma tontura novamente, se segurando na mesinha ao lado, enquanto acariciava a têmpora esquerda.

Patrick notou, e ainda chegou a levantar um pouco de onde estava. Seus impulsos eram protegê-la, sempre.

— Ei, Vera — Wan se apressou, segurando nos braços da mulher, que ainda tinha a visão um pouco turva — Você está bem? Se senta, vem — a põe novamente no sofá, que recosta a cabeça no tecido macio — Patrick, trás um copo d'água.

Só então a mulher notou o homem, que encarava a cena ainda sentado. Atento, preocupado, o cenho franzido leve examinando cada expressão da mulher.

— Não precisa, James. De verdade. Foi só porque eu levantei rápido, eu tô bem. Só preciso ir comer algo.

— Vera.. — ele diz em repreensão.

— Eu tô bem — sorri fraco, levantando mais devagar — Vamos, não havia me chamado?

— Você vai comer primeiro.

— Mas..

— Nada de mais, agora. Vá! — diz autoritário, a mulher suspira, acentindo enquanto dá as costas para os homens, indo em direção a saída — Vai comer fora? Coma com a gente.

Ela encarou ele, logo o homem atrás de si. O mesmo olhar desde que ela havia chegado.

Ela entendeu. Ele não queria a presença dela. Wan seguiu o olhar, notando.

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