Unforgettable

0.01| Sentimentos

Convenhamos que manhãs não são muito contagiantes, e acordar ao doce som de um despertador no celular não é a coisa mais agradável do mundo.

Tinha tudo para ser mais um dia comum para a tão famosa rainha do grito, se não fosse, é claro, o início das gravações do quarto filme da famosa franquia de filmes baseada nos Warren's.

Vera ama esse papel, tem um enorme apego por ele, não só pela paixão em atuar, mas por tudo que essa personagem trouxe a sua vida. O maior reconhecimento, as palavras de carinho dos fãs, o diretor que tanto ama, a verdadeira Lorraine Warren, ou Mama Bear, como ela chama.
Mesmo depois de sua partida, ainda a sente sempre que está na pele dela, nas telas de cinema. E óbvio que não podia faltar, conheceu todo o elenco, mas principalmente ele. Seu melhor amigo, confidente, metade, parceiro.

Como distinguir um sentimento? O medo, receio, ansiedade e, até alegria. Como domar somente um deles?

As memórias do último encontro dos dois na premiere de 'The Conjunto: The Devil Made Me Do It' ainda assombrava a mulher sempre que via uma postagem dele ou fechava os olhos de oceano. Além das lembranças surgindo em uma flechada em seus sonhos.

"A sensação de trabalho concluído, a satisfação pelo agrado e ansiedade de todos que aguardavam a tanto tempo o terceiro filme da trilogia estava percorrendo as veias de Vera. A adrenalina, empolgação demasiada.

Vestida em seu belo vestido, Vera dançava com uma taça de dry martini ao lado do asiático diretor. Com suas risadas contagiantes, sorriso reluzindo, ela sente falta de alguém. Levando o olhar ao bar, encontra Patrick, a observando com um sorriso de leve. Sorriso que se alargou mais aos seus olhos se encontrarem.

— Ele está bem? — Wan questiona.

— Não sei, porque?

— Ele está quieto demais. Como não percebeu?

— Eu percebi, mas deve ser cansaço.

— Eu sei diferenciar quando ele está cansado e cabisbaixo.

— Vou falar com ele, espera — a morena diz, deixando a taça na bandeja de um garçom que passou ao seu lado.

Patrick viu ela se aproximando e seu coração acelerou, tentou evitar aproximação essa noite. Ela estava tão.. Linda.

— O que te deu? Está quieto até demais.

— Não é nada — ele sorri fraco, desviando o olhar para o copo de whisky a sua frente.

— Você mal me olhou nos olhos a noite toda. Vai me falar o que está acontecendo ou terei que te arrastar para descobrir?

— Já disse que não é nada — seu tom ainda era ameno, tentando passar uma tranquilidade e controle que definitivamente ele não estava tendo a anos.

— Ah é? Eu avisei! — ela disse e o puxa até uma sala, fechando a porta e o encarando brava.

Incrível que para o homem, sua feição de irritação era uma das mais belas que ela tinha. Se é que tinha uma que tinha o título de "mais", aquela mulher era surreal, parecia inumana, um anjo, em todos os sentidos da palavra.

Batendo o scarpin no chão, Vera acena com a cabeça incentivando ele a começar a falar.

Patrick estava em pânico. Eles estavam ali, tão perto, tão sozinhos, e ele estava guardando aquilo a tanto tempo, estava sufocado.

Teve esperanças, então reuniu coragem e se aproximou rápido, segurando os braços da mulher e tomando os lábios carnudos e rosados dela para si.