0.16 | Re-reencontros

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Música: Sign of the Times — Harry Stiles.

Já havia se passado dois meses.

Existe algumas teorias de que noites chuvosas tendem a ser mais tristes, melancólicas, como um espelho refletindo pensamentos e momentos.

Patrick e Vera poderiam confirmar essa teoria.

Claro, a última lembrança da chuva para os dois, havia sido irreal. Mas, puxada pro lado positivo.

Como as coisas podem mudar, não é?

Da mesma forma como certa noite Vera procurou Patrick questionando o afastamento, onde ouve exposições de sentimentos e dores expostas, e na outra estavam se amando; aquela noite de chuva, não era como a última.

Essa era tão, mas tão dolorosa, que parecia que as gotas que caíam do céu não eram tão fortes quanto as que caíam de seus olhos.

Os pesos das escolhas de Vera batiam tão forte quanto seu coração.

Patrick deu tudo que havia em si, a pois em primeiro lugar, a amou com a forma mais pura que seu ser já havia conhecido em seus cinquenta anos de vida.

Mas ela escolheu outro.

De novo.

Dói, não dói? Você já deve ter passado pelo mesmo. Todos passamos. A angústia avassaladora, a dor corroendo seu ser, as dúvidas. O sentimento de insuficiência que faz odiarmos nós mesmos. Céus, ser uma segunda opção. Sempre ter alguém a frente. Isso já dói. Mas quando você perde até isso, o que você se sente?

Patrick experimentou isso duas vezes. Da mesma pessoa. Pelas mesmas razões e pessoas. Porque não foi escolhido, de novo.
Porque ela não foi recíproca quando ele moveu mundos por ele.

E se fôssemos pessoas anônimas?

Ambos pensavam nisso.

O peso das decisões de Farmiga afundavam cada vez mais na agonia.

Estava cada vez mais próximo de revê-lo, e dessa vez ela sabia, ele não agiria como na última vez.

Não, não há chances.

Pior que palavras, são as ações de indiferença. Vera não aguentaria mais isso, já não aguentava sua escolha errada.

Sim, ela sabia que havia sido errada.
Sim, ela se arrependia.
Sim, esses meses só mostraram o que ela já sabia; não havia como resgatar aquele casamento.

E a última conversa com seus filhos, deixou as coisas ainda mais as claras sobre isso. Coisas que ela não enxergava.

"— Mãe, a senhora vai fazer aquele bolo pra janta? Por favorzinho, eu lavo até a louça que sujar! — Gytta falou, enquanto discutiam qual seria a refeição da noite.

— Então realmente gosta dele, você parece que tem medo de água — a mulher brinca.

— Até eu tô com a Gytta, mamãe. Aquele bolo é incrível, por favor! Ela lava e eu guardo a louça! — Fynn argumentou a favor.

— Tá, Tá! Me ajudem a fazer, ok? — diz ela, buscando o avental e rodeando na cintura e pescoço.

— Tabom! E o papai? — perguntou a mais nova — Não vai comer conosco?

— Quando ele tá em casa? — a mulher soltou sem pensar, e levantou o rosto para as crianças que deram de ombros — Desculpem.

— Mas a senhora não mentiu — Fynn afirmou — Ele tá saindo sempre, a senhora passa o dia sozinha, isso não lhe faz bem. Ele tá bem ausente, pra gente e pra senhora.

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