0.02 | Carona

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Outro dia.
O medo ainda estava ali.
A ansiedade ainda fazia estadia no coração de Vera.
O nervosismo era presente.

Hoje era oficialmente o início das gravações. No dia anterior, foi explicações, conversar sobre o roteiro e passar os scripts.

Foi como se nada tivesse acontecido, as piadas do homem ainda estavam lá. Algo que Vera e até o diretor estatnhou, pois sabia que os dois estavam estranhos. Ele notou. Também notou os sentimentos existentes ali, mas ficou feliz em saber que estava tudo bem. Ou, ele achava isso.

Vera abre os olhos ao som do despertador novamente, olhando para o seu lado da cama. Renn, pra variar, dormindo de costas para a mulher.

Para dificultar, as gravações não seriam ali. Era a horas de vôo. Horas de vôo com Patrick. Semanas em um hotel, o mesmo de Patrick.

Definitivamente, o homem não estava diferente. Tinha receio, a angústia e raiva ainda morava no seu peito, mas não podia ser imaturo e simplesmente ignora-la. Depois das gravações, pronto. Tchanram! Não precisaria mais vê-la. Poderia ter chances para esquece-la de vez. Oh.. Tolo que era..

Após suas higienes, vê uma mensagem do diretor a lembrando do horário. Sentia falta dessa preocupação excessiva, ele ficava uma pilha e ela e Patrick tinham mania de imita-lo e rir dele, parecia que teria um colapso nervoso a cada filme.
Patrick também receberá a mensagem. Diferente de Vera, ficou ainda mais angustiada em lembrar disso. Viu Dagmara na mesa enquanto tomavam café, parou para observa-la. Quando perdeu o amor por ela ao ponto de se apaixonar por uma de suas amigas? Se sentia um cafajeste por estar com ela amando outra. Por nos momentos íntimos imaginar outra ali. Um deles foi ontem, quase gemeu o nome de Vera, por sorte, James ligou mesmo na hora e ao ouvir a voz ofegante do ator brincou e gargalhou. Até lembrar de Vera. Digamos que o ator também era team parmiga. Não tinha nenhuma dúvida que o motivo de não estarem juntos, era por causa da atriz ucraniana. Ficava chateado, amava os dois e queria ambos felizes, e sabia que juntos trariam isso ao outro.

(...)

No seu carro, Vera dirigia pelas ruas surpreendente calmas, quase vazias. Ela morava em uma área mais afastada devido a fama, já se acostumou e adorava isso, por mais que tudo fosse mais longe.
Estava indo ao mercado pois queria deixar algumas coisas prontas para os filhos comerem. Bolo de chocolate e besteiras que ambos adoravam. Era uma forma dela se sentir menos culpada por deixá-los semanas, por mais que eles próprios dissessem que amava o trabalho dela e tinham orgulho. Coisa que nem seu marido fazia tanta questão de mencionar. Mas ele sim. Imediatamente Vera se reprime por comparar os dois.

Ao virar a esquina, sente o carro mais lento, até que ele não andava mais. Tenta passar marcha mas simplesmente não ia. Por sorte consegue estacionar em uma vaga próxima a uma loja aleatória, quase deserta. Desce do carro e chuta a roda, fazendo uma careta pela dor em seguida.

- Vamos, não faça isso comigo, por favor - a mulher choraminga, ainda batendo as mãos no carro como se quisesse castiga-lo - sua lata velha! - grita e chuta novamente, se arrependendo em seguida. De novo.

- Problemas no paraíso? - ela ouve uma voz familiar falando. Ergue o olhar e vê Patrick na janela de sua Mercedes, com o cotovelo apoiado ali.

- Oi! O que faz aqui?

- Bom.. Eu moro nesse país - ele ri e ela também.

- Você entendeu.

- Estava indo ao mercado.

- Bom, eu também ia.

- Deixe-me ver - ele diz e estaciona o carro, parando a sua frente. Não a abraçou, aquilo ainda era demais pra ele. Apenas deu um aperto de mão. Vera confusa concedeu. A última vez que fizeram isso foi quando se conhecerem. Aquilo doeu profundamente nela.

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