Unforgettable

0.22 | Esclarecimentos

Música: Dark Red - Steve Lacy.

Sabe aquela sensação quando temos um enorme problema para resolvermos, e ele já está a longo prazo?

A sensação de fardo nas costas, uma angústia avassaladora, o ânimo decaído?

Céus, a sensação que temos após ele ser resolvido se assemelha a provar nossa comida favorita pela primeira vez, um copo de água após um cansaço extremo, um abraço em meio a solidão, ou quando chegamos na melhor parte de um livro. Uma sensação de leveza, de alívio, de plenitude.

Vera se sentia exatamente assim após fechar a porta do quarto, logo quando Patrick roubou um terceiro beijo da mesma. A sensação de que poderia voltar a se sentir feliz, se sentir completa.

Caminhou ao banheiro, tomando um longo banho sem notar que tinha um sorriso no rosto que não se desmanchava por nada. Não enquanto lembrava dele. Sequer se tocou na pequena marca em seu braço, ou no medo que sentira mais cedo. Só lembrava dele. Lembrava dos beijos, do toque, da preocupação.

Ao se deitar na cama, se manteve bolando na mesma, sem conseguir pregar o olho. Talvez fosse ansiedade para revê-lo no outro dia.

Ora, quem ela queria enganar, não era um "talvez", era uma certeza.

Para quem se está apaixonado, o dia costuma se passar ou rápido demais, ou lento demais. Mas nunca é a mesma coisa. Mas sabe qual é o pior período pra quem tem tais sentimentos?

A madrugada.

Ela se é mais solitária. Para quem não se é correspondido, é um refúgio para derramar as lágrimas que se prende o dia todo. Para criar teorias a respeito de si mesmo, achando-se insuficiente. Para quem está iniciando algo, ela é lenta, fantasiosa, repleta de ideias para o que fazer no dia seguinte com aquela pessoa, a ansiedade. E a quem já tem seu amor ao seu lado nessas madrugadas, são os momentos favoritos para se aconchegar e descansar ao lado de quem ama, o refúgio.

Mas e Vera? Onde ela se encaixa ali?

Vamos lá, somos humanos. Sentimos. A madrugada foi longa, pois foi repleta dos "e se?", repleta dos medos. E nós mulheres tendemos a nos preocupar a mais com cada um desses pontos faltando nos i's.

Mesmo que a uma hora atrás a mulher estivesse faltando soltar fogos de artifício, ali deitada, pouco antes de precisar se levantar, só pensava nas más possibilidades.

E se ele fizesse no calor do momento?

E se foi por pena pelo o que me ocorreu antes?

E se foi pela bebida?

E se ele se arrependeu e me tratar pior amanhã?

E se ele quem queira desistir dessa vez?

E se aquele maldito olhar de indiferença ainda estivesse lá?

A noite foi longa.

[...]

Todos estavam se reunindo pro café da manhã no prédio. James faria uma manhã e tarde de lazer na piscina do hotel, chamando bem menos gente que a noite anterior.

Era a última festa pós estreia do filme, pelo menos por momento.

Patrick estava sentado conversando com o diretor com um copo de suco na mão, percorrendo os olhos ao redor da área.

— Ih, esse aí já se rendeu — provocou Wan rindo, recebendo um revirar de olhos do ator — Mas é sério, o que houve após você acompanhar ela ao quarto ontem? Vocês parecem um casal de coelhos, me surpreendi em ver vocês descendo separado. Ou só cansou ela mesmo?